Minha mãe nos esperava na sala, querendo saber o que tinha acontecido. Meu pai não tinha falado para ela a parte da tentativa de agressão que eu sofri. Contou só que Ricardo tinha sofrido um acidente, pois foi o que ele ficou sabendo quando Rosa avisou meu irmão. Meu irmão veio com a gente pra casa, disse que queria que eu explicasse melhor o que tinha me acontecido.
Nos sentamos os quatro na sala, meus pais e meu irmão me encarando querendo saber exatamente o que houvera.
— Rapaz, deixe de nove horas e conte logo o que te aconteceu, viu. O que tu falava pra Marco quando eu cheguei? Que "marmota" foi essa de delegacia, que eu ouvi teu irmão falar? – Meu pai foi logo querendo saber.
— Ave-Maria, o que você foi fazer numa delegacia, Márcio Antônio? – Minha mãe me olhou assustada.
— Calma mãe, deixa que o mano vai explicar... Se ele também souber o que está acontecendo... Porque parece que o Márcio também não tava sabendo de nada...
— Valeu Quinho. – Agradeci meu irmão por tentar acalmar os coroas. — Mãe, pai, também tô tentando entender o que aconteceu. Só sei que na hora que eu saí da faculdade, vieram três zés pra cima de mim tentando me bater. Primeiro eu achei que era assalto, mas quando eles vieram pra cima, eu vi que algum mané tinha mandado me dar porrada...
— Mas por que delegacia, criatura? – Meu pai insistiu na pergunta.
— Passou uma patrulha e viu os caras vindo querendo briga, eu já tinha derrubado um deles. O policial desceu pra ver o que estava acontecendo, aí um dos caras viu o PM e correu. O outro PM correu atrás do malandro, enquanto o que ficou, rendeu o outro carinha que tava meio grogue depois da "queixada" que eu tinha dado nele. O primeiro eu já tinha arriado com uma "meia-lua"...
— E você foi parar na delegacia porque bateu neles? – Minha mãe falou, indignada.
— Não, mainha... Fui pra fazer um B.O. contra eles, e o outro PM era o Naldo da D. Veneranda. Eles que me levaram pra dar queixa.
Minha mãe ouviu, mas ainda ficou meio cabreira com a história. Ela e meu pai tinham quase certeza que tinha mais coisa por trás desse acontecimento, e quando eu falei que a Rosa e o médico que tinha atendido o Ricardo, comentaram que o meu ruivo não tinha sofrido um acidente e sim uma agressão, os dois se olharam, conversaram entre eles sem dizer uma palavra e por fim, minha mãe disse: — Você já sabe que vai trazer ele pra cá, assim que ele sair do hospital, viu meu filho! Aqui ele vai ter o amparo que ele não tem com a família dele. – Meu pai olhava e concordava.
— Eu já imaginava que a senhora fosse falar isso, mãe. Eu também quero trazer ele pra cá. Mas tenho que falar primeiro com a Luciana, irmã dele.
Contei da conversa que tive com ela, mas não falei sobre as desconfianças dela sobre o pai deles ter mandado surrar o próprio filho. Preciso ter outra conversa com ela e também ouvir o Ricardo, pois só então saberíamos o que realmente aconteceu. Não adiantava ficar especulando. Tínhamos que esperar ele contar.
Percebi que meus pais não aceitaram muito a ideia de conversar ainda. Pra eles, assim que o Ricardo tivesse alta, era pra eu trazê-lo direto pra casa. Meu irmão também não falou muito, o que era de se estranhar, porque geralmente o Quinho é o mais tagarela da família. Ele falou que estava indo pra casa e que depois conversava comigo. Minha mãe ainda perguntou se ele não ia ficar pra jantar, ele pensou bem e acabou sentando novamente no sofá pra esperar o rango... Fui tomar um banho pra me livrar do cheiro de suor, eu estava fedendo, sem um banho desde as seis da manhã.
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Anjo Capoeirista
RomanceAtenção! ******** Nova capa - Design by @BrunoJovovich ********** Se você estiver lendo esta história em qualquer outra plataforma que não seja o Wattpad, provavelmente está correndo o risco de sofrer um ataque virtual (malware e vírus). Se você de...