Capítulo 21

1.2K 83 146
                                    


Sim, eu estava sentindo.

O quê? Tudo. Ou quase tudo.

Aquele agradecimento que fiz a Hannah por abrir a janela era a minha última esperança.

Minha mente estava tão cansada que acabou desistindo de me fazer sentir culpada por tudo que eu devia saber que não tinha culpa. Eu era a pedra no meu caminho, como sempre. Minha autosabotagem era minha identidade.

Hannah voltou logo depois que eu deixei o banheiro. Ela me abraçou tão forte que eu precisei derramar algumas lágrimas no ombro dela. Minha amiga prometeu que nunca me deixaria. Eu sabia que a promessa era verdadeira e eu poderia respirar aliviada. Essa era uma das certezas que eu tinha na vida.

- Eu te amo muito - minha melhor amiga me abraçou mais forte ainda antes de me soltar.

- Eu também te amo. - retribuí sentindo a gratidão de sempre tê-la segurando a minha mão.

Não queria apressar as coisas, mas eu já estava há tanto tempo sem contato com o mundo exterior que decidi que iria passar na JH no dia seguinte. Eu precisava respirar o ar da minha vida.

Claro que eu ainda me sentia e aparentava frágil. Meu pai tentou me convencer a ficar em casa, mas apoiou a minha decisão no final.

- Se você tem certeza, eu confio em você. - ele me deu aquele olhar terno de confiança.

Sempre o melhor dos homens do mundo.

Eu tinha muita sorte.

Depois do jantar regado à sushi, voltei ao meu quarto e a lembrança de Luke estirado na minha cama me tomou de assalto.

Não pensava nele fazia algum tempo, e eu tinha me esquecido do efeito que causava.

Deitei como ele deitava, de lado, e encostei o nariz no travesseiro, mas o cheiro dele não estava mais lá.

Fazia tanto tempo. Parecia até outra vida.

Sabe quando você para pra pensar em coisas que fez e não acredita que foi você? Tanta coisa se moveu de lugar que já nem se lembra da sequência de eventos que te levou a tomar decisões.

Como eu tive coragem de... DANÇAR praticamente pra ele? Quem era aquela pessoa flutuando pela sala de estar do Ash?

Eu queria experimentar daquela coragem repentina de novo. A coragem de quando eu entreguei aquele presente pra Luke na cozinha do Benson.

Eu era doida? Não, mas ele me deixava doida. A situação me deixava doida.

O meu caderno, que quase funcionava como um diário, estava reluzindo na mesa de cabeceira. Estiquei a mão para pegá-lo e analisei a capa furta-cor por algum tempo.

A última anotação tinha quase dois meses.

Folheei as páginas e me parabenizei por nunca ter escrito sobre ele. Não que ele não merecesse, mas eu não podia fazer meu diário guardar o que não era meu.

Dos desenhos mal feitos às anotações de tarefas a cumprir, comecei a rabiscar uma letra de música. As cenas levemente borradas da noite na casa do Ash não me deixavam em paz. Eu precisava contá-las de alguma forma.

"Dance around the living room..."

Naquela noite, Luke estava sentado com a camisa praticamente aberta. O glitter tinha caído das suas pálpebras e se espalhado pelas maçãs do rosto. Sentado com as pernas abertas e a cerveja apoiada no joelho, ele tinha um brilho meio bêbado, pronto pra ser fotografado para uma capa de revista. Era impossível tirar os olhos dele.

Lover of Mine | Luke HemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora