Na semana seguinte...
◤POR CELINE◢
O assessor de Arthur me encarava como se eu tivesse três cabeças. Imaginei que seu assombro se devia ao fato de ter estado diante de minha irmã gêmea, por isso me limitei apenas a cumprimentá-lo e explicar o meu plano.
- Certo senhorita! - ele ainda estava assombrado - Podemos partir quando quiser.
- Iremos em alguns instantes. Antes eu preciso fazer uma coisa. Não vou demorar.
- Estou à sua disposição. Iremos quando achar que é conveniente.
Deixei a sala de estar e subi os degraus indo na direção do gabinete de Frederich. Eu tinha me preparado psicologicamente para a despedida, mas quando ela finalmente chegou, eu percebi que não estava pronta ainda.
Dei leves batidas na porta, girei a maçaneta e espiei dentro da sala. Ele estava sentado à mesa, com os olhos voltados para alguns papéis.
- Frederich?
Ele levantou as vistas e seu semblante mudou. Diferente das outras vezes que eu entrava ali, daquela vez ele não sorriu, formou uma linha fina boa lábios e me convidou a entrar.
- Já está indo? - ele depositou os papéis sobre a mesa e cruzou as mãos sobre eles.
- Sim, vim me despedir de você, por enquanto. - falei apertando o tecido do meu vestido - Em alguns dias te vejo em Concórdia e...
Interrompi a fala ao sentir um bolo formar- se em minha garganta. Eu não sabia que despedidas era tão dolorosas. Nunca precisei me despedir de ninguém. Meus pais morreram sem me dizer um adeus, Celeste me traiu e não disse nem um até breve. Era uma situação nova e muito estranha para mim. E eu estava tentando lidar com ela de uma maneira menos doída.
- Só vamos nos encontrar em eventos oficiais, Cel. Sabe que eu não costumo frequentar o reino por motivos informais. - ele afastou a cadeira e levantou-se - Mas não se preocupe. Eu sempre vou dar um jeito de falar com você, longe de todas as formalidades e regras.
- Eu ficarei muito feliz se você fizer isso. Eu prezo muito sua amizade, Frederich. Você se tornou importante para mim.
Seu olhar era complacente e incrivelmente brilhante. E eu vi algo semelhante a um sorriso, mas muito diferente e encantador surgir em seus lábios. Era espantosamente singular apreciar o príncipe consorte sorrindo. Era como se o mar estivesse em calmaria na superfície e revolto na profundidade. Era bonito, perturbador, extravagante e delicado. Mas ainda assim um lindo sorriso.
- O que foi? - ele me perguntou não notar que eu lhe encarava diretamente.
- Você transmite uma série de coisas quando sorri. Porque você sorri tão pouco?
- Não sorrio pouco. Quando eu sorrio, o faço por causa de você. Você me faz sorrir.
O impacto daquelas palavras foi profundo e desconcertante. Eu não sabia com o tipo de mensagem que ele estava me enviando. Já tínhamos conversado sobre aquilo, e combinamos que éramos como irmãos. Mas, por mais inocente que eu fosse, estava tudo claro e transparente como água. O príncipe consorte estava manifestando seus sentimentos por mim de maneira velada e enigmática.
- O sorriso é uma expressão do espírito, General. Fico feliz que eu tenha conseguido alegrar o seu.
Ele me ofereceu seu abraço e eu me aconcheguei nele. Enquanto era envolvida por seus braços, fiz uma oração silenciosa, onde entreguei o coração do Príncipe a Deus e pedi que ele o guiasse por caminhos de luz e dissipasse as trevas que o cegavam e impediam de ver a vida com clareza e bom ânimo.
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RAINHA CONSORTE
Romance🥈2° Lugar no Concurso "Mystic Queen" do Projeto Místico (Wattpad). "Ela herdará um reino que não era seu. E um amor que lhe será negado." A vida das gêmeas Celine e Celeste está prestes a mudar completamente. Inseparáveis desde a trágica morte de s...