Marco do casto: 14:20

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No horizonte de neblina, sentidos não descreviam, era como negar que ao longe um sino tocava e manifestava arbitrárias emoções. Punhos fechados e escorregadia grama, seguindo pela trilha quase vagando apenas com a semicerrada intuição, não era como saltitar em um "reino encantado".




Sendo inevitável caminhar por aquela mesma trilha e não se recordar de Richter, ele a guiava na frente, sempre se encontrava passos largos a sua frente, ela era menor em estatura e conhecimento, seus cabelos ainda eram longos e cobriam seus ombros, eram tão amarelos quanto favos de mel e tinham uma característica de ter personalidade própria, e sua voz ainda pronunciava a palavra "pai" em francês. Vez ou outra ela percebia que ele a olhava, era como fazia com as ovelhas para ver se ainda os seguiam, Aiko cansava sempre que subia a colina, tinha oito anos e seu pai a julgava por ser lenta.


No instante atual Aiko ergueu se para frente e viu que seu pai não estava ali, que não precisava correr como estava correndo para alcançá-lo, era apenas ela e a neblina, resultado este da hora da sesta da maioria dos moradores daquela região.


Antes quando ela não sabia amarrar os próprios cadarços, não havia cercas por toda a trilha, agora os terrenos estavam divididos e igualmente repartidos pelos herdeiros, os casarões de madeira tinham sido reformados, que mesmo distante dava para perceber as chaminés acesas. Ela contou cada residência como fazia quando criança, sabia que quando passe da décima segunda estava mais próxima do seu destino.


Pedras por seu caminho, estava começando a ser um alívio quando a porteira de ferro de uma específica fazenda já poderia ser visível, a qual teria que pular e correr mais rápido que as raposas de Richter. Quase a cinco passos, olhares que orbitavam solitários por entre a grama alta pararam e ficaram fixos a Aiko, eles iriam a atacar e ela não tinha um terço de força para contê-los, nada passava por sua consciência, apenas a culpa de enganar-se achando que seria uma tarefa fácil.


Mesmo ponderando suas ações, ela pôs as mãos sobre o ferro do cercado, uma linha translúcida que cobria a área brandiu e os familiares retornaram a atenção curiosamente para Aiko. Largando o receio entre as nuvens do ambiente, ela ergueu suas mãos em direção ao seus espectadores e entre os lábios recitou em francês "venham até mim, como o rei nunca abandonaria sua corte", foi inaudível, mas as raposas recuaram entre a grama alta e aguardaram o avanço de Aiko. O portão rangeu e sobre seu ombro foi ajeitado não apenas a alça da bolsa, mas também o alívio, tinha acabado de recitar uma frase descrita como universal para familiares da forma mais natural, mesmo ainda caminhando em passos rápidos, reconhecia que aquilo apenas havia funcionado porque algo de Richter ainda estava vivo nela, algo que não era apenas a coloração da pele e nem em alguns traços nipônicos, a arte do caos de causar um problema a Karlheinz e depois fugir.


Sua casa, onde nasceu e passou a infância.


Aiko quebrou a janela da sala com o punho, sendo objetiva puxou a pequena tranca e abriu a janela, antes dela por os pés na casa os familiares romperam o frio e a lareira foi ligada, a tv foi ligada e os cômodos foram todos iluminados, o lugar não tinha as proporções da mansão e tudo funcionava em decorrência aos seus comandos, tinha quatro familiares que a aguardavam e seguiam suas ordens. O conforto do ambiente era incomparável, muito mais por possuir entalos de uma infância e sim por parecer realmente um lugar de fuga, as luzes amareladas, o carpete marrom e pequenas tapeçarias nas paredes, pinturas de vendedores independentes que simbolizam histórias locais e a unica que mais a intrigava ficava sobre a lareira, nunca sabia dizer se era o Kraken ou uma sereia afogando um pescador, sua mente infantil ainda fantasiava sobre aquela imagem que falhava em caráter de proporção, Richter dizia que tinha haver com o mundo em que ela vivia, porque foi comprada antes dele descobrir que seria progenitor de uma mulher.

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