XVII - Ginu I

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POV Gizelly


Quando Rafa saiu da minha casa mais cedo, ela estava animada, parecia preocupada com a viagem pra Goiânia, mas também estava animada. Eu tinha certeza que tudo ia ficar bem com ela lá, eu não conseguia acreditar que uma pessoa como ela poderia vim de uma família que não fosse igual. Eu sabia que existia a possibilidade de eu estar errada, mas eu queria pensar que não, tudo iria dá certo. Com ela tudo iria dá certo, comigo, eu já não tinha muita certeza agora.

Logo depois que ela saiu, recebi uma ligação do consultório que ela tinha me indicado, tinha acontecido algum imprevisto e minha consulta precisava ser remarcada. Em uma hora eu estava me despedindo de Rafaella pra ir encontrar com a família dela e falar sobre mim, na outra estava sentada no meu banheiro com um teste de gravidez em minhas mãos, criando coragem pra fazer.

O exame estava na minha bolsa há pelo menos três dias, eu não tinha tido coragem de fazer, minha cabeça não parava de pensar em como eu tinha sido irresponsável e como isso iria afetar minha vida. Depois que Rafa sinalizou minhas indisposições tudo começou a fazer sentido e eu não conseguia entender como eu podia ter sido tão lerda. Eu parei de adiar, no banheiro, eu finalmente abri aquela caixinha e segui suas instruções. Tonta não chegava nem perto da descrição de como eu estava, quando eu vi os dois riscos aparecendo naquele palitinho, o choro que estava contido na minha garganta finalmente saiu, eu não sabia como seria a minha vida daqui pra frente. Tudo que eu estava construindo teria que ser repensado.

Eu precisava de ajuda, não ia conseguir passar por isso sozinha, mas não tinha ninguém nessa cidade pra eu recorrer. A não ser que eu ligasse pra Manu, mas eu tinha quase certeza que ela iria surtar mais do que eu. Não tendo outra alternativa, disquei seu número e rezei pra ser atendida.

- Alô? – Ouvi a voz do outro lado da linha.

- Manuzinha. – Falei com a voz chorosa e como esperado, ela começou a ficar nervosa.

- Gi, o que aconteceu? Você tá bem? – Eu não queria deixar ela desesperada, mas eu estava entrando em desespero e precisava de alguém por perto antes de entrar em uma crise de ansiedade ou coisa do tipo.

- Eu preciso de ajuda, Manu. Eu estou bem, só preciso de você aqui, você pode vim? – Tentei parecer mais calma, mas parece que não consegui.

- Porque você tá chorando? Cadê a Rafa? Não me faz ficar preocupada assim. – Ela tentou falar com mais calma, mas não deu muito certo, éramos duas descontroladas.

- Rafa foi pra Goiânia, mas ela é última pessoa que quero falar agora. Só vem pra cá. – Pedi de novo e ela se rendeu do outro lado da linha.

- Em meia hora eu chego aí. Tenta ficar calma, tá? – Eu desliguei sem me despedir e me deitei na cama, me encolhi e fiquei em posição fetal.

Quando a campainha tocou, quase não cheguei na porta pra abrir e Manu já tinha tocando novamente pelo menos umas quatro vezes. Eu a abracei assim que abri e ela só afastou um pouco pra fechar a porta atrás de nós. Eu não tinha mais lágrimas pra chorar, não sei se já tinha me conformado com o que a vida tinha me reservado, mas eu estava mais calma.

- O que aconteceu, Titchela? – Ela perguntou enquanto fazia um carinho no meu cabelo.

- Eu fiz um teste de farmácia, Manuzinha. Eu tô grávida. - Eu contei sobre a ida a Vitória e sobre a noite em que eu havia apagado e acordado na cama de um cara. Falei sobre a desconfiança estar grávida de um completo desconhecido e como isso estava tirando minha paz nos últimos dias. Em como Rafa tava pegando no meu pé pra eu ir ao médico por causa das indisposições e pelo cansaço, como isso estava me assustando e por isso eu resolvi fazer o teste. Mas eu não tinha conseguido criar coragem pra fazer enquanto ela estava aqui na minha casa praticamente todos os dias da última semana.

Ela me ouviu com paciência, sem perguntas, só me olhava compreensiva depois que sentamos no sofá e eu deitei com a cabeça em seu colo pra que ela me fizesse um cafuné e de algum jeito me sentisse reconfortada.

- Então, Titchela, eu sei que a simples ideia de acontecer algo assim deve te apavorar. Afinal, você é uma mulher jovem, tem uma carreira que está construindo com muito trabalho. Mas antes de qualquer coisa, precisamos confirmar, ok? O teste de farmácia não é 100% confiável, então, é melhor fazer um de laboratório, né? - Ela pareceu entrar em um certo eixo e ficou centrada quando teve ciência da gravidade do assunto.

- Sim, você vai comigo? Eu tenho medo de agulha. – Falei com a voz chorosa de novo e ela riu de mim.

- Gi, acho que você vai precisar superar esse medo aí. Esse e muitos outros. – Ela falou ainda com um sorriso em seus lábios e eu senti que ela estava querendo me passar uma força que talvez ela nem soubesse que tinha. Aquilo me deixou mais calma de verdade e eu levantei meu corpo pra poder abraçar a baixinha de novo. – Vamos, levanta. Vamos em um laboratório, eu vou com você.

- Obrigada. – Falei enterrando meu rosto em seu pescoço e me aninhando ali em seus braços, por mim, ficaria no colo dela o dia inteiro, eu não estava com disposição pra me mexer.

- Eu vou está aqui pra o que você precisar, tá bom? Não se preocupa, vai dá tudo certo e se você estiver mesmo grávida, você vai ser uma ótima mãe. E eu exijo ser a madrinha dessa criança. – Pela primeira vez no dia eu consegui sorri.

Ela me fez sair do abraço e me levou pro quarto. Esperou que eu me arrumasse e nossa conversa passou por vários outros assuntos, nenhum deles começava com G e todos eles me fizeram ficar mais leve. Mas eu estava distante e nesse momento meu pensamento estava chegando em Goiânia e eu não conseguia pensar em como ia contar algo assim pra ela. Eu não podia colocar esse peso sobre os ombros de Rafa, nós nem tínhamos nos rotulado ainda, como que eu ia contar que eu tinha sido burra ao ponto de beber até não saber se tinha usado camisinha ou não?










Oi, bebês. 😍

Eu dividi o capítulo em dois, pra não ficar mais longo do que eu costumo escrever. KKKKKKK

Não sei se consegui transparecer a confusão que a cabeça da Gi se encontra, mas era isso que eu queria.

Eu fiz um grupo no whatsapp pra gente surtar com as fics que lemos juntas e pra falar de Puzzle. Se quiser entrar, é só me chamar na dm do twitter, que eu mando o link, tá? 🥰

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Espero que tenham gostado. ♥️
Obrigada. Beijos.

Puzzle - GiRafaOnde histórias criam vida. Descubra agora