III - Verdade ou desafio, Gizelly?

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POV Gizelly

Uma hora depois da ligação entre Rafa e Manu

- Titchela, nós precisamos conversar. - Ela falou assim que abri a porta. Não esperou que eu a convidasse, só entrou e eu só consegui pensar que eu que era apelidada de furacão. - Eu consegui falar com a Rafa, ela me disse onde está e eu estou aqui pra te dizer, você tem que ir lá. Ela vai me matar quando souber que eu te falei, mas eu preciso ajudar minhas amigas que são duas cabeçudas e não tô falando só do tamanho.

- Manuzinha, você sabe o que aconteceu na última vez que nós nos falamos. Você sabe que eu fiz merda, ela não quer me ver. Ela saiu daqui me odiando. - Fechei a porta atrás de mim e fui em direção a cozinha. Minha casa estava uma bagunça, desde que ela tinha ido embora, eu não consegui fazer nada.

- A gente sabe que você não estava falando a verdade, né? O mundo é cruel, Gi, eu sei disso. Mas não dá pra vocês se esconderem pra sempre. Você também gosta dela, eu sei, você sabe, só falta ela saber. - Ela segurou as minhas mãos e as apertou levemente, me passando uma segurança que eu não tinha.

- Tudo bem, eu vou. - Falei finalmente e ela deu alguns pulinhos de felicidade.

....

Eu já tinha parado de bater, estava parada na frente daquela porta, sabendo que do outro lado ela também estava. Talvez com os mesmos medos e dúvidas que eu, mas eu não tinha viajado o dia todo pra chegar e não conseguir falar com ela. Quando Manu me contou onde ela estava, eu comprei a primeira passagem. Eu não podia esperar que ela decidisse voltar pra falar pra ela como eu me sentia, falar que a nossa última conversa havia sido uma mentira, que eu também estava com medo e que não queria ter dito dada do que eu disse.

Flashback On

Vinho no tapete da Manu era um programa recorrente desde que Rafa e eu nos conhecemos e a descobrimos como amiga em comum. Nunca tinha acontecido nada entre nós até aquela noite. Mas como dizem: bebida entra, verdade sai.

Era noite das meninas e estávamos reunidas em um círculo e Bianca teve a brilhante ideia de brincar de verdade ou desafio. Assim que eu vi a garrafa parando na minha direção e que Bianca teria que me fazer me desafiar ou me perguntar algo constrangedor, eu coloquei as mãos no rosto com vergonha, boa coisa não viria dali. Ela bateu palmas e deu um gritinho de animação.

- Vamos lá. Verdade ou desafio, Gizelly? - Ela estava esperançosa que eu falasse desafio e não disfarçou a decepção quando me ouviu responder.

- Verdade!

- Você é muito chata, Gizelly, eu pensei que ia fazer você beijar na boca agora. - Me mostrou a língua e continuou em seguida. - Hmm. - Colocou a mão no queixo como se estivesse pensando e disparou em seguida. - Você tem crush em alguém dessa sala, que eu sei, mas eu trabalho com nomes. Então, qual o nome da pessoa que você pegaria aqui?

- Preferia ter escolhido consequência, pode trocar não?

Ivy logo fez que não com o dedo, fazendo um bico, junto com um barulho esquisito com a boca, fazendo todas rirem.

- Ok. - Com a taça de vinho quase tocando meus lábios, falei em voz baixa, com a intensão delas não ouvirem mesmo. - Rafa. - Todas reclamaram, falaram que eu estava roubando, que tinha que falar em voz alta. E como eu já estava com mais vinho que sangue na cabeça, falei mais alto e dessa vez não teve como elas não ouvirem. - RAFA.

Foi a maior algazarra, ficaram me zoando dizendo que eu queria pegar a boazuda e se eu estava com vergonha, e era verdade eu estava com vergonha, mas se eu estava assim, ela também não sabia onde se enfiar. Mas me olhou de lado e sorrio com o canto dos lábios, e mesmo que parecesse que ela estava feliz com a descoberta, eu não consegui decifrar.

Várias taças de vinho depois, a garrafa ficou entre Rafa e eu, que estava ao meu lado no tapete e Bianca que perguntaria de novo, o que me fez tremer.

- Eu não vou escolher pra quem eu vou perguntar. Vocês vão ter que responder juntas, ou fazer o desafio juntas. Decidam aí.

Quando os olhos verdes sorriram pra mim, eu sorri de volta e falamos em uníssono - Desafio.

Bianca gritou e comemorou mais do que na final da Copa de 2002. Nós já sabíamos o que vinha pela frente, e no fundo só iríamos realizar um desejo antigo.

- As goxxxtosas vão se beijar. - Falou carregando o sotaque carioca. Eu arregalei os olhos pra Bianca e acho que nunca tive um gay panic tão grande quanto aquele.

Quando percebi, Rafa, que já tinha bebido o suficiente pra perder a vergonha, estava engatinhando em minha direção e eu fiquei sem reação, então só esperei pelo momento. Quando finalmente senti seus lábios colados nos meus, fechei meus olhos e levei minha mão até o seu rosto. Meu lábio inferior foi puxado pelos seus dentes e ao soltar sua língua abriu espaço para ir de encontro a minha em uma dança gostosa entre as duas. Ao encerrar o beijo a senti sorrir ao me dá um último selinho e quando abri os olhos tinha um sorriso sapeca nos lábios ao voltar para o seu lugar no tapete.

Flashback Off

- Rafa, eu estou aqui pra te pedir desculpas. - Falei baixo demais e por isso eu não soube se ela havia me escutado. Dei um passo a frente pra tentar alcança-la, mas ela recuou, e eu parei. - A Manu só queria nos ajudar. E eu vim aqui tentar me desculpar. - Falei um pouco mais alto, pra me certificar de que dessa vez ela iria me ouvir.

- Não entendo, Gizelly, estava tudo bem. E a gente tinha feito um acordo, nós prometemos, era pra ser tudo conversado. - Ela falou e sua voz denunciou que estava prestes a chorar. Ela sentou na ponta da cama e colocou as mãos no rosto pra tentar controlar as lágrimas que enchiam seus olhos, baixou a cabeça e olhou para o chão, ela não queria me encarar.

- Eu só fiquei com medo, quando você me falou seus planos eu tive muito medo. Por você, por mim, por nós. Era tão mais fácil ficar dentro da nossa bolha. - Quando ela levantou os olhos pra me olhar, eu pude ver o quanto eu havia a magoado e eu só queria um jeito de mudar isso, eu não podia voltar atrás, eu só podia tentar me redimir.

Sentei ao seu lado na cama e passei meu braço em volta dos seus ombros e a puxei contra o meu corpo. Ela se encaixou entre o meu ombro e o meu pescoço e me abraçou de volta e por alguns minutos tudo tinha voltado ao normal.

Ela se afastou quando conseguiu finalmente se acalmar. Por mim, ela teria continuado perto, em meus braços, mas eu não podia exigir um contato que ela não queria ter naquele momento, . Vi ela puxar o ar com força demonstrando o quanto estava cansada, se não física, pelo menos mentalmente. Quando seus olhos verdes encontraram os meus, percebi o quanto era palpável esse cansaço. - O que você pretende fazer? - Perguntou enquanto envolvia o próprio corpo com seus braços, como que para se proteger da minha resposta.

Puzzle - GiRafaOnde histórias criam vida. Descubra agora