VIII - E eu não?

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- Me desculpa, Titchela, eu não pude ir ontem. - Manu falou fazendo uma carinha de cachorro pidão assim que abriu a porta e me viu fazendo cara feia pra ela. Eu sabia que ela tinha aprontado pra mim e pra Rafa, mas eu não ia falar nada. Afinal, tinha dado certo e minha noite tinha sido ótima, mas ela não precisava saber.

- Me senti abandonada pela minha única amiga em São Paulo. - Estava fazendo um bico pra da veracidade ao meu drama. Mas antes que eu pudesse continuar fazendo a Manu se sentir culpada a porta foi aberta sem aviso. Pelo que eu entendi, Rafa tinha a chave e livre acesso a casa da Manu.

Nós havíamos nos despedido a menos de uma hora, mas deu tempo ela ir em casa se arrumar, mesmo que com uma roupa mais básica que a da noite anterior. Ela estava com um short jeans folgadinho, uma camiseta branca e tênis na mesma cor. Uma maquiagem leve escondia a ressaca que com certeza a acompanhava, se eu sentia a ressaca, provavelmente ela também sentia. Ela estava linda, enquanto eu estava com a primeira roupa que encontrei no guarda-roupa, uma calça preta e camiseta também preta e tênis, estava confortável. Prendi meu cabelo com um lacinho em um rabo de cavalo no topo da cabeça, se não fossem as olheiras que eu não fiz tanta questão de esconder diria que estava parecendo uma criança com aquela pituquinha na cabeça.

- Oi, Titchela. - Rafa me cumprimentou animada. Eu era a única de ressaca mesmo, não é possível. A mulher estava plena.

- Oi, Rafinha. - Me aproximei dela pra da um abraço e quase travei quando ela deixou um beijo no meu rosto. Por um segundo pensei que ela fosse me dá um selinho. E só depois que ela se afastou, quando o ar me faltou, foi que eu percebi que estava prendendo a respiração. O que era isso que eu sentia quando tava perto dessa mulher?

A gente tinha combinado de não falar pra Manu o que tinha acontecido na noite anterior. Era o melhor a fazer, eu não queria causar nenhum problema pra Rafa, então eu sugeri que não falássemos nada por enquanto e ela aceitou.

- Desculpa não ter aparecido ontem, fiquei presa em um evento. - Ela falou piscando. E a Manu olhou pra ela e eu notei uma certa decepção pelo plano dela não ter dado certo.

- Poxa, Titchela, ninguém apareceu mesmo? Eu pensei que as meninas iam conseguir ir. - Ela falou culpada e veio me abraçar. - Desculpa mesmo, eu devia ter me esforçado mais pra conseguir ir.

- Tá tudo bem, Manuzinha. No fim eu enchi a cara do mesmo jeito, era o que eu precisava.

Nós almoçamos um japa ótimo que ela pediu no aplicativo, afinal a Manu não sabia cozinhar e eu não estava com disposição pra ir pro fogão, elas comendo do meu tempero ia ficar pra outro dia.

Passamos a tarde conversando sobre bobagens e brincando, eu contei histórias de Vitória e coisas que aconteciam só comigo e minhas amigas de lá. Rafa e Manu pareceram curiosas pra conhecer as meninas. Elas queriam que eu levasse elas pra rosetar no Espírito Santo e eu estava empolgada com a possibilidade de mostrar o lugar que eu mais amava pra elas.

- Um dia eu levo vocês, Dona Márcia vai amar ter Rafa Kalimann na casa dela.

- E eu não? - Manu fingiu indignação, colocando as mãos no peito.

- É que ela é fã da Rafa, assiste todos os stories. Pirou quando eu falei que tinha conhecido ela. - Falei com um sorriso nos lábios e pensando que se minha mãe soubesse o quão bem conheci a Rafa, ela teria um pequeno infarto.

- Vai ser um prazer conhecer Dona Márcia. - O sorriso que fazia os olhinhos fecharem estava lá.

- Também vai ser um prazer conhecer Dona Márcia, não sou a preferida, mas eu vou adorar conhecer ela também. - Manu falou enquanto fazia um bico.

Puzzle - GiRafaOnde histórias criam vida. Descubra agora