º ● Capitulo 54 ● º

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POR CELINE

Foram aproximadamente quarenta minutos de brilhos e cores sendo espalhados pelos céus de Concórdia. Um espetáculo tão lindo, que prenderam meus olhos e minha atenção do início ao final.

Consciente da presença de Arthur ao eu lado e da importância da minha própria presença ali, coloquei mais uma vez em prática o ensinamento da fé que agora processava como minha. Com os olhos fixos no céu, fiz uma oração pedido sabedoria e coragem para enfrentar tudo o que viria pela frente. E entregando a decisão que havia tomado nas mãos de Deus.

- Feliz Ano Novo, Cel. - sua voz atraiu minha atenção, no mesmo instante em que eu dizia "amém" em minha prece silenciosa.

Os olhos dele brilhavam emocionados, iluminados pelos flashes de luz. Ele não era nem a sombra do homem que eu havia deixado prostrado no chão, dias atrás, devastado e humilhado por sua confissão. Naquele momento, ele era exatamente o Arthur das colinas - o meu Arthur - com seus lindos olhos azuis e seu sorriso levemente sensual e maroto.

- Feliz Ano Novo, Arthur. - respondi sorrindo, deixando que o calor que irradiava de seus aquecessem meu coração.

- Obrigada por ter vindo. Você me livrou de uma tremenda saia justa, essa noite.

Impressão minha ou ele estava com medo de que eu não viesse?

- Eu vou entender se você quiser aproveitar que já está aqui e recusar meu pedido de casamento. Eu reconheço que sou um fardo pesado e muito difícil de carregar. Por isso, mesmo que me doa profundamente, não se sinta mal e nem obrigada a prosseguir com o resto da programação.

E lá estava o medo rondando o homem mais poderoso de Concórdia. Ele estava se dobrando de novo, abrindo mão de si mesmo, diminuindo-se, entregando os pontos.

- Do que você tem medo Arthur? O que te assusta?

- Tenho medo de não te merecer, de não ser tão grande quanto você. De não ser o que você precisa, de não ser capaz de ser para você o homem que você sonha que eu seja. - a linha d'água dos seus olhos se encheu - De algum dia, o ser monstruoso que me domina, voltar e machucar você. Eu morreria se te fizesse algum mal, Cel. - uma lágrima solitária escapou dos seus olhos.

- Você não precisa ter medo de não ser o homem que eu sonhei. Eu nunca sonhei com nada parecido com o que você demostrou ser para mim, isso tudo está além do que eu poderia imaginar. Mas não vou mentir que, sua outra vida me assusta e me preocupa a ideia de que, de repente, algum dia, você volte a querer essas coisas. Eu não posso ser essa mulher para você, Arthur. Eu não posso substituir Timby. - falei francamente, sem deixar de olhar em seus olhos.

- Eu jamais desejei que você fosse ele. Eu nunca iria querer que você se submetesse a nada daquilo. Eu não quero mais ser daquele jeito, eu não quero mais fazer aquelas coisas. Eu quero você e essa pureza e sinceridade de vida. - ele segurou meu rosto em suas mãos - Eu preciso de você ao meu lado, para não ser mais aquele Arthur.

- E o que vai acontecer, se você sentir vontade de ser o outro?

- Cel, você não entendeu ainda? O outro só volta a existir se você quiser. Ele é subordinado a você. Se você diz que ele não pode ficar ele sai. Você é quem tem poder sobre ele. - ele fechou os olhos e seu tom de voz ficou baixo, quase um sussurro - Diga que você vai ficar, Cel. Por favor. - encostou sua testa na minha e eu fechei os olhos para não vê-lo chorar.

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