XXXII - Ela fica

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Boooom dia.

Então, fiquei jogando Gartic ontem e esqueci de atualizar. Mas lembrei agora. Kkkk

Boa leitura. Vota, comenta e me segue no twitter.

😘

TT: @umamabs
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POV Rafaella

Meu pai não apareceu e pra ser sincera, eu não esperava que aparecesse, nem sei se queria que aparecesse. Devia ser difícil pra ele, mas a minha vida era essa agora, eu estava com uma mulher, que a essa altura estava evidente que estava grávida e, mesmo que a relação não fosse consanguínea, estava grávida de um bebê que seria nosso. Tão nosso que eu chegava a me emocionar, tanto que, só de olhar pra ela e a barriguinha dela, já me deixava com o coração quentinho e explodindo de amor. Se eu falasse algo assim para Maria Manoela, eu seria chamada de boiola no mesmo instante. E eu estava mesmo, muito boiola.

Nós tínhamos ficado uns dias com a minha mãe, ela nos encheu de mimos. Na verdade ela encheu a Gi de mimos, toda e qualquer coisa que ela queria comer era feita sem demora e a cozinha era um local interditado pra gente, porquê segundo minha mãe, a Gi teria que acostumar com o tempero mineiro. Não sei bem, mas acho que não poder cozinhar estava a deixando incomodada. Ela não demonstrou, claro, mas sabia que ela estava sentindo falta de ficar na cozinha, ou podia ser só nervosismo.

Sairíamos direto de Goiânia pra Vitória, teríamos uma escala em São Paulo, mas não iríamos em casa. E Gizelly não tinha me falado nada sobre como estavam as coisas pra sua mãe. No geral, eu só sabia que era uma mãe superprotetora, que tinha na filha única todas as expectativas que uma mãe poderia ter.

- Amor? – Eu a olhei e ela segurou minha mão e continuou no momento em que o avião estava taxiando depois do pouso. – Minha mãe não sabe de nada. Nem de você, nem da gravidez, eu não consegui contar nada antes. Desculpa.

- Mas ela sabe que você é bi, né? – Eu mantive a calma. Aprendi que ela tinha muita dificuldade pra externar as suas vontades, que nada era simples pra ela. Diferente de mim, que metia a cara, enfrentava o mundo, ela se retraia e esperava que conseguisse resolver aos poucos. Aprendi isso da maneira mais difícil, quando ela nos afastou. E por entender isso, eu precisava manter a calma quando coisas assim aconteciam.

- Sabe, só não sabe que eu terminei com a Marcela. Porquê quando eu estava pra contar, descobri a gravidez e minha cabeça ficou confusa demais e eu não conseguia enfrentar tudo de uma vez. Primeiro eu precisava me resolver com você e minha mãe teria que ficar pra depois. – Eu apertei sua mão, e a trouxe até os meus lábios.

- Vai da tudo certo, nós vamos resolver isso. – Ela me deu um sorriso fraco, quase que prevendo que não seria tão fácil assim.

- Ela sabe que eu estou indo, Gizelly? – Ela se encolheu na poltrona e eu me dei satisfeita com o silêncio. – Olhe, eu te amo, mas isso tem que ser resolvido. Vamos pegar um hotel, não vou ficar na casa da sua mãe sem que ela saiba da gente.
- Mas, amor, eu não quero ir lá sozinha. – Sua voz saiu quase chorosa.

- Você vai ter que ir sozinha e depois me leva lá pra gente se conhecer. Eu não posso aparecer de surpresa e falar “oi, sogra” do nada, como se ela já me conhecesse. E eu não vou ser apresentada como sua amiga. – Fui firme, ela precisava entender que em algum momento precisava se posicionar sobre as coisas e não seria sempre como ela queria. Nada era assim na vida e eu estava disposta a fazer ela perceber isso.

...

POV Gizelly

Um carro alugado estava nos esperando no aeroporto, deixei Rafa em um hotel perto da casa da minha mãe e em seguida estava lá, na porta, esperando que ela atendesse e eu pudesse a enfrentar. Mas eu não poderia ter surpresa pior, quem atendeu a porta foi a loira, que agora estava com o cabelo curto sobre os ombros.

- Marcela? Cadê minha mãe? – Eu entrei na casa sem esperar que ela me convidasse, afinal, a casa é minha.

- Você não vai me cumprimentar? – Sua voz era calma e aquilo passou a me irritar.

- Eu vim porque preciso falar com minha mãe, desculpa, mas eu não sei nem o que você tá fazendo aqui.

- Eu estou aqui porque você me evitou em todas as vezes que esteve em Vitória, veio tão rápido que não consegui nem pensar em falar com você. E da última vez, evitou até dona Márcia também. – Ela reparou no meu corpo desde o momento em que abriu a porta. – Mas eu vejo porque evitou ela também.

- Eu te evitei pelo simples motivo de não ter nada pra conversar com você. E a minha conversa com a minha mãe, só diz respeito a nós duas, você está sobrando aqui. – Eu estava tentando não me exaltar, mas era quase impossível com a insistência dela.

- Não sei se é tão importante assim, você veio até o Espírito Santo e não veio me ver, pelo visto não sou tão importante assim. – Minha mãe falou por trás de mim e não consegui deixar de notar o tom triste em sua voz. Eu tinha magoado minha mãe por ficar tanto tempo distante, não só fisicamente, afinal no começo eu estava vindo com frequência, mas nos últimos dois meses, eu estava evitando encontrar com ela. Minha barriga estava aparecendo e eu não sabia como contar.

- Mãe, eu precisava resolver algo com Taís e não podia demorar, eu tive que voltar rápido pra São Paulo porque tinha coisas pendentes lá. – Respirei fundo quando tentei me justificar. – Eu preciso conversar com você a respeito disso, por isso estou aqui. Mas pelo visto você está ocupada com sua convidada, é melhor eu voltar outra hora.

- O que você não pode falar na frente da sua namorada? – Ela pareceu confusa.

- Mãe, ela não é mais minha namorada, há um bom tempo e isso faz parte do que eu quero te contar. – Marcela estava parada nos olhando, calada, ela não tinha contado pra minha mãe e pelo que parece estava esse tempo todo se comportando como se ainda estivéssemos juntas e eu estava muito irritada com isso. Me direcionei a ela. – Você pode, por favor, ir embora e deixar eu falar com a minha mãe?

- Não, ela é minha convidada. Ela fica. – Minha mãe se adiantou.

- Então, eu vou embora e volto outra hora pra gente conversar. - Não esperei uma resposta, me virei e voltei por onde tinha entrado. Acho que nem nas minhas piores brigas com Marcela eu tinha tido tanta raiva dela. Minhas mãos estavam apertando o volante com tanta força que meus dedos chegavam a doer.

Não consegui fazer nada do que eu tinha ido fazer em Vitória, estava frustrada com a presença da mulher na casa da minha mãe e mais ainda com a maneira como eu fui tratada por ela. Minha cabeça estava longe, e quando eu percebi, o controle tinha fugido de mim e mesmo com a velocidade baixa habitual em que eu conduzia, senti o impacto do pneu subindo a calçada de um condomínio que ficava exatamente no meio do caminho entre o hotel e a casa de dona Márcia. Minha mão passou em minha testa quando senti o airbag pressionar meu peito, mas mesmo assim senti o sangue escorrer pela minha testa e com o gosto de ferro em minha boca, não demorei a perder a consciência.

Puzzle - GiRafaOnde histórias criam vida. Descubra agora