XXIV - Gigica

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Oi, bebês.

Eu estou meio bêbada e vim aqui só postar, porque a minha vontade mesmo é só ir dormir.
Vota, comenta, manda biscoito pra neném aqui que tá carente.
Beijo, beijo.
😘
Ahhh, me segue no twitter. 🤭
TT: @umamabs

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POV Gizelly

- Eu nunca senti uma dor tão forte como a que eu senti no momento em que eu falei pra ela que não a amava. – Eu ainda chorava sempre que lembrava do olhar que foi direcionado a mim, talvez mentir tenha me feito sentir mais angustia do que falar a verdade. Mas isso eu não saberia.

Eram dois dias sem dormir, sem notícias e eu não esperava ter alguma. Únicas mensagens que recebi nesses dois dias foram de Manu se certificando que eu estava bem e eu entendia que ela não tivesse aparecido, tinham pedaços a serem colados e não eram só os meus. Pedi licença no trabalho e eles me deram alguns dias. Eu não ia conseguir trabalhar com a cabeça do jeito que estava. Vitória deveria ter me acalmado, pelo menos um pouco, mas o contrário do que eu imaginava, a angústia só aumentava. A tristeza não estava no lugar em que eu me encontrava, mas sim dentro de mim. Mas o apartamento me trazia tantas lembranças, eu preferia não estar lá.

- VOCÊ FEZ O QUÊ? – Taís não conseguiu controlar a voz quando, depois de chegar na casa dela, contei tudo que estava acontecendo. Ela ouviu tudo calada, mas não se controlou depois de saber que eu tinha finalmente ouvido o “Eu te amo” de Rafaella e tinha retribuído com uma resposta contrária. – Você só pode está completamente louca, Gizelly. Todas as vezes em que nos falamos nesse período em que você está em São Paulo, tudo que você me contava tinha a Rafa envolvida. E mesmo sem conhecer pessoalmente, eu sou Team Rafa. Ela estava te fazendo feliz e pelas coisas que você falava dela, ela também estava feliz. A mulher tava disposta a contar sobre a sexualidade dela pra família e consequentemente pro Brasil inteiro, só pelo motivo de ter te encontrado e você faz isso? – Ela não respirou enquanto falava, me deixando sem palavras. Mas eu precisava falar.

- Você não ouviu nada do que eu te falei? Eu estou grávida, Taís, eu não posso jogar isso nela assim. – Eu tinha uma certa indignação na minha voz, afinal de contas, minha melhor amiga estava indo contra tudo que eu pensava ser o certo e me dando uma bronca enorme pelo que eu tinha feito.

- E daí, Gizelly? Você tinha a obrigação de da o direito dela decidir o que fazer. Não seja egoísta ao ponto de achar que ela não tem o direito de saber, porque ela tem. – Eu não respondi, apenas me encolhi no sofá e deitei em seu colo, pegando a sua mão e colocando na minha cabeça. Ela sabia o que fazer e fez, o cafuné de sempre. – Eu sei que você está com medo, entendo que isso assusta. Mas você não pode passar por isso sozinha.

- Eu não estou sozinha, eu tenho a minha mãe. Tenho você. – Um sorriso se formou no rosto dela e eu sorri pequeno de volta.

- Você tem, você sabe que eu sempre vou estar aqui. Mas eu não sou a mulher que você ama.

Eu fechei meus olhos e deixei a dor me invadir novamente, só a menção de Rafaella ser a mulher que eu amo me machucava em lugares que eu nunca iria conseguir explicar. As lágrimas vieram de novo, e quando elas decidiram escorrer pelo meu rosto, foram limpas pelos dedos de Taís.

- Você fez uma besteira enorme, Gigica. – Duas pessoas me chamavam assim no mundo, minha mãe e Taís e eu só aceitava que elas chamassem. E com o apelido, ela pareceu lembrar da existência da minha mãe. – Tia Marcinha vai comer o seu cu. – Ela soltou e eu só me encolhi um pouco mais.

- Ela nem sabe que eu estou aqui, bebê. – Dei de ombros, como se não me importasse.

- Como não? Ela não te rastreia mais? – Eu bufei e pela primeira vez em dias, deixei uma risada escapar pela referência a superproteção da minha mãe.

- Velhos hábitos nunca mudam. Mas a verdade é que eu não dou notícias a ela tem uns dias já. Amo minha mãe, mas ela sabe como me deixar pior quando eu não estou bem. E também não sei como vou contar que ela vai ser vovó.

- Entendi. – Ela falou pensativa. – Se você me procurou pra ter um conselho inteligente, não posso te ajudar muito. Mas eu acho que você deve voltar pra São Paulo e procurar a sua mulher, Gigica. Não sei se a sua outra melhor amiga – O ciúme ficou evidente. – já falou pra ela a verdade, mas se não falou, você deve ir lá e contar. Se você continuar com isso de não descarregar seus problemas nela, eu vou te arrastar pelas orelhas até lá e te fazer falar. Conversa, Gizelly, é só conversar, deixa ela decidir se quer ficar ou não. Se ela te ama como falou, eu acho que vale a pena tentar falar.

Eu só queria que ela não tivesse razão em tudo que estava falando. Mas eu tava começando a mudar de ideia, essa angústia no meu peito não podia ser besteira, eu tinha que dá ouvidos aos meus sentimentos.

- Eu fiz muita merda, né? – Finalmente falei e um sorriso compreensivo foi direcionado a mim.

- Sim, você fez. E precisa corrigir. Você pode ser feliz, meu amor. Estar grávida não é o fim do mundo, tá? Mas perder a mulher que você ama, pode ser algo parecido com ele e você vai se arrepender se isso acontecer. - Me permiti ficar com minha amiga, sendo mimada com muito cafuné e as comidas que eu gosto. Me permiti também não ter que enfrentar minha mãe nesse pequeno intervalo de tempo que fiquei em Vitória.

Talvez eu só precisasse me sentir em casa e acolhida pra colocar a cabeça no lugar e entender que eu não iria conseguir fugir e me esconder da minha vida. Eu não sabia como seria daqui pra frente, mas eu sabia que não queria estar sozinha e eu só podia descobrir se estaria sozinha ou não contando a verdade e encarando qualquer que seja a decisão dela. O que Manu não tinha conseguido fazer, Taís tinha feito, ela me fez entender que eu não precisava obrigar a Rafa a se afastar se existia a possibilidade de ela ficar.

Ao voltar pra São Paulo, fui até o apartamento de Rafaella e o porteiro me avisou que não tinha ninguém lá, que ela tinha viajado. Tentei ligar pra ela e o celular estava desligado. Liguei pra Manu, mas ela não me atendia também. Ao bater na porta de Manu meu peito quase explodia em ansiedade e quando a porta foi aberta, ela estava no telefone e só me deu espaço pra entrar.

- Não, tia Gegê, ela estava aqui. Mas ontem a noite ela foi pra casa e depois disso não me respondeu mais.

Puzzle - GiRafaOnde histórias criam vida. Descubra agora