Uma meia hora de sono perturbado, ofegante e quase desorientado, perceber que havia sido acometido por um pesadelo, não parecia plausível. Por dormir não ser um hábito, cada parte dele se sentia desconfortável e a sensação de ainda estar sendo observado o atormentava, inquieto ele abraçava o travesseiro e voltava a cerrar os olhos, na escuridão eminente que agora se prontificou a ficar, reconheceu não saber o que iria encorajar.
O acolchoado de seda começava a cair e novamente, os travesseiros eram afastados por uma tentativa falho de buscar mais conforto. Se o luxo de seu quarto também apresentasse serenidade e calor, as janelas não romperam suas tentativas de fugir de suas obrigações, uma delas era tratar de seu rosto fragilizado e a outra era tentar se comunicar com seu pai. Assombrando pelas coisas que teria que fazer até o final da manhã, Laito se retira de sua comodidade e procurando acordar realmente, ele limpou a garganta e sentou-se sobre a cama, deixando a luz esbranquiçada da tela do celular o conduzir a digitar rapidamente os números já memorizados daquela pessoa, antes que perdesse o destemor.
Enquanto a chamada era encaminhada, o receio de Laito o induzia a bater as pontas dos dedos contra a cama em um ritmo descompassado. Estava sendo notável, que a cada segundo que passava, uma música entre o soar da linha e suas manias inquietas produzia uma partitura de palavras, que ele não saberia como reproduzir se seu pai porventura o atendesse.
– Laito, meu filho!– Cantarolou Karlheinz rudemente. – Não pense você, que não fiquei sabendo o que fez.– Riu ele fingindo simpatia.– Não sei mais o que devo esperar, e cada dia que passa, estou mais certo que se não tomar uma iniciativa, vou pagar muito caro por isso...
Ele declarava aquelas palavras da mesma forma que passava a desconsiderar Laito, o interrompendo muitas vezes, Karlheinz não deixava o filho falar.
– Se sua mãe estivesse aqui ela...
– Mas ela não está. – Suspirou Laito por fim tento voz naquele assunto.– Sabe pai, eu não quero tomar o seu precioso tempo e nem quero que você tome o meu, então poderia vir na mansão amanhã à tarde?
O cinismo sumiu daquela conversa, Laito tinha deixado o pai pensativo do outro lado da linha.
– Se fosse Subaru me pedindo isso, com certeza eu iria.– Alertou Karl.– Mas se tratando de um caso perdido como você ou até Reiji, me recuso a comparecer para ouvir mais uma de suas tolicesses.
– Eu sou seu inimigo, Karlheinz? – Satirizou ele, autoritário ao levantar-se da cama. – Me trate como um inimigo e vamos negociar. Você tem muita vantagem sobre mim e eu só quero conversar.
Com desdém, Laito escutou o anúncio de que a ligação havia sido encerrada. Naquele momento sentiu um certo orgulho, depois de anos conduziu uma conferência com Karlheinz daquela forma. Pela primeira vez notava que sua ousadia havia o favorecido positivamente, tinha passado muito tempo quieto, apenas alisando como um dia poderia conversar de uma forma igualitária com Karl, perceber a facilidade que era estimular sua imprudência e esperar o resultado dela era fascinante, que chegava a o deixar eufórico com a sensação formigante de ter o controle de tudo.
Laito estava distraído demais se vangloriando entre a calmaria de sua banheira, que não percebia que os vidros das janelas de seu quarto craquelavam sinuosamente, aparentando conduzirem a recuperação de sua face outrora ferida, à medida que ele umedecia a água sobre sua pele. Seus poderes se manifestaram quando os fragmentos se estilhaçaram sobre o chão, pigmentados em um tom esmeralda, corromperam o carpete vermelho brocado e pode ser escutado praguejações vindas do quarto ao lado. Dando para si mesmo um momento, o Sakamaki apenas se preocupou em responder algo para o irmão depois que terminasse sua rotina matinal de autocuidado, sempre escolhendo com paciência qual perfume usaria a as roupas condizentes com seu humor, a ousadia sempre prevalecia. Diante do reflexo do espelho, onde só existia a modéstia sobre o bom gosto da própria alfaiataria e maneira despojada que a usava, Laito percebeu o que se mostrava inusitado. Incapaz de se aproximar ele continuava encarando o reflexo do espelho, o estado esquelético de suas janelas, que apenas portavam as madeiras de apoio e nada mais.
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Distinct Origins - Diaboliks lovers (AU)
FanfictionEm meados de 2012, a jovem Komori Yui, namorada do prodígio poeta Mukami Ruki, se hospedeou na mansão dos herdeiros do governate da elite vampira. O que pouco tempo depois, acabou marcando o retorno das duas últimas mulheres que possuiam vinculo san...