Capítulo 52

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"Somos assombrados somente pelas coisas que nos recusamos a aceitar."

Dopamina. Endorfina.

Eu poderia listar os motivos pelos quais minha pele se arrepiava e as minhas mãos tremiam no dia seguinte.

No silêncio, eu ouvia os sons que ele emitia enquanto eu tinha a boca nele. Na parede eu via seus olhos.

Fingir que não entendi o que ele quase havia dito ocupava toda a minha concentração. Era difícil pensar em algo mais, porém eu tinha que tentar.

Calum foi quem me resgatou da cena da qual eu não conseguia me tirar. Nem Luke.

"Japa?" o moreno disse.

"Sim" o loiro respondeu, despertando do transe, enquanto eu ainda estava ajoelhada entre suas pernas.

A compreensão de tudo que tinha acabado de acontecer nos atingiu em cheio.

Hemmings ficou completamente sem jeito depois, assim como eu. Era como se ele fosse aquele cara tímido que me visitava no hospital.

O nosso acordo silencioso foi o de não tocar no assunto.

- Vou pro ensaio. Quer ir junto? - Calum perguntou meio hesitante enquanto pegava as chaves em cima do balcão da cozinha.

Ele sabia que algo estava errado.

Já era manhã, eu não tinha dormido nada.

- Vou ficar por aqui.

Eu estava sentada na sala com um pote de sorvete de chocolate.

- Ok.

O baixista saiu e eu fiquei no silêncio. Talvez devesse tentar dormir um pouco, afinal, estava que nem um zumbi.

Luke havia saído mais cedo para uma reunião com a Modest, sem a banda, afinal, o problema era mais dele do que de qualquer outra pessoa. Eu esperava ansiosa pra saber o que Rebecca queria em troca pelas imagens que possuía.

Tentei não me torturar muito com a dúvida, afinal, eu sabia o que ia acontecer comigo.Todos sabíamos. Eu ia encarar aquilo de frente.

Levantei pra colocar o resto do sorvete na geladeira. Até a fome eu estava perdendo.

Quando fui apoiar o pé do chão, uma dor fulminante atingiu a minha cabeça, pressionando a área atrás dos meus olhos e deixando a minha visão turva.

A próxima coisa que senti foi o chão duro castigando o meu ombro.

Então, eu vi.

Um veleiro num mar que eu não conhecia. A embarcação balançava leve sobre a água no fim de tarde. "Calm" estava escrito no casco.

A visão era de paz. Era maior que a lembrança do céu escuro e o mar revolto que levou a minha mãe.

Não haviam gritos, não havia chuva. Não havia nada. Apenas eu e um sentimento que me preenchia quase ao ponto de transbordar.

Visualizei o teto da sala enquanto sentia o dor no meu ombro crescer.

Estranho. Que merda foi essa?

Levantei e levei o pote de sorvete de volta pro congelador.

Depois de tomar um banho, liguei pro meu pai, conforme havia prometido. Ele me contou que John estava praticamente morando lá em casa e eu lamentei não lembrar como eles chegaram à esse ponto. Conversamos sobre os nossos novos vizinhos e como eles tinham uma filhinha fofa e desligamos a chamada alguns minutos depois. Aproveitei também para fazer uma chamada em grupo com Hannah, Sarah e Sam.

Lover of Mine | Luke HemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora