º ● Capitulo 83 ● º

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POR FREDERICH

Afundei-me na poltrona analisando o presente que Arthur havia deixado em meus aposentos.

"Esse é o símbolo do meu pedido de perdão. Se o aceitar, saberei que fui perdoado e ficarei em paz."

Reli o trecho da carta escrita pelo rei, de próprio punho e em papel comum. A ausência do brasão da monarquia e do selo real não passou despercebido. Era uma carta de um irmão para o outro, com falas íntimas e palavras simples.

"Me perdoe, Fredie. Jamais pensei que meu ato de covardia pudesse acarretar tantos traumas e acrescentar tantos problemas. Sinto-me responsável, mesmo sabendo que não o sou diretamente. Também não tive direito a escolher minha vida e, talvez,  essa falta de autonomia tenha sido o motor da minha covardia."

Terminei de ler e abri a caixa retangular, em couro, na cor marrom, contendo a caneta que nosso pai usava para assinar documentos importantes do reino e fora um presente do rei Abner para seu sucessor. Porque Arthur estava renunciando a um objeto histórico e tão simbólico? Era chamado de "A pena do Rei" e pela tradição apenas o monarca em exercício podia usá-la.

Estava imerso em pensamentos, tentando configurar o que aquele presente significava, quando o assessor pessoal de Arthur entrou em meu quarto.

- Já está na hora do baile? - perguntei um pouco irritado pela intromissão.

- Vossa Alteza Real, perdoe-me. Receio que não seja mais possível a realização do baile final. - ele parou de falar e de me encarar. - Fui enviado para mantê-lo em segurança.

- O que está acontecendo?

- Parece que o palácio foi invadido por um rebelde e...

- Dave, sabe que eu sou o general, não é? Logo, ficar aqui, em um caso de invasão do palácio é absolutamente impossível.

Levantei-me imediatamente e comecei meu caminho para fora do quarto, mas ele se colocou na minha frente, impedindo-me.

- Que porra é essa, Dave?

- O rei foi alvejado. - ele falou finalmente - O capitão das forças militares já foi acionado. Sua posição como general o coloca como substituto de Sua Majestade, por isso, até termos certeza da segurança do palácio, preciso que permaneça aqui e me deixe fazer meu trabalho que é protege-lo. - a última frase foi dita em um tom de súplica.

O ar fugiu dos meus pulmões. Precisei de alguns segundos para me recuperar e reassumir o comando.

- Como disse, sou a pessoa do rei nesse momento, e como tal, exijo que me deixe passar ou você será punido de acordo com os rigores da lei.

- Frederich...

Não esperei que ele terminasse a frase e deixei o quarto no mesmo momento em vi a equipe médica removendo meu irmão, ferido, seguindo na direção das escadas. O choque da cena me paralisou e quando, novamente me esforcei para manter minha condição de comandante, outra me manteve com os pés fixos no chão: Celine, ajoelhada no chão aos prantos, sendo amparada por Melissa e minha tia.

- Cel... - andei até ela e me ajoelhei em sua frente.

- Feriram ele, Fredie. - ela me olhou em meio as ininterruptas lágrimas - Por favor, diz que vai ficar tudo bem? Se alguma coisa acontecer...

- Vai ficar tudo bem. Você vai ver. - tentei a acalmar, mas as expressões nos rostos de Mel e da duquesa me diziam que a situação estava ainda pior. - Para onde estão levando ele?

- Para o hospital militar. Alícia e Ishmael o estão acompanhando.

- Tia, cuida da Cel. Eu vou verificar se já apanharam o invasor e coordenar a segurança. Depois vou ao hospital.

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