XXXVIII - Seja forte

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Oi, bebês.

Todo mundo espera alguma coisa de um sábado a noite, né?

Boa leitura. 😘

TT: @umamabs

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POV Rafaella



A mudança tinha acontecido aos poucos, num dia foi uma mala pequena, no outro foram os materiais de trabalho, até que por último Jackinho estava morando na minha casa e a mãe dele tinha vindo de brinde.



- Oi, Jackinho. Cadê sua mamãe? - Ele latiu e depois ficou quieto, aproveitando o cafuné que eu fazia em sua cabeça enquanto continuei deitada no sofá e voltei a ler um roteiro de um vídeo que eu iria gravar. Não demorou e latiu mais uma vez e dessa vez foi mais alto e deu um pulinho em direção ao quarto. - O que foi, amor? Você quer que eu vá lá dentro? - Ele correu para o quarto e eu o segui. O chuveiro estava ligado e antes de eu chamar, o Jackinho entrou no banheiro. - Bebê, o Jackinho tá impossível... - Eu parei quando a vi sentada no box do lado oposto ao chuveiro.



- A bolsa estourou. - Ela tinha um sorriso forçado no rosto e gemeu de dor logo depois de falar. - E eu acho que não vai dá tempo ir pro hospital. Liga pra Thelminha, avisa a ela, pede pra ela vim correndo. - Eu fiquei parada na porta, olhando estática, completamente assustada. - Rafaella, eu preciso de você. É melhor você acordar e começar a se mexer.



...



- Amor, ela não aten... - O grito não me deixou terminar de falar. Depois de muito esforço, consegui levar Gizelly para a cama, coloquei uns travesseiros em suas costas tentei deixar ela o mais confortável possível, se é que era possível. Enquanto eu tentava ligar pra Thelma, ela apertou a minha mão e me fez gritar junto com a dor que eu imaginava que não era nada comparada com a que ela estava sentindo.



- Não vai dá tempo ela chegar, eu estou com medo. - Ela falou com a voz chorosa e mais um grito de dor veio e pelo pouco tempo entre um e outro eu sabia que ela estava certa. Disquei o número de Manu e ela atendeu no primeiro toque.



- Pelo amor de Deus, tenta ligar pra Dra. Thelma e manda ela correr aqui para casa, ela não está atendendo e eu não sei o que fazer. - Falei rápido antes mesmo de ela falar do outro lado da linha.



- Rafaella, a Gi está bem? O que houve? - As perguntas vieram preocupadas e eu ouvi a voz da Taís ao fundo na chamada, perguntando se estava tudo bem.



- Ela está bem, eu acho. Só liga pra Thelma, eu preciso desligar. - Um grito veio antes de eu encerrar a chamada.



- Vai. Vai logo, ela precisa de você. Seja forte. - Manu desligou e mais uma vez eu me vi segurando a mão da minha mulher sem entender direito o que eu devia fazer. Eu estava vendo tudo acontecer em câmera lenta, mas antes que eu entrasse em pânico, ela me trouxe para a realidade quando senti sua mão em meu braço e apertou mais uma vez quando mais uma contração veio.



- Amor, a gente vai ter que trabalhar em equipe, ok? Você me ajuda e eu te ajudo. - Ela precisava de mim e mesmo sem saber o que fazer não deixei mais transparecer minhas dúvidas.



POV Manu



Nós ouvimos o choro quando a porta do elevador se abriu, Thelma já estava lá, não tirava o dedo da campainha e respirou aliviada quando me viu.



- Diga que você tem a chave dessa porta, por favor. -Ela estava aflita e eu não conseguia entender o motivo.



- Sim, eu tenho. Mas porque você está tão nervosa? Eu ouvi o choro, elas devem estar bem. - Eu falei enquanto procurava as chaves dentro da minha bolsa.



- Quando você me ligou, eu estava na casa da minha mãe, que fica aqui perto. Tem mais ou menos meia hora que eu cheguei, ouvi o primeiro choro logo quando cheguei e toquei a campainha a primeira vez. Mas não consegui identificar o segundo choro e elas não me atendem, tem um caos acontecendo lá dentro, só abre a porta, por favor. A ambulância deve está lá embaixo, eu já chamei tem uns dez minutos.



Quando eu finalmente consegui achar as chaves estava tremendo e Taís as tomou da minha mão e agiu antes que eu pudesse reclamar, e acho que nem poderia reclamar, estava começando a ficar assustada com a possibilidade de que estivesse acontecido algo com a Gi e as bebês. Thelma já estava com o telefone em mãos ligando para alguém. Depois eu entendi que era para o médico que estava esperando na ambulância.


Quando entramos no quarto estava mesmo um caos, Gizelly estava deitada, sem forças e tentando se manter acordada, tinha sangue em todo o lençol, um bebê chorava sem parar ao seu lado e uma Rafaella desesperada aos seus pés, tentando fazer o que ela não sabia fazer. Assim que entrou no quarto, Thelma, foi ao banheiro e lavou as mãos o mais rápido que pode e voltou para assumir o lugar de Rafa.



- Rafa, você já fez o que pode, foi muito bem, mas agora é a hora de eu assumir. - Ela tentou falar calmamente, mas dava pra notar o quanto estava preocupada. Rafa só se afastou devagar, ela tinha passado do desespero ao choque em questão de segundos e quando eu vi, estava ao meu lado. - Vamos, Gi, você vai precisar ser um pouco mais forte, tá? A ambulância está lá embaixo e nós vamos pro hospital, já estão subindo pra te pegar, vai ficar tudo bem.



Enquanto Thelma examinava a Gi e a Ana, dois homens já estavam na porta do quarto com uma maca, esperando a ordem pra entrar e assim que foi dada, eles abriram a maca ao lado da cama e colocaram as duas em cima dela e foram o mais ágil que podiam, tirando-as do quarto e saindo do apartamento.



- Rafa, eu vou com a Gi e vocês acompanham a gente, tá? - Thelma tentou falar com Rafaella, mas ela não conseguia assimilar muita coisa. Eu estava ao seu lado e envolvi meus braços em volta do corpo dela, tentando passar um pouco de força.



- Nós vamos. - Taís fez o mesmo movimento que eu, abraçando Rafa pelos ombros e sacudindo um pouco para que ela acordasse um pouco do transe.



- Vai ficar tudo bem. - Foram as últimas palavras que Thelma falou antes de seguir o mesmo caminho dos colegas de trabalho.


Puzzle - GiRafaOnde histórias criam vida. Descubra agora