Capítulo 18

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     Domingo ensolarado, perfeito para uma ida à praia. Não tinha me encontrado com o meu ruivo desde a quinta-feira na casa do Gabriel. Será que ele gostaria de pegar uma prainha comigo? Desde sexta, nós só falamos por celular e whatsapp. No sábado eles não foram na capoeira. Os pais do Sérgio tinham chamado todos eles para um almoço e como eu tinha meu compromisso com o grupo de capoeira, não pude acompanhar a galera da república nesse encontro.

     Ainda era cedo no domingo, pra ser exato 6:30 h, meus pais já estavam de pé. Costume deles de acordar cedo independente se era final de semana ou não. Quando me viram de pé, já imaginaram o que eu pretendia.

     — Vai passar o dia inteiro na praia? – Minha mãe perguntou.

     — Vai querer o carro emprestado, meu preto? – Dessa vez quem questionou foi meu pai.

     — Bom dia mãe e pai, eu devo ser muito óbvio pra vocês não perguntarem o que eu pretendia fazer. Em vez disso, já me perguntam se eu vou passar o dia na praia e se vou querer o carro!

     — Oxe, meu reizinho, faz tempo que tu não vai à praia, o tempo não tem ajudado. Mas dessa vez vai fazer aquele sol de rachar o "quengo" e você já está de pé a essa hora da manhã, eu sei que não vai ter roda hoje porque o Tarcísio me falou que ia visitar a irmã e só voltaria de noitinha. Então, pra você levantar cedo no domingo só tem um motivo: praia!

     — É pai, to precisando de uma prainha mesmo.

     — Então, vai querer o carro emprestado ou não? Senão vou levar pra lavar.

     — Tá bom pai, vou com o carro.

     — Venha logo tomar café, que acabei de passar. – Minha mãe me indicou a mesa. — Vai chamar o namorado?

     — Vou sim, tomara que ele não tenha marcado nada pra fazer. Não vejo o Ricardo desde quinta-feira, só falamos por celular.

     — Oxe, então tome seu café logo e vai buscar o bichinho de uma vez. Aproveita que está cedo e não deve ter muito trânsito ainda. – Meu pai continuou a comentar. — Se for pra zona sul, tem que chegar cedo.

     — Não pai, Copacabana e Ipanema ficam insuportáveis de tão cheias. Não dá pra chegar na água sem tropeçar em alguém, de tão lotado que fica. Vou pra Reserva ou pro Grumari.

     — Liga de uma vez pro garoto, Márcio Antônio. Bem capaz de você chegar lá e ele já ter alguma coisa pra fazer.

     — Tá bom dona Do Céu, tá bom... Já vou ligar pra ele...

     — Ave-Maria, os homens dessa família acham que todo mundo está a disposição deles! "Crendeuspai", vocês três são tudo farinha do mesmo saco!

     — Repare minha rainha, a gente não faz por querer não! – Meu pai ficou adulando minha mãe.

     — Tome tento Sebastião, não vem de "conversê" pro meu lado não, bora logo no mercado que eu preciso do camarão pro almoço. E meu filho, o que estás fazendo aí que nem um "dois de pau", que não ligou pro menino ainda?

     Fomos tomar café e eu tinha que pegar meu celular que tinha deixado no quarto. Minha mãe me encarava, como se dissesse "Tá esperando o quê pra fazer o que eu mandei?" e o meu pai me encarava com o costumeiro olhar de "Quando é que você vai trazer o menino pra conhecer a gente?". Depois de ter tomado o meu café da manhã, fui até o quarto pegar meu celular para ligar pro Ricardo. Liguei pra ele, mas como ainda era bem cedo, ele demorou a atender e quando o fez estava com a voz de quem tinha acabado de acordar.

Anjo CapoeiristaOnde histórias criam vida. Descubra agora