Entrei em casa, minha mãe estava na cozinha, cheguei por trás e a abracei, como sempre costumava fazer.
— Você demorou meu filho, seu pai já perguntou por onde você andava!
— Mãe, já não sou mais um adolescente!
— Pra mim e pro seu pai, tanto você, como seu irmão vão ser sempre nossas crianças.
— Tá bom, Dona Do Céu. Cadê o pai?
— Está lá no quintal, parece que arranjou alguma novidade pra fazer e está lá no quartinho de ferramentas dele revirando aquilo tudo lá. – Minha mãe falou e voltou a prestar atenção nas panelas. — O jantar não vai demorar, vai lá fora e avisa teu pai.
— Tá bom, vou chamar ele e tomar um banho, tenho que resolver uns problemas.
Minha mãe parou o que estava fazendo e me olhou curiosa.
— Problemas?
— Nada grave mãe, só tenho que conversar com o Fernando.
— Hum, sei. Esse menino está precisando de alguém que realmente goste dele, você não pode ficar servindo de muleta sempre que aquele fulaninho lá apronta com ele.
Até minha mãe sabia o que acontecia com o Fernando, tinha que resolver isso antes de ter qualquer coisa com o Ricardo. Não podia ser igual ao mané que estava enrolando o Fernando e fazer o mesmo com o Ricardo, ficando com os dois ao mesmo tempo.
Fui até o quintal para chamar o meu pai pra jantar, enquanto pensava na melhor forma de juntar o Fernando com o Gabriel, e assim ficar livre para investir no ruivinho.
— Pai, mainha tá chamando pra jantar!
— Já vou filho, estava procurando a minha marreta que estava na caixa de ferramentas e não está mais.
— Vai marretar quem? – Perguntei rindo.
— Oxe esse menino, que bestagem é essa? Respeita mais teu pai não? Tome tento!
Tive que rir do meu pai, o mundo pode estar caindo e ele preocupado onde escondeu a marreta... Voltei para dentro de casa e fui tomar um banho.
Fiquei pensando na situação. Tinha que falar com o Gabriel antes de falar com o Fernando. Tudo dependia de quanto o Gabriel estaria interessado em conquistar o Fernando, que ele gostava dele, isso era evidente para todos nós que conhecíamos os dois, mas até que ponto ele estava disposto a ir, para fazer o Fernando esquecer o zé mané?
Tomei um banho, coloquei um short de futebol folgado e uma camiseta e fui jantar. Meus pais, como sempre, já estavam sentados, me esperando. As refeições para eles são sagradas, tem que ser à mesa, nada de comer sentado no sofá vendo TV.
— Então filho, sua mãe me disse que você está com problemas e é por causa do menino Fernando, o que aconteceu com ele?
Meu pai perguntou, já achando que tinha acontecido alguma coisa com o Fernando.
— É o de sempre, pai. O Fernando não esquece aquele lá, e eu vou ver se consigo fazer ele enxergar o Gabriel.
— Vai deixar ele? Você não estava namorando com ele?
— Pai, eu não estou namorando com ele, eu só seguro as barras do Fernando quando ele está mal.
— Oxe, mas não isso não tá certo, aquele abestalhado lá apronta com o galeguinho e ele fica todo de calundú, aí você vai lá e cuida dele, deixa ele todo faceiro, agora vai deixar o galeguinho pro filho da dona do mercadinho?
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Anjo Capoeirista
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