º ● Capitulo 51 ● º

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✤✤ continuação do capitulo anterior ✤✤

POR ARTHUR PHILLIP

Ela me encarava com duas pérolas negras reluzentes e inocentes. Aquilo fazia meu estômago embrulhar à medida que o momento de revelar minha pior face se aproximava.

Embora minha mente insistisse em lembrar o que ela havia me dito há algumas semanas, no palácio Blanchet, na ocasião do nosso reencontro. Eu sabia que ela me abandonaria no instante em que contasse. Ela era pura demais para suportar minha sujeira. E aquilo me provocava ânsias quase incontroláveis.

- Ainda não acabei de lhe contar tudo, Cel. Resta uma parte, a pior, na verdade.

Curvei minha fronte e escondi meus olhos dos dela. Eu estava envergonhado, mas não havia um caminho de volta, já era o fim da linha para mim.

- Ainda estou aqui Arthur. E não vou a lugar nenhum até que me conte tudo o que tem guardado aí dentro.

Levantei e fui até meu lugar favorito no gabinete. Entre as cortinas e a janela. Era tão confortável, funcionava muito bem como esconderijo para mim. Ali eu via o mundo que eu governava, sem quem ninguém me notasse.

- Você falou sobre estar vivo e ter um tempo. Não acho que o tempo resolvesse as coisas agora. São vinte anos e contando.

- São vinte anos se culpando por algo que está além das suas competências humanas. Amor não se explica Arthur. E nem segue uma ordem eclesiástica ou monárquica. O amor não respeita gênero, cor, raça. Ele existe e transcende barreiras, as mais fortes e mais bem construídas.

- Cel, o amor não foi meu companheiro em toda a jornada. Houve uma época, em que ele me deixou. E a soberba, o orgulho, a altivez tomaram conta do meu corpo como plantas carnívoras. Devoraram a minha carte e se apoderaram do meu espírito.

Senti sua presença atrás de mim, eu não precisava virar-me para saber que ela estava apertando os dedos entre as mãos. Ela sempre fazia isso quando estava nervosa, e sua respiração denunciava seu estado a poucos centímetros das minhas costas.

- Depois que meu pai faleceu e eu assumi definitivamente o comando do reino, eu senti o gosto do poder e me deixei embriagar por ele. Foram de anos totalmente entregue à sensação prazerosa de comandar e ser obedecido. E isso chegou até o meu relacionamento com Timby.

*Flashback On

Era início de verão e estávamos todos ansiosos pelos festejos dos meus trinta e nove anos.

Todos os anos eu fazia uma suntuosa celebração. Mas, quando meu pai morreu, eu tinha trinta e cinco anos, então optamos por comemorar meus aniversário de maneira discreta nos anos seguintes.

Mamãe enchia o iate real com as mulheres mais lindas e refinadas da corte, com a intenção de fazer alguma delas uma pretendente a coroa. Mas eu não dava a mínima. Eu só tinha olhos para Timby e seus híbridos olhos.

Naquele ano, eu quis que as comemorações voltassem a todo vapor. Reservei o iate real para uma festa particular onde, somente pessoas de uma lista feita por mim estariam autorizadas a acessar o aparelho náutico. Timby havia me pedido três ou quatro convites para pessoas de seu círculo de amizade e eu concedi.

No dia da festa, embarcamos no píer da Base Naval de Concórdia. Fotógrafos se amontoavam para ter uma imagem exclusiva dos convidados para o banquete real e, até a hora de zarparmos a multidão parecia aumentar substancialmente. A bordo, eu recepcionava meus convidados e em especial, a madame Zullerman, alheio a toda a euforia que acontecia do lado de fora.

RAINHA CONSORTEOnde histórias criam vida. Descubra agora