Capítulo 11

2.3K 239 100
                                    

     Rosa, minha mãe e dona Veneranda estavam na cozinha, quando finalmente entramos na casa de meu irmão. Como sempre, minha mãe queria tomar as rédeas do almoço, apesar de minha cunhada ficar insistindo que ela não precisava fazer nada, que estava tudo pronto, era só arrumar a mesa enquanto o almoço era aquecido.

     — Mas Rosa, eu estou mais que acostumada a organizar tudo. E você veio direto da capoeira com o pessoal, vá se arrumar, deixe tudo aqui por minha conta. – Minha mãe foi tentando convencer minha cunhada a deixar que ela comandasse o almoço.

      — Não precisa, minha sogra. Eu e seu filho já temos tudo esquematizado. Fique aqui com D. Veneranda, enquanto o Marco arruma tudo. – Rosa falou, enquanto chamava meu irmão. — Marco, arruma a mesa, já está tudo quente, coloca as louças na mesa, pro pessoal poder se servir.

     — Pode deixar, minha princesa! Mainha, deixe que eu e Rosa cuidamos de tudo, fique lá na sala junto com o povo. Vai lá ver o pai, que não para de cobrar o Marcinho de quando vai conhecer o novo genro de vocês...

     — Ai minha nossa Senhora, o pai de vocês não tem jeito... Vem Veneranda, tenho que pôr um freio nesse meu marido, ele tá ficando cada dia mais inconveniente com essa história do novo namorado do Márcio.

     E saíram as duas da cozinha, enquanto meu irmão e minha cunhada organizavam tudo para o almoço.

     — Amor, não vai dar todo mundo na mesa! Melhor deixar tudo arrumado e cada um se servir, de repente ficariam painho, mainha, você e D. Veneranda na mesa, enquanto que eu, mestre Mosquito e Marcinho nos ajeitamos na sala. – Meu irmão falou com minha cunhada.

     — É melhor mesmo, não caberia todo mundo sentado à mesa, melhor cada um se acomodar na sala mesmo. – Rosa concordou com ele.

     Enquanto eles faziam os últimos preparativos pro almoço, eu tentava convencer o insistente do meu pai que não tinha sido sacanagem da minha parte em não ter levado o Ricardo hoje na capoeira.

     — Pai, ele tinha que fazer os trabalhos da faculdade dele, ele também tem os compromissos dele.

     — Mas filho...

     — Nem começa, Sebastião! Teu filho sabe bem quando vai ser a hora de nos apresentar o rapaz! – Minha mãe se juntou a mim no momento certo. Ainda bem que ela não continuou acompanhando o pai na ideia maluca dele de me forçar a levar o Ricardo lá em casa o mais rápido possível.

     Aproveitei que minha mãe e D. Veneranda vieram pra sala e fui pra fora de casa para ligar pro Ricardo. Ainda não tinha falado com ele hoje, e se pegasse o celular na frente do pai e ligasse pra ele, era bem capaz do seu Sebastião tomar o celular da minha mão só pra conversar com o meu ruivo.

     Ele me atendeu no segundo toque do celular.

     R: "Alô!"

     M: "Oi meu anjo, sou eu, Márcio! Desculpa não ter ligado antes, mas tava na capoeira."

     R: "Ah, não tem problema! Eu estava estudando um pouco. Não quero deixar acumular matérias pra estudar perto das provas."

     M: "Dormiu bem? Acabou que não te liguei ontem, depois que cheguei em casa."

     R: "Dormi. Nem fiquei conversando com os garotos quando entrei. Tomei um banho e fui dormir."

     M: "Vai fazer alguma coisa à tarde? A fim de dar uma volta?"

     R: "Não sei, tenho bastante matéria para estudar. Acho que sair hoje à tarde vai ficar complicado. Tem alguém aí com você, to escutando umas vozes?"

Anjo CapoeiristaOnde histórias criam vida. Descubra agora