POV Rafaella
Se eu lembrava do verdade ou desafio? Eu ainda sentia o gosto do beijo. Se eu havia pensado em repetir? Não sei. Ia contra tudo que eu havia sido condicionada a acreditar, minha sexualidade estava em xeque e sim, eu estava confusa para um caralho.
Estaria mentido se dissesse que foi meu primeiro beijo em outra mulher, mas sempre foram selinhos, brincadeiras em festas. Tá, o jogo também havia sido uma brincadeira, mas o que eu senti foi uma brincadeira também? Eu estava nervosa com a possibilidade de rever Gizelly e quando Manu me ligou falando sobre ir pra casa dela nessa sexta, eu fiquei animada, nervosa, porém animada.
Até que lembrei do evento que teria no fim da tarde, que poderia se estender até a noite, teria que dá um jeito de fugir antes das 21h, pelo menos. E assim havia feito, me despedi do pessoal e sai. Passei em um supermercado, comprei uma garrafa de vinho e joguei no GPS o endereço que a Manu tinha me passado por mensagem. Coloquei pra tocar músicas aleatórias no som do carro e em pouco tempo estava chegando ao destino.
Minha entrada estava liberada na portaria, acho que ela tinha liberado todas as meninas, então, sem ser avisada, eu subi até o apartamento de Gizelly, toquei a campainha e esperei. A porta não demorou a ser aberta e lá estava ela, descalça e super a vontade, enquanto eu estava com a roupa do evento, um vestido verde militar de botões na frente e um cinto envolvendo minha cintura, ele ia até o meio da minha coxa. Estava de salto, me fazendo parecer mais alta do que já sou.
Eu sorri e levantei a garrafa que estava na minha mão, mostrando o que havia trago. Ela parecia meio abobada, não tenho certeza do motivo.
- E aí, Gi? Ocê vai me deixar aqui na porta mesmo? - Falei a olhando ainda com um sorriso em meus lábios, esperando o convite para poder entrar. Mas antes olhei por cima do ombro dela e notei que ela estava sozinha. - Uai, cadê as meninas?
- Ai, Rafa, tô me sentindo a rejeitada do ensino médio. Acho que me deram um bolo, só você apareceu até agora. - Ela fez um bico e eu achei a coisa mais fofa do mundo, aumentando o meu sorriso o que a deixou um pouco brava. - Vai rir de mim mesmo? - Ela falou ficando emburrada, cruzando os braços no peito, me dando as costas e entrando em casa pra pegar a sua cerveja.
- Own, Gi. - Falei ainda rindo. - Eu não estou rindo d'ocê, só estou achando a coisa mais fofa você emburrada assim. - Ela diminuiu um pouco o bico e se jogou no sofá, pegando a cerveja que estava na mesa de centro e tomando o resto em um gole só. - Elas não avisaram nada?
- Não, falei com a Manu mais cedo e ela ficou de convidar vocês. Mas acho que elas furaram mesmo, até a Manu. A não ser que... - Ela começou, mas parou de falar como se se desse conta do que estava acontecendo. Pareceu ficar sem graça.
- A não ser o quê? - Perguntei curiosa pra entender o que ela estava pensando.
- Ah, nada demais, depois eu me entendo com a Manu. Vem, tem um monte de comida e bebida aqui, se elas não vão vir, vamos aproveitar a noite. - Ela levantou e me fez a seguir até a cozinha que era separada da sala por um balcão, onde realmente tinha uma mesa cheia de comida.
- Nossa, Gi, quanta comida. Foi você que preparou tudo? - Falei pegando um pedaço de queijo da tábua de frios que ela havia preparado. - Estou morrendo de fome, eu atrasei porque estava em um evento, não tive tempo de comer lá.
- Ótimo, vamo encher esse buxinho, então, Rafaella. Que saco vazio não para em pé. - O humor dela havia mudado completamente, e isso era bom. Estranho, mas bom. Ela me entregou um prato, fazendo eu me servir com um pouco de cada coisa que tinha na mesa. - O que você vai beber? Você trouxe o vinho, mas tem Gin e cerveja também. E acho que devo ter whisky em algum lugar também, que ia pegar pro duende de jardim que me deu um bolo. - Ela fez outro bico e se ela soubesse o quanto ficava fofa assim. Ah, se ela soubesse. Mas logo ela desmanchou o bico, não estava mais chateada com a Manu.
- Tem morango? Eu faço um drink de Gin com morango que fica uma delícia. Só vou precisar de água tônica também. - Ela virou pra geladeira, procurando o que eu havia pedido e voltou com a água tônica em uma mão e uma bandeja de morango na outra. - Perfeito. Vamos nos divertir.
Ela sorriu me entregando as coisas e eu me concentrei em fazer o meu drink enquanto beliscava os petiscos que ela havia preparado. Ela sentou no balcão e abriu uma cerveja que tinha pego na geladeira, tomou um gole e ficou me observando.
POV Gizelly
Manu tinha armado pra gente, eu tinha certeza disso. Que explicação teria pra mais ninguém além de Rafaella aparecer aqui em casa? Só podia ter falado só com ela e não veio de propósito.
- Vou colocar uma música pra gente se animar. - Desci do balcão e fui até a sala pra poder ligar o som. - O que você gosta de ouvir, Rafa?
- Qualquer coisa, Gi, eu escuto de tudo. Mas prefiro um sertanejo. - Ela falou enquanto vinha em direção a sala com a taça de Gin na mão.
- Então, vou colocar a rainha Marilia Mendonça. - Dei play e caminhei em direção ao sofá. - Vem senta aqui, quando o álcool pegar a gente levanta pra dançar. - Eu pensei que ficaria sem graça em ficar sozinha na minha casa com Rafa, mas estava tudo tranquilo, ela passava tranquilidade.
- O que você acha que aconteceu com a Manu? Porque ela não veio? Ela não tinha confirmado com você? - Ela me encheu de perguntas. Eu achava que sabia o motivo da Manu não ter aparecido, mas se eu contasse pra ela, eu ia ficar muito sem graça.
- Eu desconfio, mas não tenho certeza. - Falei cruzando minhas pernas e sentando sob elas, ficando de frente pra ela no sofá. Tomei um gole da minha cerveja e a encarei por um pouco mais do que o que seria considerado normal.
Quando ela ia falar algo, começou a tocar Quero você do jeito que quiser. - Nossa, eu amo essa música. - Começou a cantar a música. E eu tentei acompanhar, só tentei mesmo, porque eu erro todas as letras. Ela começou a rir dos meus erros, mas não me importei, continuei cantando.
- Eu também amo essa música. - Levantei do sofá e fiz a garrafa da cerveja de microfone. Cantei com toda a minha alma, dando tudo de mim, o que não é muito quando se trata de cantar, errei a letra do começo ao fim enquanto Rafaella continuava sentada no sofá, assistindo e rindo, rindo e assistindo. Quando a música acabou, eu fiz uma reverência e soltei beijinhos no ar.
- Você é ótima, Gi. O mundo seria melhor se te conhecesse. - Ela falou em meio as palmas.
- Um dia o mundo vai me conhecer, escreve aí.
Tomei um gole da minha cerveja e logo em seguida a playlist mudou começando a tocar um funk e Rafaella que estava sentada, pulou do sofá e começou a rebolar na minha frente. A bunda dela parecia ter vida própria, ela quicava e rebolava no ritmo da música e eu fiquei paralisada e quando ela viu o efeito que tinha causado, provocou ainda mais. De costas pra mim, colou o corpo no meu e continuou dançando, rebolando contra o meu corpo e quando virou de frente pra mim, falou em um tom mais baixo que o habitual. - Para de babar, Titchela. - Ouvi sua risada baixa ao fazer referência ao que a Manu tinha falado pra mim no dia em que nos conhecemos.
Oi, bebês. Bom dia, boa tarde e boa noite. Depende de que horas você está lendo.
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Puzzle - GiRafa
Fiksi PenggemarGosto de pensar que nossa vida é um grande quebra cabeça, formado por vários outros pequenos - trabalho, família, amigos, amor - e eles são cheios de pecinhas, cada uma com um formato e tamanho diferente, que com o passar do tempo vão se encaixando...