Pov Rafaella
Nada do que tínhamos feito naquele quarto durante a manhã me causava estranhamento, eu estava feliz como se fosse parte da minha rotina estar. Queria gritar pro mundo, externar essa sensação de calor que surgia no meu peito cada vez que pensava em como eu era tratada por uma pessoa que eu conhecia há poucos dias. Não era só o peito que aquecia, meu corpo inteiro reverberava com a lembrança dos toques que tinham se tornado familiares e precisos no objetivo de me causar prazer. Queria dizer que era só tesão, no fundo eu estava com medo do que toda essa intensidade implicava. Eu estava apaixonada e eu não queria precisar esconder esse sentimento que tinha entrado em meu peito como se fosse um furacão. Eu lembrava a última vez que tinha me sentido assim, não tinha terminado bem e por isso demorei tanto a me abrir de novo, o peso das lembranças do fim do meu último relacionamento me assombravam há bastante tempo, sentir que isso não importava mais era novo pra mim.
Enquanto meus pensamentos divagavam sobre as minhas inseguranças e os meus sentimentos, Gizelly estava deitada em uma boia dentro da piscina, eu a observava, meus olhos não desgrudavam de seu corpo e por vezes nossos olhares se cruzaram, mesmo por trás dos óculos escuros eu sabia que haviam se cruzado porque um sorriso discreto surgia em seus lábios. Éramos cumplices e pra mim devia ser suficiente, mas faltava algo, faltava eu poder compartilhar essa história com minhas amigas, que estavam presentes no momento, mas eu não podia agir como queria, que era ficar grudada na inquilina dos meus pensamentos, porque eu guardava esse segredo delas.
Manu estava demorando a chegar e quando eu já estava ativando o meu modo protetora com a minha baixinha preferida, ela surgiu no jardim da casa de Bianca, estava toda colorida em tiedye e eu amava o estilo dela. Chegou com um sorriso largo em seus lábios, o que me contagiou de imediato. Ela se jogou em meus braços, me abraçando e por cima de seus ombros eu vi na piscina uma Gizelly, que tinha tirado os óculos, com os olhos arregalados, foi muito rápido, mas eu vi e não entendi nada.
POV Gizelly
Da piscina, vi a chegada de Manu, a observei e não tinha como não reconhecer o objeto que ela usava pra enfeitar seus cabelos, pois eu havia comprado aqui e lembrava bem a última vez que tinha usado. Coincidências ela ter um igual? Acho que não. Encarei Rafa de longe tentando ver se ela também tinha percebido ou se eu era a única louca que prestava atenção em meu laço de cabelo na cabeça de nossa amiga. Eu devia ter previsto, Manu era inteligente demais pra ser enganada fácil assim e agora eu não sabia como devia me comportar a respeito. Mas sabia que falar com Rafa era a primeira coisa que devia ser feita.
Quando Manu veio me cumprimentar eu estava saindo da piscina, estava molhada, mas mesmo assim fui abraçada e o meu sorriso amarelo contrastou com o sorriso radiante que ela tinha nos lábios.
- Oi, Titchela. – A animação dela era contagiante, menos pra mim, que parecia que tinha sido pega fazendo algo errado.
- Oi, Manuzinha. Olga atacou cedo ontem. – Tentei ser o mais natural possível e pra minha sorte, Bianca chegou entrando na conversa.
- Enquanto a Olga colocou Manu pra dormir cedo, Jenifer me fez aprontar a noite toda. – Ela deu um abraço em Manu e olhou em direção a Mari, que estava em uma das espreguiçadeiras, quando se afastou com um sorriso bobo. Pelo visto eu não era a única apaixonada por uma suposta hétero.
- Parece que a turma toda aprontou a noite inteira, então. – Manu insinuou enquanto me olhava de canto.
- Quem mais aprontou? Quando eu fui embora, estava tudo tão quieto. A Rafa até fez o Daniel passar vergonha, então duvido que ela tenha ficado com ele. – Bia pareceu um pouco confusa.
Eu estava vermelha e procurava um par de olhos verdes pra me salvar daquela situação em que Manu estava me enfiando, mas parece que ela estava alheia a qualquer coisa enquanto tomava sua água de coco despreocupadamente.
- Ninguém, Bia. Não aconteceu nada depois que você sumiu. Foram todas pra casa. – Essa foi a resposta que Manu deu. E era a mais pura verdade, ninguém aprontou nada, fomos pra casa.
...
A tarde foi cheia de insinuações e eu percebi que Manu estava querendo brincar comigo mesmo, então eu tinha desencanado. Ela saber era até bom, afinal, eu teria alguém pra conversar sobre todo esse turbilhão de sentimentos que estavam me invadindo. Não consegui conversar a sós com Rafa, ela estava sempre com Bianca e Mari, estavam se divertindo e em alguns momentos eu me pegava admirando sua beleza. E em um desses momentos em que eu estava sozinha em uma das espreguiçadeiras, Manu chegou chamando minha atenção.
- Então, talvez você precise de um curso pra aprender a disfarçar melhor, Titchela. Teatro seria uma boa.
- Que? – Me fiz de desentendida e ela me olhou arqueando a sobrancelha. Então, eu percebi que não ia adiantar e parei de evitar a conversa que devia ter acontecido há dias. – Eu tenho um laço desse aí, bem parecido, quase igual.
- Vai ver é porque é o seu laço que está no meu cabelo. – Ela falou com tranquilidade e só então, eu relaxei.
- Encontrou na casa dela, né? – Por trás dos óculos, meus olhos não a perdia de vista.
- Sim, um dia depois de você ter usado ele quando foi lá em casa. Ela te esperou descer, né? – Notei que era só uma dedução. Mas eu não tinha mais porque mentir, nem queria.
- E foi comigo ontem lá pra casa também.
- Eu imaginei que iria, ela já estava muito bêbada quando eu fui embora e vocês não estavam disfarçando muito bem enquanto dançavam e davam fora duplo em um certo amigo inconveniente. – Ela sorriu e eu não pude evitar um sorriso que se formou em meus lábios com a lembrança. – Então, o que tá rolando entre vocês? Espero que seja algo sério, porque Rafaella nunca me escondeu nada de seus relacionamentos antes.
- Eu não sei o que é, Manuzinha. Eu gosto muito de quando estamos juntas, acho que nunca vivi algo tão intenso. Mas não sei o que é. Ela falou sobre mim pra mãe dela, isso me deixou um pouco assustada, não vou mentir. Mas achei fofo ela não querer esconder algo assim da mãe. – Ela prestava atenção em cada palavra que eu falava e quando mencionei a mãe de Rafa, ela arregalou os olhos.
- Ela tá apaixonada, Gi. Do contrário, Dona Gegê nem sonharia sobre a sua existência.
- Eu acho que também estou. Mas aqui tá uma bagunça. – Falei dando dois toques em minha testa com a ponta dos dedos. – Eu nunca estive interessada em alguém que precise esconder isso.
- Eu entendo, mas estou feliz que vocês tenham se encontrado, ela merece alguém como você e você merece alguém como ela. Não deixe essas inseguranças e confusões estragarem isso.
Manu mal fechou a boca e Rafa já estava perto do suficiente pra ouvir, sentando em uma das espreguiçadeiras ao meu ela perguntou o que poderia ser estragado.
- Não se faça de sonsa, Dona Rafaella. Você vem mentindo pra mim há dias. – Manu falou em voz baixa, quase em um sussurro. – Tô falando pra vocês não estragarem o que estão começando. E sim, eu sei. E sim, esse laço que está no meu cabelo é da Gi. – Podia ser palpável a revolta na voz de Manu, mas também era engraçado o jeito que Rafa se encolheu fazendo parecer que a estatura de uma tinha sido revertida para a da outra. – Não seja lerda, você quase estragou todo o meu teatro. – Ela concluiu emburrada e quando eu olhei pra Rafa, ela estava segurando o riso, então eu não aguentei e gargalhei alto, fazendo com que elas me acompanhassem.
Oi, bebês.
Espero que gostem e tenham tido uma boa leitura. 🥰
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Puzzle - GiRafa
FanfictionGosto de pensar que nossa vida é um grande quebra cabeça, formado por vários outros pequenos - trabalho, família, amigos, amor - e eles são cheios de pecinhas, cada uma com um formato e tamanho diferente, que com o passar do tempo vão se encaixando...