Capítulo 24

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     Entrei novamente na casa de meu irmão, um pouco depois de Felipe. O tarado já estava pendurado no pescoço da minha mãe, sua madrinha, e pelo jeito que dona Do Céu dava broncas no garotão, ele deve ter aprontado alguma... Tia Julieta também dava tabefes no braço do filho.

     — O que esse sem-noção fez? – Perguntei à Rosa, que chorava de tanto rir junto a seu irmão e ao meu irmão.

     — Puxou tua mãe pra dançar, enquanto tava tocando samba tudo bem, mas o demente colocou um daqueles funks proibidões e pediu pra ela fazer quadradinho... O sogro tá rindo até agora da quantidade de tapas que o safado levou da sogra...

     Tive que rir também... Tudo o que minha mãe mais detesta são esses funks com letras pornográficas, lá em casa esse tipo de música passava longe. Nem meu irmão e nem eu gostávamos de funk, éramos mais ligados em samba. Fui chegando perto de todos e tio Herculano veio até mim para se despedir, já que eles estavam indo pra casa descansar, pois voltariam no domingo para Minas. Me deu um abraço, cobrou novamente a minha presença em sua casa, pedindo que eu levasse o Ricardo junto comigo. Ele também queria conhecer melhor o meu namorado, por ele ser tão diferente do jeito do Felipe. Respondi que iria ver um final de semana que fosse mais calmo e carregava todo mundo pra um bate e volta, não só o Ricardo. Meu pai e minha mãe também, eles estavam merecendo um passeio. Já faz um bom tempo que os dois não viajam. A última vez foi pro batizado do meu primo, que tio Bené tinha adotado, mas eles ficaram só três dias em Salvador, não deu nem pra matar a saudade da terra deles. Isso já fazia mais ou menos quatro anos.

     Tia Julieta se juntou ao marido e me abraçou também. Veio me pedindo desculpas pelas atitudes do Felipe, dizendo que não achava certo o jeito assanhado dele comigo, já que eu estava comprometido. Disse pra ela ficar tranquila que eu sabia exatamente como o filho dela era e que contaria todo o ocorrido pro Ricardo, não escondia nada do meu ruivinho. Ela ficou um pouco mais sossegada, mas ainda irritada com o filho que estava cada vez mais safado.

     Os pais e o irmão de Rosa também estavam indo embora, juntamente a D. Cida, tio Herculano, tia Julieta e Felipe. Enquanto eu me despedia dos meus tios, os sogros do Quinho falaram comigo e foram saindo, Antônio me disse que na segunda-feira passaria no meu trabalho para conversar com minha chefe, para ver como a empresa onde ele trabalhava poderia fazer a doação de material escolar para as escolas que a ONG dava suporte.

     Felipe se juntou a nós dois e começou a brincar com Antônio, falando que de todos os vizinhos da gente, ele tinha sido o único que tinha escapado do charme do "Felipinho Todo Bom"!

     — "Felipinho Todo Bom", de onde tu tirou isso, maluco? Além de tarado, tá ficando narcisista agora também? – O cunhado do meu irmão falou, entre gargalhadas. — E além do mais, tu nunca ia conseguir nada comigo, te vi nascer, moleque! E tu sabe muito bem que sou hétero.

     — Infelizmente... Porque com uma raba dessas tu ia fazer o maior sucesso no vale! – Deu um tapa na bunda do Antônio e virou pra mim já rindo. — E não é só a raba, os homens das famílias de vocês são tudo pirocudo... Chega me dá um calor ver o volumão que vocês tem no meio das pernas! – Falou e passou a mão no meio das pernas do Antônio, que se assustou com a patolada.

     — Sossega a rabiola aí, mermão! Tua mãe tá doidinha pra baixar esse teu fogo debaixo de muita porrada... – Quinho, que vinha chegando na hora falou, enquanto que o Antônio ria do susto que o Felipe levou, por não ter visto meu irmão se aproximando.

     Eu e Antônio ríamos adoidado do quase desmaio que Felipe simulou quando foi surpreendido pelo meu irmão. Rosa que também estava próxima, se juntou a nós, querendo saber o motivo de tanta risada.

Anjo CapoeiristaOnde histórias criam vida. Descubra agora