º ● Capitulo 33 ● º

346 75 70
                                    

POR CELESTE

"Uma armadilha! Eu caí numa armadilha!"

E o pior é que eu não fazia ideia se o rei e o príncipe estavam juntos nessa, ou se cada um estava por conta própria.

- Senhorita Verditte? - o rei sugeriu que eu começasse.

- Arthur... - comecei a falar e fui interrompida por seu dedo indicador erguido e voz perigosamente calma.

- Majestade! - ele me corrigiu e continuou - Todos nessa sala temos consciência de que você não é quem diz ser. Então, com exceção dos momentos em que será preciso uma falsa intimidade, o tratamento entre mim e a senhorita deverá ser formal. - Não somos amigos. E caso não tenha percebido, é uma prisioneira nesse palácio. Não é uma hospede.

Diferente do homem sem controle e autoritário do dia anterior, Sua Majestade agora aparentava calma e uma palpável frieza. Enquanto sentava-se na cadeira da cabeceira da mesa, ele confirmou a dúvida que permeou meus pensamentos: Estava no controle. Eu e Frederich éramos apenas piões naquele momento. Minhas mãos tornaram-se geladas e o ar tornou-se pesado e irrespirável.

- Desculpe-me, Majestade. - desviei os olhos para o copo em minha frente, incapaz de continuar interagindo com seu ar de superioridade e desprezo - Tudo o que eu sabia, já lhe contei. Sendo assim, não tenho mais nada para falar.

- Tem sim! E eu estou muito interessado em ouvir, Celeste Verditte.

Frederich tomou a palavra, os olhos frios e raivosos cravados nos meus. Eu era um pedaço de trapo velho e sem qualquer valor, sendo olhada de cima pelos irmãos Emor. Quando eu tinha realmente perdido o controle da situação? Será que alguma vez tive controle sobre essa situação, ou estava sempre sendo movida pela minha ridícula presunção?

Embora estivesse ferida, não estava abatida. E não tinha a menor intenção de perder essa batalha, muito menos a guerra. Endireitei minha postura à mesa, e encarei profundamente aqueles olhos azuis inquisidores.

- Toda a história, Vossa Alteza! Absolutamente tudo o que aconteceu desde a minha saída de Pandora até chegada a esse palácio. Acredito que seja de seu conhecimento também, porque ser redundante e contar toda a história? - respondi com calma e uma frieza milimetricamente calculada.

- Esse é justamente o ponto. Que história exatamente você contou para Arthur? A parte em que você foi sórdida e sorrateira como uma serpente e se enfiou na limusine oficial portando os documentos roubados de sua irmã?

Arthur encostou-se na cadeira e apoiou um cotovelo sobre a mesa e a mão sob o queixo. Parecia interessado em estudar as minhas reações ao mesmo tempo que se dava conta de que eu não tinha contado a verdade.

- Isso também. - respondi e sorri para provocar Frederich.

- Eu acho que vocês dois poderiam pular essa parte e me expor os detalhes pessoais do plano de vocês. Estou realmente interessado em saber, como você pretendia fazer com que a senhorita Verditte se passasse por Celine e, ao mesmo tempo, promovesse sua carreira como cantora em Nova Iorque, Frederich?

E o momento para Sua Majestade revelar minha farsa não poderia ter sido pior. Eu não tinha previsto que esse movimento, e por ter sido pega de surpresa, não tive como preparar uma defesa que me absolvesse da fúria de Frederich que se apresentou logo em seguida

O som das louças finas dispostas sobre a mesa para o café da manhã despedaçando-se e dos talheres caindo no piso da sala de jantar, espantou até mesmo Arthur. E em dois passos, Frederich me alcançou arrancando-me da cadeira e chacoalhando-me furiosamente.

RAINHA CONSORTEOnde histórias criam vida. Descubra agora