Capítulo 42

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"É um milagre que tenhamos nos conhecido"

Calm se tornou o meu lugar feliz. Dos poucos dias que ainda me restavam na costa oeste, eu aproveitei cada um deles naquele veleiro.

Voltei à marina até que o homem grisalho já soubesse o meu nome e eu soubesse o dele: James. Sentávamos para conversar sempre que eu voltava do meu passeio curto pelo mar californiano.

Contei à James sobre a minha mãe e a minha vida na Austrália. Contei até sobre Luke, Calum, Mike e Ash. Ele ficou fascinado com a ideia de viajar o mundo com rockstars.

Mostrei algumas das minhas bandas favoritas e compartilhamos nossos amores por Pink Floyd, Lynyrd Skynyrd, Fleetwood Mac e tantos outros. Aquele senhor era a minha companhia de muitas tardes.

Não sabia como dizer à ele que eu iria voltar pra Sydney em poucos dias, então fingi até pra mim mesma que sempre voltaria no dia seguinte. Ele era como o avô que eu nunca tive, nem por parte de mãe nem de pai.

- Essa é a garota do Calm? - um homem de meia idade e com a barriga saliente perguntou com um sorriso largo enquanto se aproximava de nós.

Estávamos sentados em cadeiras de praia, banhados no sol dourado das cinco da tarde.

- Andou falando de mim, velho? - sussurrei antes do homem chegar perto o suficiente para apertar as nossas mãos.

- Prazer, Julie - me apresentei quando ele esticou a mão.

- Bem-vinda, eu sou o Sr. Foster, sou dono do Queen ali e do Harriet - ele apontou os veleiros - James me contou que você só pega o Calm, certo?

- Seus veleiros são muito bonitos, Sr. Foster.

Era verdade.

- Mas não são o Calm, né? - ele levantou uma sobrancelha.

- Não são - ri.

- Tudo bem, menina. Eu sei como é me apaixonar por barcos - ele me entendeu.

Depois de um pouco de conversa sobre o clima e óleos que precisavam ser trocados, o homem se despediu e foi embora.

- Hoje você vai conhecer o dono do Calm - James quebrou o silêncio agradável -  É um moço bonito, acho que você vai gostar - riu por baixo da barba espessa.

Virei de leve pra ele.

- Ta me chamando de encalhada?

- Você tá viajando o mundo com quatro músicos e não fisgou nenhum deles! Essa vai ser a minha caridade do ano.

Velho safado.

Olhei pra ele com a minha expressão mais insultada possível.

- Você não vale essa cachaça barata que você toma!

Ele riu aberto.

- Quer um pouco? - me ofereceu da garrafinha de metal.

- E morrer de cirrose junto contigo? - levantei a sobrancelha.

Jogamos conversa fora por mais algum tempo até eu notar que já era bem tarde.

James queria me fazer aguardar pelo dono do veleiro, mas eu preferi perder a oportunidade.

- Estranho, ele sempre aparece antes da noite cair. Hoje não é seu dia de sorte, garota - James lamentou.

- Eu vou chorar as minhas pitangas no caminho de volta pro hotel, não se preocupe - garanti à ele antes de continuar a caminhada de volta pro meu solitário quarto.

Lover of Mine | Luke HemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora