Capítulo 17

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Ele sustentava um sorriso, mas seus olhos tinham outra coisa. Estavam cravados nos meus, e eu conseguia ver que ele estava se sentindo mal.

Luke me cumprimentou com um abraço rápido, somente para manter as aparências, eu sabia.

- Então, como vai? - experimentei perguntar, enquanto o loiro parecia desconfortável.

- Estou bem, e você?

A casualidade daquela conversa era decepcionante. Éramos estranhos.

- Bem.

Quis sacudir ele e dizer para acordar: aquelas pessoas não éramos nós.

Éramos leves, despreocupados, cúmplices. Éramos uma rotina boba em casa, noites tranquilas de sono e olhares profundos de vez em quando. A massagem pairando entre a inocência e a malícia. Éramos bons nisso.

"Amor, a Lizzi está me chamando lá em cima."

Uma voz se aproximou por trás de Luke, enquanto ele se virava.

A cena toda se desenrolou em câmera lenta pra mim.

Sierra chegou, deu um beijo na bochecha dele, sorriu pra mim e cumprimentou a todos na roda.

Ela falou algo com Luke, algo que eu não tive cabeça pra assimilar. Ele assentiu e ela foi para as escadas enquanto eu a acompanhava com os olhos, sem reação.

Quando a perdi de vista, me voltei para Luke e ele me encarava com uma expressão que eu nunca conseguiria ler.

Era susto?
Culpa?
Medo?
Nervosismo?

Sam, Clara e Chris continuaram suas conversas animadas e eu pedi licença à eles, usando a minha melhor atuação.

Precisava sair daquele lugar onde aquilo tinha acabado de acontecer. Eu sabia que algum dia aconteceria, mas eu gostaria de estar preparada antes.

Disparei entre as pessoas que bebiam champagne até a escada secundária, do lado de fora da casa, que levava para uma varanda no segundo andar.

Cheguei lá em cima e vi que tinha sido a escolha certa. As árvores altas da propriedade faziam parecer que não tinha mais ninguém ali, se não fosse pela música e o falatório um pouco distante.

Encostei na grade, de costas para a vista parcial da piscina.

Precisava de ar.

Fechei os olhos e joguei o pescoço pra trás enquanto sentia a alça fina do meu vestido caindo pelo ombro, onde ainda estava bem seguro.

- Me desculpe.

Era ele.

Abri os olhos para encontrar ele ali. O loiro tinha os olhos ligeiramente vermelhos e a boca entreaberta, querendo dizer mais.

Não consegui evitar o pensamento de que mesmo com aquela expressão, e estando levemente bêbado, Luke poderia ser um deus. Era difícil tirar os olhos dele.

- Pare de dizer isso. - consegui responder.

- Eu te devo muitas desculpas.

Escutei os passos dele na minha direção e me preparei para as reações que o meu corpo tinha quando ele se aproximava.

- Não, não deve. Você não fez nada de errado. - isso era uma meia verdade.

Tudo o que tínhamos eram "quases" e metades.

- E também não fiz nada certo. - a voz dele era melancólica e tinha o timbre rasgado de quando ele bebia.

Voltei a fechar os olhos, e quando abri de novo ele estava tão perto que me deu vontade de deitar a cabeça em seu peito.

Lover of Mine | Luke HemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora