XLI - Os sonhos

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Oi, bebês. Boa noite?!

Eu tenho uma pergunta pra fazer pra vocês.

Se eu escrever uma oneshot que tô pensando aqui, vocês vão ler e me dar biscoito por ela?

Enfim, é só uma especulação mesmo... 👀

Boa leitura e paciência com a história.😘

TT: @umamabs

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POV Rafaella

Meu sonho foi interrompido pelo chacoalhar em meus ombros e antes mesmo de abrir os olhos eu já estava vermelha, não sei se por vergonha por ter sido acordada em um momento do sonho em que eu poderia estar fazendo barulhos que não seria apropriado que outras pessoas ouvissem, ou se por esses sonhos serem tão reais que eu estava tendo sensações reais. Quando abri os olhos, uma Manu estava rindo ao lado da minha cama. - Estava sonhando com ela de novo? - O travesseiro veio de encontro ao meu rosto assim que ouvi a pergunta e se manteve ali até que a vergonha diminuísse. - Sua mãe tá voltando daqui a pouco, ela foi comprar umas coisas pra gente tomar café e você teve sorte de que foi eu que ouvi você e vim te acordar, se ela já tivesse chegado, sua vergonha seria bem maior. - A vergonha foi substituída por mau humor.

- Eu sinto falta dela, não tenho culpa se ela não sai da minha cabeça. - Falei ainda com o travesseiro no meu rosto. - Minha mente deve tá procurando algum jeito de colocar isso pra fora. - Foi a única explicação que eu encontrei depois de sonhar com a Gizelly todos os dias dessa semana.

- Então, levanta e se arruma. Você tem uma visita pra fazer, né? Tá na hora já, eu fico com as meninas enquanto você vai lá. Quando Tia Gegê voltar, ela me ajuda com as gêmeas enquanto esperamos vocês voltarem. Dona Marcinha saiu cedo, foi pro hospital, acho que ela também não dormiu muito bem.

- Faz cinco dias, Manu. Eu não aguento mais ir todo dia lá e ver ela naquela cama. Ela já devia ter acordado, quanto tempo mais?

- Thelma falou que poderia durar dois dias ou dois meses, a única certeza que ela nos deu, foi que ela vai acordar. Mas precisa de tempo, o corpo dela vai se recuperar aos poucos. Vai ficar tudo bem, você só...

- ...ser forte. - Eu não deixei ela concluir a frase que vinha me dizendo desde a noite em que as meninas nasceram. - Eu sei. Mas não aguento mais ser forte, só quero ficar na minha cama e dormir até ela acordar. - Meu desabafo era real, eu estava exausta, completamente cansada de ser forte, estava prestes a desmoronar, iria acontecer a qualquer momento.

Manu sentou ao meu lado e procurou minha mão, a postura dela era de quem iria me dá uma bronca, eu já tinha a visto assim antes, quando eu quebrava a cara e continuava insistindo no erro. Mas antes que ela pudesse começar a falar, dei um salto da cama, soltando a minha mão da dela e correndo para o banheiro. - Sim, eu estou fugindo de você. E sim, eu sei que você vai me passar um sermão, mas eu não quero. Eu sei a minha dor e sei o que fazer com ela, você não precisa me falar. Eu sei que não posso ficar na cama esperando ela acordar e voltar para mim porque eu tenho duas recém-nascidas que precisam de uma das mães aqui, com elas agora. Precisam das duas mães. - A última frase, falei mais baixo, só para mim, enquanto me olhava no espelho do banheiro e eu não esperava que ela ouvisse. Mas ela ouviu.

- Ela vai estar aqui logo, Rafa, nós precisamos ter paciência. Eu entendo que você precisa dela com você. Mas essa exasperação não vai ajudar em nada. - Meus olhos já estavam marejados antes mesmo de sentir seus braços em volta do meu corpo. Um choro compulsivo tomou conta de mim e quando me dei conta estávamos sentadas no chão do mesmo banheiro em que eu encontrei ela sentada prestes a ter nossas filhas. Manu me embalava em um colo que fez eu me encaixar e ali a diferença de tamanho se dissipou. - Vai ficar tudo bem, meu amor.

...

Dona Marcia já estava no hospital quando eu cheguei, ela já havia saído da minha casa antes de eu acordar. Fiquei com Thelma na recepção enquanto minha sogra estava com a filha. Eu estava exausta, em minha cabeça muitas perguntas se formavam ao mesmo tempo. Eu estava cansada psicológica e fisicamente. Em nenhuma noite dessa semana eu consegui dormir mais do que três ou quatro horas, quando tinha sorte, as meninas eram uns anjos e eu tinha ajuda de sobra em casa. Mas nada me fazia dormir tranquila depois de sonhar com ela.

- Você não está dormindo, né? - Thelma pareceu ler meus pensamentos, mas não precisaria ler pensamentos para ver o que estava gravado em meu rosto. - Você tá exausta.

- Duas crianças. - Tentei justificar a falta de sono com a desculpa mais simples, mas não era esse o motivo, eu só não queria me estender no assunto.

- Vai ficar tudo bem, ela está bem. E por ela estar bem, nós estamos deixando o corpo dela trabalhar sozinho a partir de hoje. Quando Dona Marcia chegou, nós estávamos nesse processo. - Thelma tentou diminuir a minha preocupação.

- Se ela está bem e sem os aparelhos, por que ela não acorda? São cinco dias, Thelma. - Minha cabeça estava entre as minhas mãos, meus dedos se enroscaram em meus cabelos e em seguida os coloquei atrás das minhas orelhas, tentando organizar um pouco do que eu já não me preocupava há dias.

- Eu não tenho uma resposta simples para essa pergunta, Rafa. Ela pode acordar a qualquer momento, o corpo dela está se recuperando bem, tudo está como o que eu esperava. - Ela falou com calma quando viu que eu estava chorando. Sua mão procurou a minha, buscando me dá algum conforto.

- Desculpa, eu não queria estar assim. - Falei me endireitando na cadeira e limpando o rosto com as costas das mãos. Ela me olhou de volta com um olhar compreensivo.

- Acho que você tem um encontro importante agora. É melhor ir lavar esse rosto. - Dona Marcia havia chegado e tinha sentado ao meu lado. - Eu vim mais cedo, desculpa não te esperar, precisava ver como ela estava. - Ela tinha as mesmas marcas de sono que eu. - Vai lá, conversa com ela, pede para ela acordar.

Puzzle - GiRafaOnde histórias criam vida. Descubra agora