Este segundo em: 19:34

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Novamente naquele lugar. Goteiras, umidade e inquietude de uma trêmula chama de vela. Os ventos de fora sorrateiramente invadiam o corredor. Parecia que os trovejos iriam derrubar os móveis de um quarto, fazendo as velas porém fogo no cômodo, transformando os mofos em cinzas e os baldes de plástico em nada.



Por algumas horas que havia chegado, decisões rápidas e temporárias foram tomadas, devido ao início dos cuidados com o adoentado. Que por agora havia até sido marcado o horário que iriam ser apresentadas para a jovem misteriosa, dona do nome mais murmurado do lugar, à busca por baldes e velas pela mansão. Aiko e uma visível série de espirros, se sentaram em uma poltrona que estava coberta por um plástico transparente, deixada abandonada no corredor onde ficava seu antigo quarto. Ela jurava estar zonza de tanto sair e entrar do quarto de paredes acinzentas. Recordava que ela e Mina quase colocaram fogo naquele corredor, o cheiro de tecido queimado ainda permanecia ali, havia sido o resultado de um descuido proposital, por causa de orgulhos feridos.


Aiko encarou seu frio e escurecido quarto, buscava com o olhar alguma irregularidade ou alguma motivação para entrar nele, mas só encontrou um pálido arrependimento de não o ter decorado com sutis lembrancinhas de Sakura e pelúcias de máquinas de jogo, que ganhava em momentos que saia escondido de seus primos. Nada naquele lugar valia seu frenético esforço de buscar baldes para não inundar e velas para dar esperança de que a sombra do guarda roupas não fosse um monstro.

Ficar ali sentada estava ficando irritante, as gotas sujas que caiam das brechas do telhado, se chocavam com o fundo do balde em segundo, em segundo e as velas estavam trêmulas demais. Levantou-se, assou o nariz, esperando ser a última vez, ajeitou o moletom e amarrou seus cabelos com um lencinho rosa, que usava como adereço no pulso. Ela iria dar uma volta pelas redondezas da mansão. Checando o relógio em seu celular, garantia para si própria que retornaria antes do jantar.

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Não tendo pretensão alguma de se mostrar mal-interpretada, Aiko caminhava pacificamente pelo campo de grama baixa, não muito longe do canteiro principal de rosas, enquanto observava a forma densa aproximação das nuvens de coloração rósea, aquela formação de arcus¹ era assustadora, aparentava estar tão próxima a terra e prestes a cair, alastrando o pânico em poucos minutos, a medida que rolaria por todo aquele campo, uma ideia que conseguia induzir a falta de ar, até mesmo para aquela simples admiradora.


Um ar frio se manifestou, as árvores rangeram e as folhagens se rasparam, um longo e longínquo assobio foi escutado, não estava mais silencioso, que diante de estantes se iniciou um nevoeiro fino.

Passos param metros distantes de Aiko e o barulho das gotas de chuva sobre um tecido de nylon assinalava a proximidade de um alguém, que sabia que não demoraria para a chuva retornar.


– Eu realmente não acho que aquele assobio era o vento.– Comentou Kanato ao observar a distância, aquela cerrada da floresta de árvores tortas. – E você, Yumeriko?


Aiko virou-se para ele, percebendo que o primo estava muito mal agasalhado, usando uma camiseta de tecido fino de mangas longas e gola desgastada, calças de moletom e botas de chuva.


– Não seria bem visto se eu duvidasse da segurança da mansão. – Respondeu ela ao colocar as mãos nos bolsos do moletom em busca de aquecê-las.


O Sakamaki ajeitou o guarda chuva nas mãos, assinalando que ela estava se molhando. Aiko prontamente induziu as gotas de água a se dispersarem para os lados, longe de seu encontro.

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