Lover of Mine | Luke Hemmings

Capítulo 54

Um acidente premeditado é uma execução.

Durante todo o tempo em que eu via o desenrolar, eu via o final.

Luke também. Ele sabia que íamos nos machucar: estávamos cientes e optamos por prosseguir.

Ele notou que algo tinha mudado na minha cabeça, mas não me confrontou quando eu me distanciei no veleiro, e menos ainda quando passei o resto da noite sem conseguir olhar pra ele. Meu plano era cruel pra todo mundo. Um mal necessário.

Hemmings estava me dando o espaço que eu precisava para que eu pudesse tomar as minhas próprias decisões e eu era grata por isso.

Analisei seu semblante mudar de confuso para triste e depois para resignado.

Havia muita coisa em jogo.

Senti seu olhar sobre mim o tempo todo. Ardia e queimava. Eu queria olhar, mas o medo de voltar atrás me impedia.

Eu tinha que ser forte. Muito forte.

Podia ver diante dos meus olhos, não uma, mas as duas vezes em que tomamos a mesma via em alta velocidade, indo de encontro um ao outro, nos aproximando do inevitável.

Colidimos antes e colidíamos novamente ali. Os sinais em neon gritavam anunciando o perigo à frente, mas estávamos loucos para chegar lá. Completamente entorpecidos.

Arrumei a mala durante a noite e me escondi no quarto durante todo o dia. Pra minha sorte, os meninos estavam ocupados com os preparativos do show, animados demais com o encerramento de uma era e o nascimento de outra.

Eu estaria pensando neles, no outro lado do mundo.

Ainda não sei como consegui ignorar todas as chamadas no meu telefone me apressando para ir ao show. Eles contavam com a minha presença, mas eu ia decepcioná-los.

"Jules, por favor!" Diziam as mensagens de Crystal.

Desculpa, amiga.

O meu vôo partia em menos de três horas e eu já tinha tudo preparado. Todas as minhas coisas na mala, e a correntinha na mão com o anel de Luke pendendo dela.

Parei na frente da porta do quarto dele e olhei pra dentro.

Eu iria embora assim sem deixar nada?

Entrei no quarto e fui até a prateleira onde puxei o diário de Luke e encontrei a minha foto.

Me inclinei sobre a cama e a deixei lá, junto com o anel dele.

Puxei o travesseiro de Luke e inalei seu perfume. Esperava poder reencontrar esse cheiro novamente nos meus sonhos. Uma noite qualquer na qual eu acordaria num susto e daria de cara com a dura realidade de um quarto há um mundo de distância dele.

Desci as escadas e bati a porta da frente sem olhar pra trás. O táxi já me esperava na porta e eu tratei de colocar as minhas malas pra dentro.

Já estava escuro enquanto seguíamos pelas ruas do centro da cidade e o show já tinha começado há alguns quilômetros de onde eu estava.

Meu peito acelerou e a ansiedade me revirava o estômago.

Aquilo não tava certo.

Droga.

- Moço, podemos fazer uma parada antes?

Minhas mãos tremiam mais do que nunca. Eu me condenaria por isso mais tarde.

Mordi meu lábio e bati a perna incontrolavelmente durante o desvio.

O táxi parou na porta da arena e eu senti minhas pernas fracas demais para dar um passo. Fiquei olhando para a entrada e ouvindo a voz de Calum ultrapassar os limites de concreto.