º ● Capitulo 82 ● º

200 34 30
                                    

POR CELINE

As batidas sequenciadas do sinete anunciaram que o baile seguiria para o segundo ato: o jantar. Todos os presentes foram guiados para o salão, onde uma mesa fora posta e acomodaria os quase cem convidados selecionados para se juntarem a nós na celebração pelos trinta anos do príncipe e general Frederich. 

Seguindo a ordem da hierarquia de governo, Arthur tomou o acento na cadeira principal, ladeado pela rainha mãe e o príncipe-regente, à sua esquerda e a sua direita, respectivamente. Para a minha posição como esposa do monarca e rainha consorte do estado, foi designada a cadeira que ficava do lado oposto à do rei, entre os assentos do primeiro-ministro e sua esposa. A disposição dos outros convidados havia sido organizada de acordo com os títulos de nobreza e suas respectivas importâncias, e uma estranha alteração atraiu minha atenção. Percebi que a filha da duquesa não ocupava seu lugar ao lado do príncipe. Ao invés disso, quem havia assumido o posto de dama de companhia de Frederich, era sua verdadeira mãe, Annete.

"O destino organizando as peças do jogo."

Estava prestes a começar a procurar por Melissa entre os convidados à mesa, mas, o tilintar das taças atraiu minha atenção para meu marido.

Belíssimo, em seu traje de gala, Arthur se levantou para propor um brinde ao aniversariante.  Iniciou o discurso contando sobre sua felicidade ao receber a notícia da chegada de uma criança ao palácio, quando ele já estava entrando na fase adulta. Falou sobre a falta que uma criança lhe fez em sua infância e ponderou que, se Frederich houvesse nascido pelo menos dez anos antes, talvez, eles fossem mais unidos e grandes amigos. Lamentou todos os fatos ocorridos e reafirmou sua fraternidade e desejo de parceria no reino com o príncipe, a quem exaltou as  inúmeras qualidades e elogiou os serviços prestados no comando das forças armadas do reino.

Enquanto Arthur cobria o príncipe-regente de honras, a rainha-mãe praticamente o fuzilava com os olhos, sem qualquer discrição. Sua raiva era contida no lenço que apertava forte entre os dedos e escondia seus lábios. Qualquer pessoa ali imaginaria que ela estava emocionada com o discurso, menos eu. Principalmente após conhecer a história por trás do nascimento de Arthur e Frederich. Cordélia sabia que aquele era o primeiro ato de Arthur no caminho que o levaria a abdicação do trono em favor do herdeiro legítimo. 

Naquele momento, o que o rei estava fazendo era, preparando o reino e a Quadra para receber recebesse Frederich de braços abertos,  ressignificando a relação entre eles, borrando os atos que fizeram do histórico do príncipe um relatório pregresso. Era o rei carismático, diplomático e amado por seus súditos, exaltando seu sucessor, nas entrelinhas, deixando a transição mais fácil e menos trabalhosa. Apenas algumas pessoas naquela mesa sabiam que o discurso de Arthur tinha mais intensões que parabenizar o príncipe-regente. Era o início de sua carta de despedida, recitada com grande emoção por aquele que, na verdade, nunca foi o representante legítimo de seu povo.

- Vou me atrever a me dirigir a você de maneira informal, embora saiba o quanto odeia que eu faça isso. Principalmente na frente de outras pessoas. Mas, Fredie - ele olhou para o irmão com os olhos marejados e um sorriu - você sempre será o meu "imão". Não me interessa continuar regando com ressentimento e dor, os eventos no passado que abalaram nossa relação. Você é e sempre será parte importante dessa família, mesmo que isso não agrade a todos - somente eu e Annete percebemos quando o rei olhou rapidamente para a rainha mãe.

Arthur suspirou profundamente e ergueu sua taça para o centro da mesa, fazendo com que todos nós nos levantássemos e fizéssemos o mesmo. Em uníssono, desejamos vida longa ao príncipe-regente e, quando o tirilintar das taças cessaram, Arthur ficou de frente para Frederich e prosseguiu:

RAINHA CONSORTEOnde histórias criam vida. Descubra agora