Com a sistemática sensação de temor e a presença de um entardecer obscuro. Repousar o olhar no horizonte cinza através daquele vidro empoeirado, não parecia um passatempo saudável. A melodia aveludada de um violino recém afinado, tomava sua atenção sucessivamente, realmente dentro daquele tumulto de pratarias e vozes, mais um alguém tentava espairecer.
Aiko, vestida dos pés à cabeça de roupas de frio, afagava as mãos para disfarçar a inquietude que sentia por estar abraçada na solidão real, esta que ela mesma havia colocado-se por impulsividade. Não era engano algum, quando os empregados começaram a falar sobre sua descrença na pessoa que ela era e de suas vanglórias a respeito de Laito, parecia que aos poucos se moldava uma nova realidade, aquela em que seu instável primo era um rei e ela voltava a ser inconfiável.
– Que merda... – Ela riu de nervoso, enquanto massageava as têmporas. – Se ele desiste-se de vir – Cogitava Aiko a respeito do atraso de seu tio.– Ou se...
– Shimizu-sama poderia não agourar a vossa alteza real?– Interferiu o mordomo acidamente.
– Não tome meus altos pensamentos como algo que tem o direito de se intrometer.– Aiko descruzou os braços e voltou-se para seu afrontador. – Shuu-san ou Komori precisam da minha assistência?
Estava sendo um cúmulo durante aquelas quatorze horas ouvir audácias dos empregados, eles pareciam a tratar como uma deles e se dirigiam com grande desrespeito.
– Miazaki-sama pode para que ajude a vossa alteza a se vestir.
– Laito!?– Grunhiu Aiko com a irracionalidade daquele pedido. – Em que século Mina acha que estamos?
– Estes são os pedidos dela...– Murmurou o mordomo desagradado com a alteração de voz.
– Eva é uma pessoa leiga de conhecimento das vestimentas tradicionais, não ele! – Argumentou ela sentindo que aquele momento era o início de confrontos sutis com Miazaki.– Quem irá a vestir?
– Kanato-sama.
Aiko ajeitou o cachecol no pescoço e com o cenho cerrado fechou os punhos, continha entre dentes mais um xingamento.
– Estudamos na mesma faculdade, tudo que ele sabe, eu também sei.– Respondeu ela seguindo caminho pelo corredor. –E Kanato odeia dirigir quando neva! Chegará em cima da hora, para não dizer atrasado! – Como um lapso de consciência e controle Aiko olhou para o mordomo por cima do ombro. – Coloque a alfaiataria bordô que Reiji trouxe para "sua alteza" de aniversário, faça alguns ajustes se necessário e o convença a trocar aquele chapéu pela corrente com contas de strass.
O mordomo assentiu, notava nela o ar de autoridade que não esperava que Aiko manifesta-se enquanto "fugia de suas responsabilidades".
– Por que Shimizu-sama não faz isso, se possui estudo sobre? – Questionou ele sem sarcasmo.
– Se vamos ser como os antigos... Digamos que não é bem visto uma dama vestir um homem que não seja seu marido.– Brincou ela.
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Sentindo seu humor melhorar com coisas razoáveis como um potinho de porcelana de cinco bolinhos de feijão doce, Aiko se distraía em seguir o som das harmoniosas melodias da composição de Beethoven, Fur elise, no violino. Encantador, descrito como algo semelhante aos dias em que Shuu gostava de fazer algo além de dormir e estudar, ouvir Eva tocar aquela música estava sendo um gratificante espetáculo de nostalgia.
Quando a distração de Komori terminou, a jovem respirou fundo, seus pensamentos de temor se suavizaram e quando sua timidez recebeu aplausos calorosos ela ficou mais radiante.
– Komori é esplêndida. – Elogiu Aiko confranquesa. – Me admira muito Shuu não ter a visto tocar.
– Fur elise não chega a ser uma composição que é apreciada por ele e nem por Laito.– .Comentou Eva cabisbaixa.– Eles dizem que é uma composição medíocre, que qualquer um consegue tocar.
– Christa-san foi aluna de Ludwig van Beethoven. – Inciou Aiko sentando-se no banco que ficava frente ao piano de cauda. – Ela se recusou a se casar com ele por motivos óbvios de suas diferenças, mas Beethoven, visivelmente magoado a presentou com uma partitura complicada e repleta de nuances para o piano. – Ela saboreou a curiosidade de Eva e apenas a ofereceu um compartimento de sangue. – A partitura original está com Hitori. Esta que tanto a indústria reproduz e só uma pilha de alterações para iniciantes tocarem. Mas gosto da simplicidade dela.
Eva menos envergonhada por beber sangue em frente de Aiko, conseguia distinguir sua consciência e se deixar imaginar como seria tocar uma desafiadora composição.
– Bom que você parece gostar de desafios. – Caçou Aiko antes de saborear um bolinho de feijão doce.– Se Hitori lhe permitir, seu solo musical poderia ser Pour Elise na noite da coroação.
– Pour elise...– Komori recolheu-se para trás com a possibilidade, o idioma francês a encorajava, um sorriso sonhador desenhado em seus lábios dizia muito sobre sua escondida personalidade competitiva. – Se Hi..Subaru deixar, acho que não tem problema.– Komori voltou a guardar o violino e o arco no estojo.
– Fica combinado desta forma, então.– Aiko se afastou do piano e pegou outro bolinho para dar a Eva.– Agora que bebeu seu sangue. Preciso que Eva me acompanhe até o quarto principal da mansão.
Komori não tinha ficado surpresa com o convite, sua intuição e as comoções ao seu redor já haviam alertado do momento que teria que se ver frente a um espelho, vestida como um alguém que afirmavam que ela era. Diferente de todos Eva não achava Aiko uma incopetente por ter "atrasado" a descoberta da adão, acreditava que a forma igualitária de cometer erros as tornava próximas, mesmo que tudo ao redor dizia que elas eram distintas.
O corredor da ala principal era visivelmente iluminado e limpo, o tapete abaixo de seus pés a faziam ter vergonha por suas botas surradas, as pinturas a óleo dependuradas exaltavam a autoridade que cada membro da família tinha de sutil ao vivo, Aiko tinha seus olhos cor limão, tonalizados com uma pintura preta ao redor de seu olhar triste e as vestes luxuosas de primavera da cor esmeralda e preto, com uma pele de urso marrom sobre seus ombros a deixava assustadoramente mais velha e seria do que normalmente era.
– Eu fiquei muito desconfortável com esse batom vermelho.– Relembrou Aiko para a curiosa Eva, antes de desemperrar a porta diante de si. – Mas isso é passado. Vamos vestir você para conhecer Tougo.
– Mas eu já o conheço...– Eva tenta não ser um alguém reparador, mas cada segundo que seguia Aiko pelo quarto se sentia mais encantada.
– Não, o seu eu da realeza ele e nem você mesma conhecem.– Retrucou Aiko abrindo o closet de um modo teatral.
Komori chamaria Aiko de exagerada com toda aquela teatralidade, porém quando pode contemplar o luxo da alta costura dos vestidos e roupas de veludo, seda, algodão e com delicadas contas de strass expostas aos manequins, ela ficou boquiaberta, admitindo pela primeira vez o quão bilionário era o clã Sakamaki.
– Cheri, por favor pare de vangloriar o bom gosto de Cordelia-san.– Alertou Aiko ao desalfinetar um vestido de seda bordô liso de um manequim.– Este tem as mangas longas e folgadas, faz valoriza você no corte da cintura e será necessário o uso de um espartilho, sem dizer que ele tem esse decote. – Aiko leu a insegurança no rosto de Eva e rapidamente abandonou aquela escolha.– Gostou de algum em particular?
– Talvez este aqui.
Shimizu sorriu, era perceptível o bom gosto da jovem rainha naquele momento, que de todas as formas não imaginaria que Eva fosse escolher um vestido completo como aquele.
– Quando Kanato ver cheri usando uma de suas estimadas criações... De tanta emoção ele é capaz deixar de enrolar Mukami Azusa por mais seis anos.
" Nada além de poucas palavras, o anteceder para o mais tarde deixa até o mais calmo ser, uma pilha de nervos."
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Distinct Origins - Diaboliks lovers (AU)
Hayran KurguEm meados de 2012, a jovem Komori Yui, namorada do prodígio poeta Mukami Ruki, se hospedeou na mansão dos herdeiros do governate da elite vampira. O que pouco tempo depois, acabou marcando o retorno das duas últimas mulheres que possuiam vinculo san...