Capítulo 61

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     Quando acordamos no dia seguinte, encontramos tio Bené e minha mãe conversando na cozinha. Perguntei onde meu pai estava e ela respondeu que ele tinha ido até a padaria. Nos sentamos para esperar painho com os pães pro café da manhã e tio Bené voltou a falar sobre a conversa que tinha acontecido ontem.

      — Meu sobrinho, irei lá na delegacia pra ver em que pé está o inquérito da injúria racial a você que é o caso que pode ser considerado mais grave, já que o da tentativa de agressão, você praticamente auxiliou os policiais a pegar os agressores. Depois irei na outra delegacia onde a agressão ao Ricardo foi registrada.

      — Tio, eu não engoli direito a atitude do primo do Ricardo ter vindo me pedir pra retirar a queixa.

      — Eu também acho que tem o dedo da tia Martina por trás disso. Meu primo não ia mudar assim de atitudes em tão pouco tempo. – Ricardo comentou, olhando de mim para o meu tio.

      — Bom dia galera, dinda, tio Bené... – Felipe falou animado, entrando na cozinha e dando um beijo na minha mãe. — Qual a boa de hoje? Cadê o dindo, dinda? Já foi pro trabalho?

      — Se sente aí e vá tomar café, que seu padrinho já deve estar chegando com o pão.

      Felipe foi se sentar, mas antes, pra não perder o costume, teve que dar um abraço de bom dia no Ricardo e em mim e tascou um beijo na bochecha de nós dois. Sentou-se ao lado do meu ruivo e quis saber o que estávamos conversando. Expliquei a ele o que estava acontecendo, enquanto tio Bené comentava outros detalhes que o investigador que foi contratado pela Luciana já tinha levantado.

      — Ricardo, o Pedro e a Mônica pretendem fazer o exame de DNA ainda essa semana e com o resultado em mãos, é bem provável que eles queiram abrir o processo de reconhecimento de paternidade com urgência. – Tio Bené disse pro meu namorado.

      — Ué, o mermãozinho é adot... – Felipe parou no meio da frase, só com o olhar mortal que mainha deu pra ele. — Desculpa dinda, não abro mais o meu bico...

      — Acho muito bom, fique bem sossegado aí... – Mainha falou, olhando sério pro afilhado.

      — Eu estou esperando por isso também, sr. Benedito. A minha mãe, quer dizer, a dona Mônica, me contou que eles querem ter essa resposta o mais rápido possível.

      — Oxe rapaz, me chame de tio Bené, afinal você já é da família... E pode deixar que eu vou cuidar desse caso também... Eu faço questão, já falei com eles.

      Painho entrou trazendo os pães e depois de ver que nós todos já estávamos de pé, se juntou a nós pro café da manhã. Depois do café, eu e Ricardo íamos nos arrumar pra ir pra faculdade, tio Bené foi ver as questões dos nossos casos nas delegacias, meus pais foram trabalhar e Felipe disse que ia aproveitar que estava no Rio de bobeira e ia fazer uma visita pro Fernando e pro Gabriel, e ainda ia dar uma passada na casa da dona Cida pra entregar umas lembranças que sua mãe tinha mandado pra ela.

      — Vê lá o que tu vai aprontar com o Gabriel e o Fernando, hein Felipe? Tu sabe o que eles já passaram na mão daquele merda do Jansen! – Falei seriamente com o meu irmão postiço ninfomaníaco.

      — Precisa se preocupar não, Marcinho. Não quero nada com os dois baixinhos, aliás, quero sim... Quero só ver se o zé ruela ainda tá por perto dos dois, porque eu não fiz o serviço direito da outra vez... Faltou comer o cuzinho daquele mané...

      — Felipe, olha o respeito na mesa! – Mainha ralhou com ele.

      — Desculpa, dinda, mas só desse jeito pra aquele arrombado parar de perturbar os dois... Depois que eu "papar" o Jansen, garanto que ele vai correndo atrás de mim em Minas e deixa o Nandinho e o Gabizinho em paz...

Anjo CapoeiristaOnde histórias criam vida. Descubra agora