Atrasados impares: 05;05

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Uma meia hora de sono perturbado, ofegante e quase desorientado, perceber que havia sido acometido por um pesadelo, não parecia plausível. Por dormir não ser um hábito, cada parte dele se sentia desconfortável e a sensação de ainda estar sendo observado o atormentava, inquieto ele abraçava o travesseiro e voltava a cerrar os olhos, na escuridão eminente que agora se prontificou a ficar, reconheceu não saber o que iria encorajar.

O acolchoado de seda começava a cair e novamente, os travesseiros eram afastados por uma tentativa falho de buscar mais conforto. Se o luxo de seu quarto também apresentasse serenidade e calor, as janelas não romperam suas tentativas de fugir de suas obrigações, uma delas era tratar de seu rosto fragilizado e a outra era tentar se comunicar com seu pai. Assombrando pelas coisas que teria que fazer até o final da manhã, Laito se retira de sua comodidade e procurando acordar realmente, ele limpou a garganta e sentou-se sobre a cama, deixando a luz esbranquiçada da tela do celular o conduzir a digitar rapidamente os números já memorizados daquela pessoa, antes que perdesse o destemor.

Enquanto a chamada era encaminhada, o receio de Laito o induzia a bater as pontas dos dedos contra a cama em um ritmo descompassado. Estava sendo notável, que a cada segundo que passava, uma música entre o soar da linha e suas manias inquietas produzia uma partitura de palavras, que ele não saberia como reproduzir se seu pai porventura o atendesse.

Laito, meu filho!– Cantarolou Karlheinz rudemente. – Não pense você, que não fiquei sabendo o que fez.– Riu ele fingindo simpatia.– Não sei mais o que devo esperar, e cada dia que passa, estou mais certo que se não tomar uma iniciativa, vou pagar muito caro por isso...

Ele declarava aquelas palavras da mesma forma que passava a desconsiderar Laito, o interrompendo muitas vezes, Karlheinz não deixava o filho falar.

Se sua mãe estivesse aqui ela...

– Mas ela não está. – Suspirou Laito por fim tento voz naquele assunto.– Sabe pai, eu não quero tomar o seu precioso tempo e nem quero que você tome o meu, então poderia vir na mansão amanhã à tarde?

O cinismo sumiu daquela conversa, Laito tinha deixado o pai pensativo do outro lado da linha.

Se fosse Subaru me pedindo isso, com certeza eu iria.– Alertou Karl.– Mas se tratando de um caso perdido como você ou até Reiji, me recuso a comparecer para ouvir mais uma de suas tolicesses.

– Eu sou seu inimigo, Karlheinz? – Satirizou ele, autoritário ao levantar-se da cama. – Me trate como um inimigo e vamos negociar. Você tem muita vantagem sobre mim e eu só quero conversar.

Com desdém, Laito escutou o anúncio de que a ligação havia sido encerrada. Naquele momento sentiu um certo orgulho, depois de anos conduziu uma conferência com Karlheinz daquela forma. Pela primeira vez notava que sua ousadia havia o favorecido positivamente, tinha passado muito tempo quieto, apenas alisando como um dia poderia conversar de uma forma igualitária com Karl, perceber a facilidade que era estimular sua imprudência e esperar o resultado dela era fascinante, que chegava a o deixar eufórico com a sensação formigante de ter o controle de tudo.

Laito estava distraído demais se vangloriando entre a calmaria de sua banheira, que não percebia que os vidros das janelas de seu quarto craquelavam sinuosamente, aparentando conduzirem a recuperação de sua face outrora ferida, à medida que ele umedecia a água sobre sua pele. Seus poderes se manifestaram quando os fragmentos se estilhaçaram sobre o chão, pigmentados em um tom esmeralda, corromperam o carpete vermelho brocado e pode ser escutado praguejações vindas do quarto ao lado. Dando para si mesmo um momento, o Sakamaki apenas se preocupou em responder algo para o irmão depois que terminasse sua rotina matinal de autocuidado, sempre escolhendo com paciência qual perfume usaria a as roupas condizentes com seu humor, a ousadia sempre prevalecia. Diante do reflexo do espelho, onde só existia a modéstia sobre o bom gosto da própria alfaiataria e maneira despojada que a usava, Laito percebeu o que se mostrava inusitado. Incapaz de se aproximar ele continuava encarando o reflexo do espelho, o estado esquelético de suas janelas, que apenas portavam as madeiras de apoio e nada mais.

Distinct Origins - Diaboliks lovers (AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora