Oi, bebês.
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TT: @umamabs
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POV Gizelly
Jaque passou ainda naquela noite no meu quarto, estava trocando o plantão e quem iria a substituir seria Marcela. Reafirmou que eu estava bem, alertou que eu poderia sentir um pouco de dor nos próximos dias por ter deslocado o ombro e, que mesmo estando bem, seria mesmo necessário passar a noite em observação.
- O conselho que te dou é que você faça uma consulta completa com a Marcela, eu não sou obstetra, quando fiz o seu ultrassom, vi que estava tudo bem, mas foi algo superficial pela urgência, mas é melhor você começar com o seu pré-natal. Te conhecendo bem, eu sei que você não o começou ainda, certo? - Eu sorri sem graça e ela sabia que sim.
- Tem que ser com a Marcela? - Rafa perguntou sem demonstrar muita coisa em sua voz, mas eu sabia que ela estava desconfortável sobre a inclusão da Marcela em nossas vidas assim.
- Ela é a melhor que eu conheço. E vai estar aqui nas próximas 24 horas, vocês deviam aproveitar. Mesmo sabendo que se tratando da Gi, ela conseguiria uma vaga na agenda, mas é uma decisão de vocês e eu não posso interferir nisso. - Jaque foi compreensiva.
- A gente pode conversar sobre isso, tudo bem? Não precisamos decidir agora. - Rafa pareceu relaxar um pouco.
- Tudo bem, amor. O que for melhor pra você e o bebê é o melhor pra mim também. - Eu dei um sorriso pequeno e fiquei pensando em como eu era sortuda por ter ela em minha vida.
Foi assim que, depois de uma Rafa emburrada por ciúmes, poucos dias depois eu estava sentada em frente a Marcela, com ela ao meu lado, conversando sobre coisas que eu não esperava falar com a minha ex. Automaticamente minha mão procurou a mão da dela, precisávamos da força uma da outra, a presença sempre era suficiente, mas o contato se tornava cada vez mais necessário.
Pensei que seria mais desconfortável ter as duas na mesma sala, mas depois de quase meia hora de conversa senti Rafa relaxar ao meu lado, eu não era a única que estava começando a confiar na Marcela. Eu não via motivo pra desconfiar, não quando se tratava do trabalho dela, afinal, em Vitória, ela era uma das melhores obstetras.
- Vou te passar umas vitaminas e te indicar uma amiga minha lá de São Paulo, tá? Nós vamos trabalhar juntas no seu acompanhamento, já que você não pode ficar indo e vindo até Vitória pra me ver, né? - Ela tinha um sorriso indecifrável no rosto, eu não conseguia mais identificar o rancor que vi no dia em que fui até a casa da minha mãe. Parecia até feliz por mim. - Vamos fazer um ultrassom? Dependendo da posição, já podemos saber qual o sexo do bebê.
- Nós não queremos saber. - Me dirigi a Rafa dessa vez. - Amor, não importa qual o sexo, eu não preciso saber. A não ser que você queira, não precisamos.
- Também não preciso, meu amor. Mas talvez a Manu surte querendo saber logo. - Ela me deu um sorriso torto, pela primeira vez desde que entramos no consultório.
- Vamos fazer assim, eu coloco o resultado em um envelope e, caso mudem de ideia, vocês abrem depois, assim tem mais tempo pra decidir. - Marcela trouxe a solução de maneira simples, ela estava acostumada com esse tipo de indecisão.
...
Não segurei o choro quando escutei o som ritmado e rápido do coração da vida que se formava dentro de mim e quando olhei em direção a Rafa ela se encontrava do mesmo jeito que eu. Ela levou minha mão até os seus lábios e deixou um beijo nela, em seguida o beijo foi em minha testa, o selinho veio em seguida e quando ela se afastou, Marcela estava nos observando e, por um segundo, pensei ver um sorriso em seus lábios. Ela pigarreou em seguida mostrando a tela em que aparecia uma imagem distorcida que eu não entendia muito bem.
- Aqui, o primeiro vídeo do bebê. - Depois de um pouco de esforço e com ela apontando, eu consegui ver meu bebê ali. - A cabeça dele, os bracinhos e as perninhas. - Ela indicava cada parte do corpinho na tela. - Pelo que eu vi aqui, está tudo certo. - Ela pegou um lenço e limpou a minha barriga.
...
- Um conselho, fica na cidade por uns dias, entrar em um avião grávida, depois de sofrer um acidente, mesmo que não tenha sido nada grave, não é a melhor ideia. - Ela começou a falar assim que estávamos de volta a mesa dela. - Aproveita pra matar a saudade da sua mãe, ela estava aflita e brava por você não ter dado notícias esses dias todos.
- Nós vamos ficar uns dias ainda, eu preciso resolver umas coisas aqui e preciso mesmo dá atenção a minha mãe. - Rafa continuou quieta, assim como no começo da consulta. - Já que está tudo bem, eu acho que podemos ir, certo?
- Só mais uma coisa. Eu queria me desculpar, eu sei que insisti demais com você e acabei passando dos limites com a sua mãe. Sei que não justifica, mas eu gosto muito dela, sempre foi como uma mãe pra mim. Mas eu sei que você está em algo novo na sua vida e eu não quero atrapalhar, só quero te ver feliz. - Eu não soube o que responder e ela continuou se direcionando a Rafa. - Cuida dela, ok? Ela é meio surtada, mas é a melhor pessoa que eu já conheci na minha vida.
- Eu sei disso, é só o que eu quero fazer. - Pela primeira vez desde que chegamos, Rafa deu um sorriso em direção a Marcela, não era o seu melhor sorriso, mas era verdadeiro.
- Então, a minha amiga em São Paulo que vai te acompanhar se chama Thelma. Ela é a melhor que eu conheço. - E a nossa surpresa foi enorme quando ela falou o nome da amiga da Rafa que devia ter me atendido quando eu comecei a me sentir mal. – O que foi? Vocês a conhecem? Não gostaram da indicação? Eu posso pensar em outra pessoa.
- Não, está tudo bem. – Rafa se apressou pra responder. – A Thelminha é ótima. Ela é a minha ginecologista desde que mudei pra São Paulo, somos amigas há anos.
- Então, sabe que a Gi vai estar em boas mãos.
- Sei sim. Obrigada por se preocupar com isso. – Rafa parecia mais relaxada e menos desconfortável em estar na presença de Marcela.
- Ótimo. A gente já sabe quem procurar quando voltar pra São Paulo, tá tudo bem com o bebê, tá tudo bem comigo. Agora vamos embora que eu tô doida pra encher meu buxinho e te levar pra conhecer Vitória. – Falei levantando animada e pegando o envelope que Marcela me entregava.
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Puzzle - GiRafa
FanfictionGosto de pensar que nossa vida é um grande quebra cabeça, formado por vários outros pequenos - trabalho, família, amigos, amor - e eles são cheios de pecinhas, cada uma com um formato e tamanho diferente, que com o passar do tempo vão se encaixando...