Horas atípicas: 02:10

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Inquietude discreta, dinastia entre as nuvens que se dispersaram, debruçados para uma varanda, novamente na quase prisão e sem escolta, apenas o som noturno de folhas raspando uma contra a outra e movimentação da cidade próxima, luzes diminutas das residências e pensamentos altos.

– Os seus lobos falaram que a Mina fugiu e foi morta por causa disso.– Laito tocou o colar de metal que prevalecia preso.– E depois Subaru achou uma ideia "maravilhosa" matar alguns deles.– Ele acrescentou sem tirar a atenção da vista para o reino. – Meu irmãozinho nunca foi do tipo inteligente mesmo.

– Eu posso dizer que matei eles e mais ninguém será acusado.

Poderia ser tranquilizador para Yui, não permitir mais nenhum show de horrores feito por Carla, acabando por acobertá-los o quanto conseguisse. Laito nem disfarçou a surpresa com a convicção dela.

– Você diz que preciso ser "ruim" e Carla... bem, agora não tenho consideração por ele.– Yui formulava suas próprias palavras com mais clareza e ignorava o fato de também poderia sofrer consequências. – Digo que foi totalmente acidental.

– Acidental...– Ele assentiu com cinismo, achava uma graça Yui não ter notado um detalhe falho. – Matar os guardas que protegiam a torre que eu estou preso. Sugestivo não acha?– Laito enfatizou.

Yui cruzou os braços e os apoiou no parapeito, era ainda mais arriscado do que imaginava, se Carla realmente estava descontrolado ao ponto de querer a morte de cada um, ela teria que criar alternativas sem descuidos e rápidas para devolver o coração para Laito.

– Claro, mas se você não se importa de ouvir que somos amantes...

– Eu peço que descarte o que falei. – Yui voltou a admirar o horizonte e retirar os grampos  suspensos entre seus cabelos.– Vou pensar em outra maneira de ajudar...

Laito deixou de devanear com a vida distante e com discrição voltou a apreciar sua companhia, Yui guardava nas mãos os adornos que antes se encontravam bagunçados, parte do brilho de seu vestido estava perdido na umidade e ela começava a bocejar. Ele se martirizava por estar achando lindo a humanidade sociável, não existia uma relutância descriminaçao ou restrição de postura que sentia quando estava com seus irmãos, perto dela era peculiar, ela poderia ser como Laito sendo um vampiro, mas ele jamais seria como Yui convivendo com humanos. Recordando da última vez que a viu antes da mansão queimar, o Sakamaki recolheu os ombros e manteve distância dela.

– Nunca mais deixe o Tsukiname beber seu sangue.–  Soou como um aviso e não como um conselho simples.

Yui apenas assentiu, poucas palavras poderiam resumir o que sentia, tentaria ao máximo evitar tal ato novamente, mesmo que as chances fossem poucas, ela temia a própria força e talvez não soubesse exatamente o que poderia acontecer, se usasse a outra parte de seus poderes.

Última vez que estavam perto foi entre a nevasca que caia sobre os ombros e a visão que ficava turva, o ataque dos fundadores foi totalmente culpa da deliberação de Laito, ele entendia sua responsabilidade por deixar Yui ser sequestrada e seus irmãos presos. Tendo conhecimento que não poderia evitar outras catástrofes na situação atual, mas só deixaria se levar por sentimentos melancólicos nos sonhos e não na realidade, ele queria pelo menos que Yui conseguisse evitar que seu remorso aumentasse.

Laito Sakamaki
Um rei sem coroação.

– Esta escutando essa canção? – Uma pergunta involuntária, quando uma sonoridade ressoou para Yui e acabou sendo chance de evitar o assunto anterior. 

O sakamaki se afastou um pouco da área da sacada e pediu para Yui fazer o mesmo.

Uma nuvem dançante de morcegos passou diante dos olhos e árvores remexeram-se fazendo os frutos caírem no chão, os familiares formaram um círculo sob a cidade e alguns sentaram nos muros do castelo, delimitando o espaço na escuridão, a espreita e expansivos o bater de suas asas condizia com a música próxima, que intensificando o cheiro de amônia característico. Voltaram todos para o céu, não se conseguiria contá-los, suas sombras duplicavam a presença de cada ser, o farfalhares estridentes percorreram pelas muralhas e paredes ocasionado o rompimento da maioria das lamparinas do reino no mesmo instante, deixando para trás apenas a quietude árida, antes de globos oculares começaram a rastejar por entre os telhados, o calor fez o metal se dilatar e cada passo proferido pelos familiares era sentido.

Distinct Origins - Diaboliks lovers (AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora