XV - Rotina

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POV Rafaella

Nós tínhamos criado uma rotina, e nossos encontros reversavam entre várias noites no tapete da Manu e outras noites preguiçosas na minha casa ou na dela, isso quando eu não tinha algum compromisso que me obrigava a quebrar o que pra mim tinha se tornado o melhor hábito, ou quando ela precisava ir até Vitória pra visitar a mãe ou resolver algo ligado aos trabalhos que ela mantinha lá. Nada do que tínhamos tinha sido rotulado ainda, mas eu estava bem com isso e pelo que eu estava descobrindo sobre a Gi, ela também estava bem em ir devagar. O nome do que tínhamos era esse: Rotina. Ela tinha se acostumado a fazer parte da minha e eu tinha me acostumado a fazer parte da dela.

Fazia quase dois meses desde que Manu tinha descoberto sobre nós estarmos nos vendo e depois disso me arrependi muito de não ter contado pra ela antes. É claro que fui perdoada, mas não escapei do drama existente naquele pequeno ser. E tenho que concordar, as coisas melhoraram muito depois que ela soube. Eu tinha alguém que podia confiar e contar tudo que estava sentindo, sem o medo do julgamento que poderia ser dirigido a mim.

Era só mais uma tarde de sábado e Gizelly tinha dormido na minha casa, ela tinha tido uma semana turbulenta no trabalho e estava muito cansada. Tinha que convencer ela de ir ao médico, porque vez ou outra tinha uma certa indisposição estranha e isso me preocupava. Eu não queria parecer invasiva, ou a louca preocupada, mas eu não conseguia esconder isso. Ao chegar na minha casa na noite anterior, eu percebi que não tinha sido um dia fácil, o rosto cansado da mulher que estava preenchendo todos os espaços da minha vida não me deixava pensar em outra coisa, ela precisava descansar e eu estava ali pra ajudar nisso. Enquanto ela tomava um banho e se preparava pra se juntar a mim no sofá para vermos um filme, abri um vinho e servi duas taças. Em poucos minutos ela estava dormindo aninhada em meu peito, não queria atrapalhar, mas ela precisava ir pra cama. Então, depois de desligar a TV, a chamei pra ir pro quarto e, dessa vez na cama, mais uma vez ela se aninhou em meus braços, caindo no sono novamente. Sono esse que ainda estava perdurando até mais de meio dia e eu não iria atrapalhar.

Eu tinha que dar atenção aos meus seguidores e decidi fazer uma live no Instagram, só pra conversar com eles, as perguntas subiam nos comentários e eu estava tão empolgada por falar com eles que só notei o que havia acontecido quando vi um dos comentários perguntando quem era a moça que tinha passado atrás de mim de pijama. Só então me virei e ouvi o barulho da Gi na cozinha. Desconversei na live, me despedi e desliguei, sabia que isso ia dá brecha pra muitas teorias, meus fãs eram meio loucos as vezes.

- Gi, eu estava ao vivo no instagram, você passou por trás. - Ela estava distraída na geladeira, com a cara amassada, parecia sonolenta ainda e, devagar, virou em minha direção.

- O quê? - Ela perguntou sem entender muito bem o que eu tinha falado.

- Eu não te dei bom dia, vem aqui. - Estendi minha mão e quando ela segurou, encostei na mesa e fiz seu corpo encostar no meu. Meus lábios encontraram os dela em um selinho demorado. - Bom dia, linda.

- Bom dia, bebê. - Nossos lábios não se afastaram pra falar e seus braços envolveram a minha cintura. Ela encostou a cabeça na dobra do meu pescoço e eu arrepiei ao sentir sua respiração tocar minha pele.

- Então, acho que agora meu fandom vai querer saber quem é a mulher que passou de pijama na minha live. - Não estava me importando com isso, só não sabia como ela iria reagir, porque eu sabia que nossa privacidade poderia ser violada em algum momento depois disso.

- Desculpa, eu não notei que estava na sala. - Ela falou ainda com a cabeça encostada em mim e me apertou mais um pouco entre os seus braços enquanto eu fazia um cafuné em seus cabelos.

- Você não precisa se desculpar, em algum momento iam acabar nos vendo juntas. E por falar em nos verem juntas, minha mãe quer que eu te leve em Goiânia pra vocês se conhecerem. – Ela levantou a cabeça e eu vi o susto que levou estampado em seu rosto. – Mas se você não quiser ir, tá tudo bem, eu invento algo pra Dona Gegê. – Fiz questão de tranquilizar ela logo, porque não tinha motivo pra pressionar e adiantar algo que poderia ser feito depois.

- Não, eu quero ir. Mas a sua família toda vai tá lá? – Entendi o que a incomodava, e no fundo também seria incomodo pra mim. Eu não tinha tido a oportunidade de conversar com meu pai e meu irmão sobre o que estava acontecendo comigo. Marcella e Flavina sabiam, porque elas trabalhavam diariamente comigo, não tinha como esconder algo delas. Mas eu não imaginava qual seria a reação do homens da minha família.

- Vai sim, mas eu posso ir antes pra contar pra eles. Preparar o terreno e você vai depois. – Juntei nossos lábios em um selinho novamente e a apertei em meu abraço.

- Tá, tudo bem. Acho que você deve fazer como achar melhor. Como se sentir confortável e tal, se quiser que eu esteja lá quando for falar com eles, eu estarei. Mas acho que preciso me preparar psicologicamente antes. Eu nunca arranquei ninguém do armário. – Ela estava segurando o riso depois de falar e minha risada veio naturalmente.

- Eu estou saindo por vontade própria, ok? Tá apertado aqui, eu só quero viver minha vida do jeito que eu quiser. – Ela me deu mais um selinho e encostou a cabeça de novo em meu ombro. – Tem outra coisa que quero falar com você.

- Eu não acordei direito e já são dois assuntos sérios?

- Como você sabe que é sério? – Arqueei a sobrancelha.

- Seu olhar muda. Eu sei exatamente quando você quer sexo, quando quer só um carinho, quando está me zoando e quando está preocupada com algo. Porque você tem um olhar pra cada coisa. Seu olhar é muito intenso e expressivo. – Eu já estava sorrindo feito boba quando ela terminou de falar. – Esse é o olhar de quando você quer me beijar. – E era mesmo, minhas mãos foram direto pro seu rosto, segurando ele e enchendo-o de beijos. Ela sorria enquanto eu distribuía beijos em sua bochecha. – Eu disse. Mas fala, o que tá te deixando preocupada? – Continuei segurando seu rosto entre minhas mãos e respirei fundo antes de responder.

- Você precisa ir ao médico. Deve tá com alguma baixa em vitaminas, hormônios ou sei lá o que. Mas não é normal o quanto você tem se sentido mal e cansada nos últimos dias. Eu tenho uma amiga, a Thelma, eu posso falar com ela e marcar pra você.

- Minha vida inteira mudou nos últimos meses, Rafa. É normal eu estar cansada, tô trabalhando muito, deve ser só um período de adaptação. – Ela tentou argumentar.

- Não, você já está em São Paulo há tempo demais, já deu tempo você se adaptar. Agora é procurar saber se tá tudo bem com a sua saúde. – Eu falei e pela sua expressão, vi que se deu por vencida, em seguida ela balançou a cabeça concordando. – Ótimo, vou conversar com ela e te falo o dia e o horário depois. – Bati palmas e dei uns pulinhos em comemoração por ter convencido ela fácil assim. Mas seu revirar de olhos não me passou despercebido.







Oi, bebês. Tudo bem com vocês?

Eu sei que estou demorando um pouco pra atualizar, mas é que eu ando bem cansada, aí não consigo colocar pra fora minhas ideias.
Mas sempre que consigo, estou escrevendo, pra atualizar pelo menos uma vez na semana pra vocês, ok? Pelo que me conheço, vai ser assim, toda sexta ou sábado vou fazer o possível pra atualizar bonitinho e trazer um mimo pra vocês.

Já sabem, né? Vota, comenta e me segue no twitter.
TT: @umamabs

A manip que usei na capa do capítulo é da @editgirafa
Beijo, beijo.

Puzzle - GiRafaOnde histórias criam vida. Descubra agora