º ● Capitulo 62 ● º

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POR FREDERICH

Nem mesmo a música alta do bar conseguia calar a voz de Celeste em minha mente, dizendo que "jamais dançaria com alguém do jeito que dançou comigo". Misturada a essa lembrança outras ainda mais intensas, de nós dois, nas colinas em Pandora, também se faziam presentes.

Eu estava sendo perturbado pelas memorias daqueles eventos. Ela tinha o dom de me tirar dos eixos, me desviar do foco. E mesmo sabendo o pouco valor moral que possuía, ainda assim, me sentia atraído por ela. Era inevitável e quase sádico.

Meu estado de torpor era duplo. Ela havia me deixado, definitivamente e sem rastros. Era impossível lidar novamente com a astucia de Celeste. Passei horas me perguntando como ela havia conseguido fugir do cerco que fazia sua escolta até Aillim? Eu mesmo tinha me certificado de que ela estava sendo transportada com segurança. Como era possível que oito homens armados, incluindo um capitão da Marinha, tenham sido enganados por uma menina de dezoito anos?

- Boa noite General. Bebendo sozinho? - uma voz feminina e conhecida me tirou do meu coma sentimental.

- Oi Cibele! Agora não mais. Senta aí! - apontei para o banco ao meu lado no balcão do bar.

- Assisti a transmissão do casamento real pela TV. Que festança! - ela comentou endireitando-se no assento - A rainha é perfeita. Linda mesmo. Seu irmão demorou, mas acertou em cheio na escolha.

- Celine é maravilhosa. Vocês estão em boas mãos. - bebi o resto da cerveja em um gole e sinalizei um novo pedido para a garçonete.

- E você, não gostaria de estar em boas mãos também? - ela arranhou minha pele com a ponta das unhas pintadas de vermelho, ao longo do meu braço e pressionou um pouco a palma na altura dos ombros - Você está tenso. Sabe que posso ajudar você a relaxar.

Olhei para ela através do espesso vidro da minha caneca de cerveja. Cibele era uma dessas moças de vida fácil, mas não era qualquer uma. Além de ser muito bonita, era inteligente e sempre nos divertíamos muito juntos. Era mais do que uma relação comercial, as vezes ela era uma excelente conselheira.

- Cibel, hoje eu não estou para sexo. Me deixa quieto, no meu canto.

- Fredie, sabe que para ter minha companhia, não precisa ter sexo comigo. Estou vendo que você não está legal. Podemos ir até o meu apartamento e conversar um pouco. Que tal?

A cerveja já estava fazendo o efeito esperado. O som das vozes e da música estava começando a ficar abafado. Menos a voz maldita de Celeste. Essa ainda ressoava em meus ouvidos.

- Você está muito bêbado. Desde quando está bebendo? - ela tirou a caneca de minhas mãos e depositou no balcão - Vamos sair daqui, antes que seja tarde demais.

A última coisa que me lembro foi de apoiar-me em Cibele e deixar o balcão do bar. O resto parecia que foi arrancado da minha memória. Só ficou um imenso vazio e a voz de Celeste me perguntando "porque eu a deixei sozinha?".

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POR MELISSA

Depois que deixei Frederich sozinho, lambendo as próprias feridas, voltei para a festa a tempo de ver a despedida de Arthur e Celine para a lua de mel. Algum tempo depois, me recolhi aos meus aposentos, onde tomei um longo banho e me preparei para dormir. As palavras de Frederich ficaram indo e vindo em minha mente.

"Será que eu dei alguma bandeira e ele percebeu o que estou sentindo?"

Nos últimos dias, passamos muito tempo juntos em aparições públicas, eventos sociais e acompanhando, a então princesa Celine, em seus compromissos oficiais. Frederich havia se comportado como um verdadeiro príncipe em todas as situações. Demostrando cuidado e afeição não somente por mim, mas especialmente pela cunhada. O que, alinhando ao fato ocorrido durante o casamento com a irmã da rainha, me levou a crer que ele nutria algum tipo de sentimento por uma das duas. Mas, a julgar pelo estado lastimável em que o príncipe regente tinha chegado no palácio, não me estava dúvidas que ele arrastava um contêiner de sentimentos pela outra irmã e o fato dele ter deixado ela ir embora, era o que estava maltratando meu primo.

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