Capítulo 3

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     Entrei em casa, minha mãe estava na cozinha, cheguei por trás e a abracei, como sempre costumava fazer.

     — Você demorou meu filho, seu pai já perguntou por onde você andava!

     — Mãe, já não sou mais um adolescente!

     — Pra mim e pro seu pai, tanto você, como seu irmão vão ser sempre nossas crianças.

     — Tá bom, Dona Do Céu. Cadê o pai?

     — Está lá no quintal, parece que arranjou alguma novidade pra fazer e está lá no quartinho de ferramentas dele revirando aquilo tudo lá. – Minha mãe falou e voltou a prestar atenção nas panelas. — O jantar não vai demorar, vai lá fora e avisa teu pai.

     — Tá bom, vou chamar ele e tomar um banho, tenho que resolver uns problemas.

     Minha mãe parou o que estava fazendo e me olhou curiosa.

     — Problemas?

     — Nada grave mãe, só tenho que conversar com o Fernando.

     — Hum, sei. Esse menino está precisando de alguém que realmente goste dele, você não pode ficar servindo de muleta sempre que aquele fulaninho lá apronta com ele.

     Até minha mãe sabia o que acontecia com o Fernando, tinha que resolver isso antes de ter qualquer coisa com o Ricardo. Não podia ser igual ao mané que estava enrolando o Fernando e fazer o mesmo com o Ricardo, ficando com os dois ao mesmo tempo.

     Fui até o quintal para chamar o meu pai pra jantar, enquanto pensava na melhor forma de juntar o Fernando com o Gabriel, e assim ficar livre para investir no ruivinho.

     — Pai, mainha tá chamando pra jantar!

     — Já vou filho, estava procurando a minha marreta que estava na caixa de ferramentas e não está mais.

     — Vai marretar quem? – Perguntei rindo.

     — Oxe esse menino, que bestagem é essa? Respeita mais teu pai não? Tome tento!

     Tive que rir do meu pai, o mundo pode estar caindo e ele preocupado onde escondeu a marreta... Voltei para dentro de casa e fui tomar um banho.

     Fiquei pensando na situação. Tinha que falar com o Gabriel antes de falar com o Fernando. Tudo dependia de quanto o Gabriel estaria interessado em conquistar o Fernando, que ele gostava dele, isso era evidente para todos nós que conhecíamos os dois, mas até que ponto ele estava disposto a ir, para fazer o Fernando esquecer o zé mané?

     Tomei um banho, coloquei um short de futebol folgado e uma camiseta e fui jantar. Meus pais, como sempre, já estavam sentados, me esperando. As refeições para eles são sagradas, tem que ser à mesa, nada de comer sentado no sofá vendo TV.

     — Então filho, sua mãe me disse que você está com problemas e é por causa do menino Fernando, o que aconteceu com ele?

     Meu pai perguntou, já achando que tinha acontecido alguma coisa com o Fernando.

     — É o de sempre, pai. O Fernando não esquece aquele lá, e eu vou ver se consigo fazer ele enxergar o Gabriel.

     — Vai deixar ele? Você não estava namorando com ele?

     — Pai, eu não estou namorando com ele, eu só seguro as barras do Fernando quando ele está mal.

     — Oxe, mas não isso não tá certo, aquele abestalhado lá apronta com o galeguinho e ele fica todo de calundú, aí você vai lá e cuida dele, deixa ele todo faceiro, agora vai deixar o galeguinho pro filho da dona do mercadinho?

Anjo CapoeiristaOnde histórias criam vida. Descubra agora