Capítulo 7

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     Saí da casa do Gabriel, deixando aqueles dois lá aos cuidados da D. Cristina, e fui rapidamente para casa. Tinha que me apressar, já passava das seis e eu ainda tinha que ir até a Tijuca pra encontrar com o Ricardo. Entrei em casa como um foguete e fui me arrumar. Separei uma calça jeans e uma camisa gola V cor-de-rosa, deixei em cima da minha cama e fui tomar banho. Levei o celular pro banheiro, porque o Ricardo poderia me ligar.

    Terminei meu banho, voltei pro meu quarto para me arrumar. Minha mãe entrou no meu quarto, querendo falar comigo.

    — Márcio, meu filho, você lembra onde seu pai guardou aquele caderno que ele anota as despesas da casa?

     — Não tá na gaveta do móvel na sala, mainha? Ele sempre guarda lá! – Falei pra minha mãe

    — Vai sair hoje? – Minha mãe perguntou, olhando enquanto eu colocava a camisa. — Não teve aula hoje?

    — Vou sim, vou comer uma pizza com um amigo. – Respondi, já com a camisa no corpo. — Hoje não fui a aula, porque primeiro fui resolver a situação do Fernando e do Gabriel. E como só teria uma revisão pro primeiro simulado, então aproveitei e já resolvi tudo. E fiquei com a noite livre.

     — Amigo é? Perfumado desse jeito? Fala a verdade pra sua mãe, é namoradinho novo, né?

    — Bem que eu quero que vire, dona Maria do Céu. É um garoto que eu estou conhecendo. Vou ver se ele quer também, mas por enquanto é só uma pizza, que a gente vai comer!

     — Trate de trazê-lo aqui, que eu quero conhecer esse rapaz, pra ver se ele serve pra namorar o meu caçula!

    — Ê, dona Do Céu, sem essa de mãe controladora... Porque no final, sempre quem se ferra sou eu. A senhora e o pai começam a tratar os meus namorados como filhos e eu fico largado por aí que nem um zé-ninguém!

     — Deixe de drama, menino. Você sabe que eu e seu pai nunca fizemos isso! Onde já se viu, um filho reclamar que a mãe trata os namorados dele bem? Queria que eu fosse uma sogra megera, hein Márcio Antônio?

     — Ih, chamou pelo nome todo, O negócio ficou sério... – Falei, já rindo pra minha mãe.

    — E não venha com deboche pro meu lado, não é porque você cresceu demais, que eu não te coloco deitado nas minhas pernas, de bunda pro alto, e te dou umas boas palmadas...

     — Não tô debochando não, mãezinha. É que sempre acontece isso, a senhora e o pai, sempre que eu trago alguém em casa, conhecem o cara, e se gostam dele, já querem organizar meu noivado e casamento! Só não fizeram isso com o Felipe, porque já tratavam ele como filho mesmo, já que ele é afilhado de vocês. E eu fico largado pra escanteio...

     — Credo, meu filho tá ficando dramático agora! Deixa só teu pai saber disso! – Falou rindo, do drama que eu fiz.

     — Tá bom, dona Do Céu, mas a senhora não estava procurando o caderno de contas de painho? Deixa eu terminar de me arrumar, senão vou me atrasar, aí corre o risco de eu não arranjar namorado e vocês ficarem sem genro! – Falei, saindo de perto dela, porque sabia que eu levaria um tapa pela piadinha feita.

     — Ave Maria, tu me respeite, seu moleque! Dei...

     — Xa só teu pai saber disso! – Completei o que minha mãe tinha falado, rindo.

     — Tome tento, garoto, não tá falando com seus amigos não. – Minha mãe retrucou, já me dando um tapa na cabeça, quando me abaixei para calçar o tênis. — E vê se traz esse rapaz logo, pra gente conhecer ele!

Anjo CapoeiristaOnde histórias criam vida. Descubra agora