Revogar tempos: 00:04 part 1

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Traiçoeira tintura marcando a terra, demarcando limites entre o perigo demoníaco e os ecossistemas divinos, escorrendo por entre as pedras ao brilho leste do luar, o comprometido ambiente de moradias isoladas estava sendo vistoriado por imponentes autoridades. As vozes ordenavam aos cães para a busca dos passos que deliberadamente sumiram na colina e,coberta por uma escurecida construção rural, a ferrugem e distância encobria o fugitivo.

Aiko os escutava e escondida permanecia, suja de respingos de sangue, continha a vontade de se remexer para tirar a sensação pegajosa de sua pele. O sangue frio pertencia a uma pessoa que jamais poderia ser usada daquela forma, por isso seus nervos estavam à flor da pele, cobrindo o rosto com as mãos recordava, os fundadores ainda queriam Laito e o artifício simbolizava que ainda tinham o desejo de derramar o sangue dos Sakamaki onde estivessem. Aiko foi aos poucos caindo entre o feno do celeiro, desconfortável por não saber o que fazer, aguardava em silêncio os soldados irem para os fiordes, seus parentes possivelmente a denunciariam e não demoraria para ser presa ou morta. Seus olhos aos poucos foram se fechando e cada vez mais a consciência ficava pesada; Laito teve parte de adão arrancada e sua feição tinha sido brutalmente prejudicada, a debilidade que o encontrou a fez ter receio o que poderiam fazer a ela. Os fundadores foram momentâneos aliados,mas Aiko nunca sentiu que eles fossem como Kino, jamais entenderam a mudança do plano e pouco compreenderiam o romper da aliança. Durante o confronto ela viu de relance nos olhos de Shin, a fúria deliberada enquanto lutava com Laito, algo grave tinha acontecido com Carla na época e neste momento eles estavam com mais poder e controle, conseguindo desaparecer com os principais inimigos de sua linguagem.

–Yumeriko.– Chamou em tom baixo a voz de Edda. – Eu vi eles aqui... eu senti o sangue de um Sakamaki ser usado, não quero que saia de onde está escondida.

Aiko remexeu-se entre o feno e entre as brechas do celeiro viu as feições da mãe, mas permaneceu apenas escutando o que lhe era anunciado.

– Eu desejo, Yumeriko, que você nunca mais precise sair de onde está escondida.– Edda agarrou a barra do avental branco que usava.– Me refiro a Noruega, não precisa ir embora, antes desta noite acabar vou aos fiordes e amanhã você estará com eles...

Ela estava apreensiva, entre palavras francesas vacilantes e o forte sotaque noruegues Edda tentava ser objetiva no que precisava declarar a filha.

– Yumeriko.– Edda colocou a mão contra o dorso. – Uma jovem chamada Yui está vindo ver você, tentei impedi-la de subir a colina, mas parece que só esperou eu sair do cais para...

Aiko levantou-se cambaleante do chão, o feno preso no chambre de tricô e nas botas, se existisse uma mínima possibilidade de ir para os fiordes, ela havia ido embora junto com a chegada de Eva. Parada na saída do lugar que a protegeu, ela entendia o novo problema que encontraria. O vento remexeu os galhos no telhado e adentrou o celeiro deixando as bochechas vermelhas e Edda após segundos de aflição fitou o estado de sua filha. Aiko reconheceu o receio familiar, as lamparinas das pilastras acenderam-se e a sujeira presa na roupa foi disseminada para o piso de madeira no instante que Aiko piscou os olhos, o sangue pegajoso não perturbava mais.

– Há algo ruim nesta jovem.– Edda se aproximou ainda mais apreensiva.

– Ela é Cordelia...– Aiko colocou o punho frente a boca e tossiu, quando viu a mãe dar passos para trás.– Ela tem os olhos de um meio sangue ou verdes como está grama?

– Ela é uma meio sangue no momento.– Respondeu sem hesitar.– Os Shimizu devem matá-la?

Edda lembrou do quão gentil foi a jovem quando conversaram, que perguntar sobre o futuro dela acabou sendo a maneira mais educada de se fazer perante Aiko.

Distinct Origins - Diaboliks lovers (AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora