Capítulo 43

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     Chegamos na república e enquanto Joana estacionava o carro, eu fui praticamente arrastado pelo meu namorado e pelo Andrei, para dentro de casa. Acabei rindo com o afobamento dos dois e Joana, que vinha entrando atrás de nós só falou:

     — E depois dizem que nós mulheres é que somos curiosas! Vai lá Márcio, que eles estão desde cedo querendo saber como foi o seu primeiro dia na faculdade...

     Ricardo e Andrei continuaram me puxando até a sala, para onde Sérgio tinha ido, depois de ter aberto a porta da casa para nós.

     — Seja bem-vindo ao clube... – Sérgio falou, já se sentando no sofá da sala. — E então cara, o que tá achando de agora ser um universitário?

     — Porra mermão... Foi minha primeira aula hoje... Não tem nada de diferente comigo, continuo o mesmo cara de sempre... – Respondi a ele, que riu e acabou concordando.

     — Não, Márcio, não é isso que a gente tá querendo saber... – Andrei se meteu. — A gente quer ouvir é se teve trote, e como foi... E por que você não tá todo pintado, como todo calouro volta pra casa depois do primeiro dia de aula... – Completou a fala, rindo.

     — Acho que isso é meio óbvio, né... – Joana comentou. — Duvido que alguém ia chegar perto dele e se engraçar a pintar um pedacinho sequer do braço do Márcio se ele não deixasse...

     — Eu ia, ué... – Andrei continuou.

     — Você? É ruim hein! – Joana e Sérgio disseram ao mesmo tempo, deixando o loiro sem graça. — Tu é o maior cagão. Se tu tivesse lá, era só o Márcio fazer cara séria pra você ir correndo se esconder debaixo da saia de alguma veterana... Tu só tem tamanho, moleque! – Ela completou.

     Me sentei, junto com Ricardo no sofá, ao lado do Sérgio, enquanto Andrei sentou na poltrona e Joana num puff que ficava no canto da sala. Puxei Ricardo pra junto de mim e comecei a responder ao interrogatório dos caras, enquanto dava beijinhos no pescoço do meu ruivinho.

     — Foi normal, igual ao primeiro dia no colégio, gente... Cheguei lá, fui saber onde era a sala que eu teria a aula, procurei, entrei, sentei e fiquei esperando o professor chegar e começar...

     Abracei o meu ruivo e comecei a fazer carinho nele, estava desde de manhã sem vê-lo.

     — Porra, foi tão chato assim? Não apareceu nenhum veterano falando que ia cortar o cabelo e raspar a sobrancelha dos calouros? – Andrei continuou com as perguntas.

     — Não tá acontecendo mais trote violento não, Andrei. – Ricardo falou. — O aluno pode ser expulso por causa disso se for pego.

     — É isso mesmo, por conta de casos de morte e acidentes em festas e trotes, os reitores estão incentivando cada vez mais o trote solidário em vez das brincadeiras sem noção. Aquele tipo de trote violento está proibido. – Joana concluiu.

     — Eu sei... Eu sei... Mas deixa o Márcio contar... E aí cara, já fez amizade com muita gente? Já conhece a turma inteira? Tem muita veterana gostosa?

     Eu tive que rir com a cara de indignado que Ricardo fez pro loiro. Ele estreitou os olhos como se estivesse prestes a dar uma bronca no Andrei. Meu ruivinho ficou muito enciumado com essas perguntas e depois de olhar bem sério pro companheiro de quarto dele, virou pra mim e perguntou, se roendo de ciúmes:

     — Você não ficou reparando em ninguém não, né Márcio?

     Ele ia perguntar mais alguma coisa, mas o interrompi com um beijo, não deixando ele continuar.

Anjo CapoeiristaOnde histórias criam vida. Descubra agora