Leurs yeux verts Laito

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Província Jiangsu, região sul da China.

Seu caminho sendo um reflexo de sua angústia, o amargor quente escorria ao rosto e a dolorosa sensação pontilhava sua tristeza. Com os pés descalços ele feria a pele entre as pedras, não conseguia ser descrito como aristocrata, desejava não poder mais ter a semelhança de um imoral, tão infantil queria fugir de casa como quase toda criança, porém sua vida diferente lhe apresentou cercas pontiagudas sujas de veneno, lembrando dos braços sem afeto de sua mãe Laito chorou mais um pouco e assou o lanhado nariz nas próprias roupas, ele não tinha conquistado a felicidade apenas por quebrá-lo, magicamente não estava melhor e nada feliz.

A palavra mãe ele resmungava, uma súplica que jamais seria atendida, ela não iria o pegar no colo e dizer que seus monstros não eram reais, mas mesmo assim Laito a chamava. Em histórias de era uma vez que Richter o comentava, jovens princesas sempre estavam em apuros, cavaleiros de astúcia as resgatavam de feras mortais, ele não sabia que categoria se encaixava, mas com certeza era do príncipe que descobriu ser uma fera imortal.

Chegando aos portões da mansão, Laito escalou a cerca entre as árvores com debilidade, não queria ser punido outra vez se fosse encontrado pela governanta, mulher humana condenada por um acordo que fez, nunca deixou de descontar sua raiva nele e nós seus irmãos. Quando colocou os pés sobre o concreto sentiu o aroma de grama úmida e recém cortada, os jardineiros trabalhavam apressados e seus ajudantes desesperados podavam os arbustos no formato de nuvens. Laito havia chegado em seu domínio, o lugar onde o designavam realeza intocada e perfeita, mas com suas condições passou despercebido que nem sequer o quiseram olhar nos olhos, parecia apenas mais uma criança que caia aos lamúrios frente a Karlheinz e pedia a ele comida.

Dezembro o mês de sua estimada irmã Guilhermina e de seu irmão Subaru, crianças que quase faziam aniversário no solstício de inverno, mêses atrás eles começaram a ficar distantes e frios como ele, não andavam mais curuziando por entre os corredores e Laito entedia a razão, sua mãe conseguia ser cruel o bastante para jamais esconder "as conversas de adultos" dos próprios filhos, ela não se importava com o abalo das mentes frágeis e dizia que permanecer na ignorância era o veneno mais letal para os homens.

Correndo por entre o espesso carpete Laito atravessou o hall e subiu as escadas na direção do corredor de seu quarto, leve como uma pluma e a sensação que o inimigo imaginário não o pegaria, esta criatura fazia ele sentir adrenalina, seus braços arrepiaram-se e o coração batia mais forte, Laito não sabia o nome certo para aquela sensação, mas sabia que ela o curava quando ficava triste, o sangue do seu nariz não importava mais e os arranhões muito menos.

Aquele ambiente tinha cheiro de infância, uma mistura de perfume de bebê e doce de morango. Naquele corredor que os quartos dos herdeiros ficavam, a iluminação se destacava, Mina e Kanato tinham medo do escuro, alguns carpetes estavam enrolados nos cantos, junto a alguns ursos de pelúcia, Aiko estava aprendendo a andar e precisava de certa segurança, havia três poltronas que Cordelia comprou para apenas Ayato, Laito e Kanato usarem, mas Subaru e Reiji que realmente as utilizavam para estudar observando o jardim e às vezes Shuu dormia encostado em uma delas.

Laito se sentou no chão, ficando de costas para a porta do quarto de Mina, ele bateu com a cabeça para trás sem querer e escutou um gritinho familiar, tentou demonstrar seu desgosto franzindo o rosto, porém as feridas arderam no mesmo instante e seu corpo caiu para trás, o aroma de talco o tomou para si e mãozinhas caíram na sua cara. Aiko dois anos e alguns mêses, impecável com suas meias brancas, fraldas limpinhas, um vestido de lã xadrez e duas marias chiquinhas não assimétricas na cabeça, Kanato gostava de fazer ela de cliente de cabeleireiro.

– Pare de me bater.– Laito permaneceu deitado no chão, sabendo que Aiko sempre parava para escutar quando alguém falava em francês. – Você sempre entende assim.

Ele percebeu que as palmas das mãos de Aiko ficaram manchadas de sangue e rapidamente pegou o lencinho que ela carregava e passou nelas, o escondendo em seu bolso depois.

– Verde.– Ela disse apontando quase no olho de Laito.

– Sim é verde. – Bufou virando o rosto para os meios passos que Aiko apresentava.– Os seus também são, até isso roubou de mim.

Ele mostrou a língua para Aiko, que ingenuamente não sabia o que significava e tentou puxar o rosto dele novamente. O pequeno Sakamaki não tinha conhecimento, mas aquela havia sido a primeira palavra de sua prima.

"Vert"

– Vai se sujar, pare de querer me tocar.

Aiko caiu em desequilíbrio de joelhos contra o carpete do chão, ela tinha escalado o cercadinho que estava, engatinhando e andando com seus passinhos calmos para ser derrubada por alguém que queria ver, o primeiro sentimento de mágoa se fez presente, suas bochechas ficaram vermelhas e os olhos lacrimejaram, um berreiro se iniciou e Aiko começou a puxar a barra de seu vestido. Laito ficou sério e levantou-se do chão, a pequena felicidade que tinha desaparecia.

A governanta chegou e o sangue de Laito manchou o vestidinho de Aiko, ele apanhou por fugir e por se machucar, e não seria a última vez que um veria o outro chorar.

Os dois foram trancados naquele quarto.

O castigo por má conduta e por gritar, esperavam quietos a única pessoa que os tiraria daquele lugar. Richter chegaria tarde para buscar os dois, ele pensava em evitar a filha por mais um tempo.

– É tudo culpa sua.

Com as bochechas úmidas de lágrimas Aiko encarou o primo, não existia muito o que ela fazer, limitada e aprendendo que seus choros solitários jamais seriam escutados, ninguém a pegaria no colo e seu instinto de bebê sempre seria ignorando por pessoas que não eram Mina, queria que o menino de olhos verdes também parece de chorar.

Vert.– Ela deitou no chão, cerrou os olhinhos e bocejou.

– Não entendo como consegue dormir depois de fazer um escândalo.– Laito evitou ver a serenidade adorável de Aiko. – Gringa remelenta, espero que não tente quebrar seu nariz para ser feliz, não adianta.

Distinct Origins - Diaboliks lovers (AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora