XLII - Grito mudo

1.4K 183 26
                                    

Oi, bebês. Tudo bem com vocês?
Espero que sim.

Feliz dia das mães pra vocês, ok? Sei que tá no fim do dia. Mas é pra lembrar que hoje é só uma data e dia das mães é todo dia. Quem tem mãe perto dê um cheiro bem grande todo dia. ♥️

Quando a Rafa der play em Grito Mudo – Sandy, vocês dão também.

Boa leitura pra vocês.

Me sigam no twitter, que as vezes eu falo lá o pq de demorar a att.

TT: @umamabs

____________________________________________

POV Rafaella

Eu atravessei o corredor acompanhada por Thelma, que me guiou pelo caminho até o quarto. - Faz o que dona Marcia falou, conversa com ela, faz ela saber que vocês estão aqui, que precisam dela. - Ela abriu a porta e ela estava lá, em um sono tranquilo.

Com cuidado, me acomodei ao seu lado na cama. Tive medo de machucar ela de alguma maneira, mas mantive meu corpo encostado no dela, eu precisava sentir que ela estava aqui comigo de alguma forma. Eu havia pego os fones de ouvido que estavam na bolsa, encaixei um no ouvido dela e outro no meu e dei play. 

Falo com você em pensamento
Conto as coisas do meu dia
Da minha vida
No meu coração
Eu canto as horas e as melodias
À espera do momento
De ir além da ilusão

Eu cantei baixo enquanto as lágrimas lavavam meu rosto.

Na minha vida, não me encaixo sem você
O vazio da tua falta transbordou
Vem calar meu grito mudo
Meu grito mudo de amor
A verdade óbvia da tua falta
É difícil de se revelar
Mas dói sentir

- Eu tenho sonhado com você, mas eu não queria só sonhar, eu queria que estivesse comigo. Preciso tanto de você, meu amor. - Eu tentei me acomodar melhor, a abraçando de lado. 

Se eu me calar
Eu ando em círculos, eu cedo aos vícios
À espera do momento
Desse nó desamarrar
Na minha vida, não me encaixo sem você
O vazio da tua falta transbordou
Vem calar meu grito mudo
Meu grito mudo de amor

Tenho certeza que seria possível ouvir meus soluços de qualquer lugar do hospital, mas eu não me importava, eu só precisava colocar pra fora tudo que eu estava sentindo. Mas antes de qualquer necessidade de externar o meu choro, eu precisava dela, precisava ter a sua voz rouca me falando que tudo ia ficar bem. 

Vem errar comigo
Diz que esse grito também é seu
Faz do erro o nosso antídoto
Para tudo pra ser meu
Na minha vida, não me encaixo sem você
O vazio da tua falta transbordou
Vem calar meu grito mudo
Meu grito mudo de amor
Meu grito mudo de amor

E quando meu choro finalmente sessou, fechei meus olhos e me mantive quieta ao seu lado, com minha cabeça em seu ombro, eu conseguia sentir o cheiro que era tão familiar, o cheiro que sempre iria ser lar, sempre seria morada. – Você precisa acordar, por favor, bebê, acorda. – Eu sussurrei próximo ao seu ouvido e voltei a me aninhar ao seu lado.

...

A mão que senti em meu ombro me fez despertar de um cochilo e, consequentemente, de mais um sonho. - Rafa, você precisa ir. Dona Marcia tá aí pra ficar com a Gi agora a noite e você ir pra casa descansar. - Eu havia ficado o dia inteiro ali, ao lado dela. 

- Que horas são? - Perguntei ao me levantar da cama, procurando meu celular que havia descarregado enquanto tocava a playlist que eu costumava ouvir com ela.

- Passa das 20h, acho que você devia ir pra casa. Ficar um pouco com as meninas, tomar um banho. Tentar descansar. - Thelma tinha compaixão em seus olhos. - Eu ligo se tiver alguma novidade. Ela está bem, eu prometo.

Respirei fundo e encolhi os ombros. Eu não queria ir, queria ficar e esperar, queria estar ao lado dela quando acordasse, eu precisava ter seus olhos em mim de novo e só eu sabia o quanto me doía não poder me perder no castanho que focavam em mim sempre. 

- Eu não quero ir. - Falei baixo. - Mas eu sei que as meninas precisam de mim. Promete que me liga? - Ela fez um sinal positivo com a cabeça, com um sorriso no canto dos lábios. - Então fala que promete. - Eu sei que pareci uma criança birrenta naquele momento, mas eu precisava daquela promessa.

- Eu prometo. - Ela falou olhando em meus olhos.  

E só depois de ouvir a promessa, eu peguei minhas coisas para poder seguir para casa. Quando saí Dona Marcia estava na recepção, esperando para entrar, ela me deu um abraço apertado e eu retribui. – Meu celular está descarregado. Quando chegar em casa eu vou colocar para carregar, mas qualquer coisa vocês ligam pra Manu ou para minha mãe ou pra Taís. – Falei para que as duas mulheres me ouvissem e soubessem que tinham opções para conseguir entrar em contato. - Elas estão lá em casa, né?

- Estão sim. Elas vão ficar lá para ficar com as meninas e você conseguir descansar. – Ela falou enquanto afastava meu corpo do dela para me olhar. Ela inspecionou o meu rosto e fez uma leve careta quando viu as olheiras que rodeavam meus olhos. – Você vai chegar em casa, vai tomar um banho demorado e vai ficar lá tranquila, tá? Você precisa se cuidar, minha filha. Nada de voltar para cá no meio da noite e me mandar para casa. – Ela foi firme no que tinha acabado de falar. – Nós vamos cuidar dela enquanto você não estiver aqui, eu prometo.

- Eu não tenho nem o que responder depois dessa bronca, né? – Falei com um sorriso de canto que não chegou aos meus olhos. – Eu vou tentar descansar. – Ela sorriu de volta.

Ela só precisava escutar que eu iria tentar. Mas eu não estava falando da boca para fora, eu precisava mesmo desligar minha cabeça ou eu ia acabar ficando doente e essa era última coisa que nós precisávamos agora.

...

Minha mãe estava dormindo comigo hoje, ela também estava preocupada com tudo que estava acontecendo na minha vida, o jeito que ela me olhava demonstrava o quanto ela sentia por tudo que nós estávamos passando. Meu sono foi tranquilo, mesmo com algumas pequenas interrupções quando Ana e Liz acordavam com fome, eu consegui dormir razoavelmente bem. E na última vez em que elas acordaram, minha mãe não me deixou levantar, o dia já estava amanhecendo, mas eu voltei a dormir.

Um sussurro e meu corpo inteiro arrepiou ao ouvi a voz rouca perto do meu ouvido. – Vem me buscar, bebê. – Se repetiu. E então eu despertei ao ouvir mais uma vez o apelido usado por nós. O meu peito estava explodindo e mais uma vez, o sonho foi tão real que eu poderia jurar que ela estava ao meu lado. E depois daquilo eu iria afirmar para sempre, que nossa ligação era tão forte que sim, ela sempre esteve ao meu lado, mesmo que em uma cama de hospital há quilômetros de distância de mim e eu iria busca-la.

Puzzle - GiRafaOnde histórias criam vida. Descubra agora