Seis meses antes de João Pessoa.
Ao receber uma proposta de um escritório de advocacia em São Paulo, percebi que estava me prendendo a coisas no Espírito Santo que poderiam funcionar perfeitamente sem a minha presença em tempo integral. Eu teria flexibilidade suficiente para ir e vir quando fosse necessário, podendo assim manter o trabalho novo em São Paulo e meus projetos sociais e minha loja em Vitória.
Mesmo com toda a ajuda, eu fui a Vitória algumas vezes depois de me instalar em São Paulo. Ainda havia um assunto pendente lá, que só eu podia resolver e esse era o mais difícil. Mas era algo que eu não queria da continuidade, então só chegaria o momento em que eu colocaria um ponto final.
Manu estava processando uma casa de show por vincular sua imagem a um evento o qual ela não faria parte e sequer sabia da existência e eu estava cuidando do caso. E foi assim que nos conhecemos. Após causa ganha, ela me convidou pra comemorar e finalmente fazer parte do vinho no tapete da Manuzinha. Eu não era uma pessoa pública, mas estava sendo introduzida no mundo dos influencers e cantores porque acabamos criando um carinho muito grande uma pela outra e ela sempre me convidava para participar das reuniões em sua casa....
- E aí, Gi? Como está sendo a vida nova aqui em São Paulo? A Manu me contou que você se mudou tem pouco tempo. - Rafaella era a mulher mais bonita que eu já havia encontrado na vida. Manoela nos apresentou assim que ela chegou e nós estávamos em uma conversa descontraída, mas vez ou outra eu me via olhando pra sua boca enquanto ela falava. Sabia que estava errada e que precisava me controlar, afinal, eu não sabia se ela também era bi, mas ter controle quanto a admirar a beleza dela, era algo completamente impossível.
- Para de babar, Titchela. - Manu cochichou em meu ouvido quando chegou pra me entregar a taça de vinho. Eu pisquei e olhei pra Manu franzindo a testa, mas logo voltei minha atenção pra Rafaella que estava rindo da nossa interação quase silenciosa, quase, porque eu não duvido que ela tenha ouvido.
- Agitada, faz dois meses que me mudei, mas ainda estou em transição. Adaptando as coisas em Vitória pra conseguir ficar aqui por mais tempo e não precisar estar lá sempre que acontece algum problema. - Falei rápido, tentando ignorar o fato de ter ficado vermelha com o que Manu havia sussurrado para mim. - Minhas amigas estão me ajudando muito com os projetos do escritório e minha mãe com a loja.
- A Gi tem um projeto para ajudar as detentas que vivem praticamente em situação de abandono pelas famílias nas penitenciárias do Espírito Santo. - Manu explicou pra Rafa enquanto eu tomava um gole do vinho que ela me entregou, que era delicioso, mas eu ainda preferia uma boa cerveja.
- Daqui a pouco a Tampinha tá sabendo explicar meus projetos melhor que eu. - Falei de forma descontraída. - Alguém tem que olhar por elas. - Eu gostava muito de falar sobre o meu trabalho, mas naquele momento eu só queria me desligar um pouco. A semana havia sido longa e eu precisava relaxar. - Mas e você, Rafa, como é a vida de influencer? - Me direcionei a Rafaella pra fazer o assunto sair de mim e do meu trabalho.
E então, ela desandou a falar com aquele sotaque fofo de Minas, explicando sobre como a vida de influencer não era esse mar de rosas que as pessoas pensavam, era tudo conquistado na base de muitas noites de sono perdidas e muito trabalho. Me contou sobre a ONG Missão África, e das viagens que ela fazia como missionária, como isso a completava e como tudo que ela fazia era pra ajudar sua família a ter uma vida tranquila e para angariar fundos para conseguir realizar os planos na África.
- Não é falta de pão, é falta de divisão. - Ela disse por último e acho que me apaixonei por ela ali naquele momento.
Nessa noite eu também conheci Bianca, Gabi, Mari e Ivy. As meninas eram super animadas e conversavam sobre tudo, me incluindo no assunto sempre, tentando a todo custo me deixar a vontade em está na presença de pessoas que eu não conheço e que estão em outro círculo social totalmente diferente do meu. E pelo visto, quando todas já estavam bêbadas fazia parte de alguma tradição maluca que elas haviam inventado, brincar de verdade ou desafio....
A minha semana tinha sido muito corrida, eu tive que ir até Vitoria resolver umas coisas da loja com a minha mãe e aproveitei pra resolver algumas coisas que a distância não estava deixando funcionar. Há momentos que a gente precisa priorizar a nós mesmos e talvez esse fosse o meu momento, eu só queria ficar em paz e continuando como estava, estaria longe disso.
Cortava algumas verduras para fazer uma salada pra acompanhar o frango que eu havia feito pro almoço. Cozinhar era uma terapia e eu amava, estava concentrada, pensando em como as coisas estavam mudando na minha vida. E exatamente por causa dessas mudanças tive uma ideia que me fez colocar um sorriso nos lábios.
Terminei de cortar a salada, coloquei na geladeira, peguei meu celular e fui pro sofá, me joguei lá e disquei o número da Manu.
- Oi, Titchela. - Ela falou animada quando atendeu a chamada. - Está tudo bem?
- Oi, Tampinha. Eu estou ótima. E tenho um convite pra fazer pra você e pras meninas. O que você acha da gente trocar o local do vinho no tapete e trazer aqui pra casa? - Perguntei enquanto deitava no sofá pra ficar mais a vontade.
- Acho perfeito, Gi. Vou combinar com as meninas e a gente chega por aí as 20h?.
- Está ótimo esse horário. - Confirmei. - Manuzinha. - Chamei com um tom envergonhado. Eu não sei o que acontecia comigo, mas só de pensar o que eu estava pensando, eu ficava envergonhada. E tenho certeza que fiquei vermelha quando fiz o pedido. - Não esquece de chamar a Rafa. - A risada do outro lado da linha soou alta, o que fez com que eu ficasse mais envergonhada ainda.
- Tá querendo beijar a Rafa de novo, Titches? - Ela perguntou rindo, eu sabia que ela estava me zoando.
- Só chama, Manu. Tchau, até mais tarde. - Desliguei a chamada e fiquei pensativa por um tempo, porque no fundo eu queria mesmo beijar a Rafa de novo, mas será que ela queria me beijar de novo?
Lembrei que precisava almoçar e ir comprar as coisas pra noite com as meninas. Então, precisava esquecer a Rafaella por algumas horas, eu estaria ocupada com isso a tarde toda. Comprei várias coisas para preparar uma mesa com petiscos, comprei vinho, gin e minha cerveja. Por mais que eu gostasse de vinho, sempre ia preferir a minha cervejinha. Passei a tarde preparando tudo e quando olhei pro relógio, já estava bem perto das meninas começarem a chegar.
Enquanto eu tomava banho o pensamento me levou até aquele sorriso sapeca depois do beijo naquele jogo. Sim, estávamos bêbadas, sim, ela talvez um pouco mais que eu, então não sei se as duas queriam mesmo ou se foi só por causa do jogo. Quando terminei o banho, vesti um short branco e uma camisa de botão, prendi o meu cabelo em um coque e fiquei descalça mesmo enquanto esperava pela chegada das meninas. Estava tudo pronto, então só fiquei no sofá mesmo rolando o feed do instagram pra passar o tempo, as meninas estavam demorando, então levantei e peguei uma cerveja comecei a beber enquanto esperava.
Já passada de 21h e a campainha finalmente tocou. Deixei a cerveja na mesinha de centro e fui atender, estava pronta pra soltar os cachorros em Manu por me deixar esperando, mas não era ela que estava na minha porta. Rafa estava lá, parada com um vinho na mão e um sorriso no rosto. Não era o sorriso que ela me deu no dia do beijo, mas era tão lindo quanto, era aquele sorriso em que os olhos sorriam junto e eu achava isso lindo.
- E aí, Gi? Ocê vai me deixar aqui na porta mesmo?_______________________________________
Oi. Bom dia, boa tarde e boa noite. 😅
Estou escrevendo e postando, quase não tem revisão, então pode tá cheio de erros. Mas faz anos que não escrevo, perdoem qualquer coisa.
Eu não sou muito boa interagindo, mas me sigam no twitter, quero o feedback de vocês, venham conversar comigo, me contem o que estão achando. 🥰
TT: @umamabs
VOCÊ ESTÁ LENDO
Puzzle - GiRafa
FanfictionGosto de pensar que nossa vida é um grande quebra cabeça, formado por vários outros pequenos - trabalho, família, amigos, amor - e eles são cheios de pecinhas, cada uma com um formato e tamanho diferente, que com o passar do tempo vão se encaixando...