RAINHA CONSORTE

º ● Capitulo 44 ● º

◤POR FREDERICH◢

- Frederich, eu... - ela se levantou, afastando-se um pouco e começou andar pelo quarto.

Fiz o mesmo, mas continuei parado próximo a cama.

- Cel, eu apenas te fiz uma pergunta. - respirei fundo antes de continuar - Você não acha que seja capaz de despertar sentimentos em um homem? Você despertou sentimentos em Arthur, porque não poderia ter acontecido comigo também?

- Frederich, não é isso. - ela passou as mãos pelos cabelos - Eu não me sinto confortável tendo essa conversa com você.

- Porque? - endireitei a postura e cruzei os braços.

- Porque você gosta de Celeste. Eu vi vocês dois juntos, uma coisa como aquela não acaba da noite para o dia. - ela me encarou com alguma emoção nos olhos - Você pode estar misturando as coisas, afinal eu sou idêntica a ela.

- Bom, idêntica fisicamente. Graças a Deus. - fiz uma pequena pausa e aproveitei para me aproximar um pouco mais dela - Cel, a meu relacionamento com sua irmã já começou falido. Eu e ela jamais poderemos ficar juntos.

- Porque? - ela pousou as duas mãos na cintura.

- Porque sua irmã não tem, não respeita e não aceita limites. Ao mesmo tempo que isso é encantador e frustrante. E eu não tenho paciência para lidar com isso.

- Celeste é só uma menina atravessada na cama, achando que cresceu. E se você realmente gostasse dela, não desistiria tão fácil. - ela afastou-se rapidamente de mim indo para o outro lado do quarto - Eu não acredito que meus olhos tenham se enganado. Eu sei o que vi.

- Porque você está se agarrando a esse evento passado, como se fosse uma tabua de salvação? De repente isso passou a importar tanto para você? Qual o motivo, não me aceitar?

- Não foi isso o que eu disse. Eu estou falando do que você sente por Celeste. Você está transferindo para mim, quando poderia estar tentando resgatá-la, dar uma segunda chance a ela.

- Você está realmente interessada em saber dos meus sentimentos por sua irmã? Você quer mesmo que eu dê uma segunda chance para a mulher que quase me ferrou, insinuando que era minha cúmplice no plano louco que ela mesmo inventou para te passar a perna? - então eu coloquei as duas mãos na cintura e a encarei - Cel, eu não estou apaixonado por você, pelo menos eu acho que não. Eu só sinto um carinho e uma amizade por você, que me torna obrigado a cuidar de você. Eu te prometi isso. Mas, em hipótese alguma eu vou perdoar sua irmã por tudo o que ela quase me fez. Você pode ter perdoado, mas eu não sou tão bom quanto você, então...

Ela ficou parada, me olhando fixamente, de modo contemplativo, ouvindo cada palavra do que eu dizia. Mais uma vez, me peguei admirando sua recente evolução. Celine não era mais tão boba, inocente, ela havia aprendido a ponderar, a observar, tinha se tornado esperta e muito habilidosa com as palavras. A rainha estava ali, barganhando, negociando comigo, diante de uma situação nova, imprevisível e fora do seu controle. Aquilo era fascinante e assustador. Talvez, a Celine de agora sempre estivesse dentro dela, guardada, esperando a oportunidade para desabrochar. Talvez ela tivesse nascido da dor, do desespero, da angustia de ter sido traída pela pessoa que ela considerava a mais importante da vida dela, da eminente necessidade de tornar-se forte e capaz de decidir sobre o que ela realmente queria.

Eu não seria idiota em me colocar entre ela e Arthur. O infeliz tinha feito seu caminho para o coração dela com sentimentos e atitudes concretas. Eu realmente duvidava que aquilo tudo fosse sincero da parte dele e era por isso que eu sempre estaria por perto, para protegê-la. Embora naquele momento eu estivesse assistindo-a crescer e aprender a se defender, a lutar por ela, a abrir a boca e dizer o que estava sentindo. Eu me sentia orgulhoso por ter visto aquela Celine surgir e se expandir pelo corpo pequeno e magro da mocinha inocente de Pandora. Ela estava pronta para cumprir a missão que o destino lhe reservara.