Capítulo 67

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Márcio

      Acordei e Ricardo ainda dormia, apoiado em meu peito. Fui me espreguiçar e quase tive um infarto ao ouvir a voz de Felipe vindo da poltrona que fica debaixo da janela do meu quarto.

      — Ele é tão fofinho dormindo assim agarrado com você, Marcito!

      — Caralho, Felipe! Quer me matar de susto, moleque! Porra, como tu entra assim no meu quarto com a gente dormindo ainda? – Falei, puxando o lençol para que o tarado do meu irmão postiço não visse o corpo do meu ruivo, já que estávamos como viemos ao mundo.

      Ele deu a sua conhecida risada sacana e voltou a falar: — Ué, a porta não estava trancada e preciso levar um lero com vocês dois, longe dos ouvidos da dinda, senão ela me manda pra casa via Sedex.

      — Tá, mas não podia pelo menos ter esperado a gente acordar e levantar, e não invadir o meu quarto que nem um ladrão?

      Ricardo despertou com a nossa conversa e quando viu que era o Felipe que estava ali, puxou o lençol até o pescoço, totalmente envergonhado.

      — Bom dia Ricardinho, não precisa ficar com vergonha que eu não vi nada... Vocês tavam bem cobertos pelo lençol... O que eu achei uma pena... Mas a noite deve ter sido beeem divertida, pela tenda de circo que tava a coberta de vocês, com os dois mastros sustentando a lona! Só faltou o trapezista aqui pra se revezar neles dois, pulando de um pra outro nesse "picadeiro"... Devia ter me escondido dentro do armário, aí eu teria visto de camarote... – O sacana falou rindo, me ignorando e deixando Ricardo mais vermelho ainda.

      — Mermão, tu precisa se tratar, essa tua obsessão por sexo vai te deixar maluco! – Falei, enquanto pegava os nossos shorts que estavam perto do pé da cama. Vesti o meu e entreguei o outro pro meu ruivo que o vestiu por debaixo do lençol.

      — O que o Felipe quer? – Ricardo me perguntou, ainda sonolento.

      — Aquela mesma loucura que ele encasquetou e tava falando ontem com a gente... Ele quer pegar o teu primo pra deixar a gente livre dele.

      — Poxa Ricardinho, só preciso de umas dicas suas pra saber onde eu o encontro e como vou me aproximar do carinha. Se eu souber alguns pontos fracos do moleque eu já caio matando!

      — Vê lá o que tu vai aprontar, Lipe. O cara não é igual ao Jansen, apesar de ser encrenqueiro, esse tem as costas quentes. – Adverti o maluco. — E deixa a gente levantar direito... Daqui a pouco nós conversamos.

      — Pô, tinha que ser agora, depois que vocês forem tomar café, o tio Bené vai pegar vocês dois pra combinar o processo, depois vocês vão pra faculdade, aí eu vou tem menos um dia pra poder decidir o que eu vou fazer. Tenho que ver isso rápido, porque vou ficar só mais essa semana no Rio.

      — Já vi que tu não desistir dessa parada, Lipe! – Falei, vendo que ele não ia sossegar enquanto não desse um trato no Jefferson.

      — Claro que não, tu me conhece... Sabe que eu me amarro num desafio... – O moleque me respondeu rindo.

      Acabou que o Lipe perturbou tanto o juízo do meu ruivo, que Ricardo falou tudo o que ele queria saber sobre o comportamento do primo. Explicou os lugares que ele costumava frequentar, o tipo de amizades e até algumas manias do cara. Felipe ficou quieto, só escutando e pelo jeito que ele dava atenção ao meu ruivo, estava claro que ele já tinha alguma ideia maluca na cabeça. Levantei e fui tomar um banho, deixei os dois conversando. Quando voltei, toquei o Felipe pra fora do meu quarto e falei pro meu ruivinho ir tomar banho, porque ainda tínhamos um longo dia pela frente. Ainda brinquei com ele, perguntando se ele não queria que eu desse banho nele. Ricardo deu um sorriso tímido e respondeu que era melhor não, que preferia que eu deixasse pra mais tarde.

Anjo CapoeiristaOnde histórias criam vida. Descubra agora