XL - Os dias

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Oi, bebês.

Vocês vão entender o capítulo anterior melhor com a leitura desse. Eu tô respondendo as perguntas que ficaram em aberto no anterior. 🥰

Eu nem ia att hoje, mas como eu falei no twitter, queria pedir um favorzinho pra vocês. Vão lá e no meu último RT pra dá uma forcinha pra minha godxinha ganhar o kit de pintura? Ela precisa de comentários em uma postagem do IG. Então, quem puder ir lá e fazer esse enorme favor, eu vou ficar muito feliz.

Boa leitura pra vocês.

TT: @umamabs

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Dia um... (Após o parto)



POV Rafaella



Eu não tinha conseguido contar as horas que Thelma havia ficado com Gizelly dentro da sala de cirurgia, mas pareciam dias de tão lento que os minutos estavam passando, o dia já tinha acabado, era a única coisa que eu conseguia afirmar com certeza, pois já era noite. Quando vi a médica aparecer no fim do corredor, não consegui me segurar no lugar em que estava, eu precisava saber como elas estavam. A alcancei no meio do corredor e quando olhei para o lado, Manu e Taís também tinham feito o mesmo que eu e esperávamos em silêncio por respostas que só podiam vir da pessoa que estava a nossa frente.



- Elas estão bem. Liz só passou pelo procedimento padrão depois de um nascimento normal. Ana estava toda enroscada no cordão umbilical, por isso não conseguiu fazer o mesmo caminho da irmã e teve um pequeno período em que ela pode ter ficado um pouco sufocada devido à pressão que o cordão estava fazendo em seu corpo. Nós fizemos uma cesariana, ela vai precisar ficar no máximo 24 horas na incubadora, só por precaução e para mantermos em observação nesse período, a pediatra vai conversar com você assim que for possível. - Thelma tentou explicar da forma mais simples e mesmo assim ainda fiquei um pouco confusa sobre como meus bebês estavam, mas me prendi a primeira frase e passei a me preocupar com o que não havia sido citado no discurso: Gizelly.



- E a Gi? Como está? - Eu estava com medo, esse era o único sentimento que se fazia presente em mim. Toda a alegria que devia está preenchendo o momento em que o nascimento das gêmeas trariam, havia sido substituído por medo, puro medo. Medo por não saber o que iria acontecer daqui para frente, medo não ter conseguido fazer nada para que isso não acontecesse, medo de que a resposta para minha pergunta não fosse positiva e eu precisasse conviver com a presença da falta. E quando a resposta veio, meus olhos já estavam mostrando o quanto eu estava aflita.



- Então, ela vai precisar de um pouco mais de tempo, ela perdeu bastante sangue, mas conseguimos estabilizar com a transfusão. Ela vai demorar um pouco para acordar, nós precisamos colocar ela em uma espécie de coma, para ajudar ela se recuperar. - Senti Manu abraçar meu corpo de lado e Taís tinha sua mão em meu ombro.



- Eu não posso ver ela? E as meninas? - Eu precisava ver com meus olhos como elas estavam.



- A Liz está no berçário, posso te levar lá e você pode ver ela sim. Mas a Ana e Gi estão na UTI, não posso te levar lá agora, mas assim que a visita for liberada, você vai poder ver a Gi. E a Ana vai para o berçário daqui a algumas horas. - Thelma me explicou com um ar triste nas palavras. - Eu sei que você quer muito ver elas, mas eu prometo que assim que for possível, você vai ver, tá bom? Rafa, eu vou te levar para ver a Liz, então você vai para casa, toma um banho, descansa um pouco, depois você volta. Elas vão precisar que você esteja bem para que elas fiquem bem também. - Só então eu havia notado que eu ainda estava suja de sangue e talvez precisasse mesmo de um banho. Fiz que sim com a cabeça e me rendi as recomendações da médica, eu precisava ficar bem. Precisava ser suporte, antes de tudo agora eu precisava ser suporte.




Dia dois...



Acordei com o cheiro dela no quarto, o primeiro sonho tinha sido calmo e eu não sabia o que estava acontecendo. Eu sabia que o cheiro dela estava ali porque era o quarto dela também, o travesseiro dela, que estava ao meu lado, tinha o cheiro dela impregnado no tecido. Mas o sonho foi tão real que parecia que o cheiro vinha dos cabelos dela, o mesmo cheiro de quando ela tomava banho e deitava ao meu lado esperando que eu me emaranhasse neles e em seu corpo para que pudéssemos dormir. No sonho, ela só estava lá, ao meu lado, durante toda a noite.



A campainha tocou e o despertar veio de verdade com o barulho. Talvez eu não tivesse dormido nem quatro horas durante a noite direito, eu tinha sensação de que tinha sido bem menos que isso. Quando entrei na sala para ir até a porta Manu já estava lá, recebendo Dona Márcia com um abraço terno, como se elas se conhecessem desde a infância de Manu, Taís a seguiu no abraço, que se tornou um monte de braços se envolvendo e se apertando. Eu assisti de longe a cena e quando elas se afastaram, fui notada. Manu estendeu a mão e me chamou para me juntar a elas. Eu fui, mas quando cheguei até elas, só Dona Márcia me abraçou e com um afago que eu só havia sentido da minha mãe, ela sussurrou em meu ouvido. - Vai ficar tudo bem, minha filha.



- Obrigada. - Eu sussurrei de volta, ainda sendo apertada pela mulher mais velha, ela me aninhava de um jeito que antes eu não havia sentido. Ela também estava com medo. Tínhamos um ponto em comum, a pessoa que nós mais amávamos precisava se recuperar, nós precisávamos dela. E com medo ou sem medo, seríamos coragem uma para a outra.



O telefone de Manu tocou e assim que ouvimos o barulho do aparelho, desfizemos o abraço e ficamos em expectativa quando ela falou quem estava ligando. Thelma estava do outro lado da linha.



- Oi, Thelminha. Está bem. Estamos preocupadas, mas estamos bem. Dona Márcia acabou de chegar aqui. - Manu ouviu o que Thelma falava por alguns segundos e se despediu antes de desligar a chamada. - Está bem. Obrigada, vou falar pra elas.



- O que aconteceu? Como elas estão? - Eu fui a primeira a perguntar com preocupação.



- Está tudo bem. Thelma pediu pra avisar que a Gi está bem, se recuperando, ainda dormindo, mas se recuperando. Ana já está no berçário, junto com a Liz, que vocês podem ir ver elas no hospital. E que a Gi pode receber visita, mas só uma pessoa poderá entrar de cada vez, por no máximo meia hora.



Troquei um olhar com Dona Márcia e eu compreendia que ela precisava se certificar que sua filha estava bem, mesmo que meu peito também estivesse apertado de preocupação. Ela iria primeiro, eu ficaria com as meninas enquanto minha vez de ver a Gi não chegasse.


Puzzle - GiRafaOnde histórias criam vida. Descubra agora