º ● Capitulo 10 ● º

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POR CELESTE

Já passavam das dez da noite e nenhum sinal de Celine. Imaginei que, no mínimo, ela estava enfiada no meio do mato, pensando em algum sonho envolvendo hospital e pacientes ou sentada conversando com a Tenente Sanders sobre aqueles assuntos chatos e entediantes. Eu não tinha paciência para ficar com elas, saia assim que o nome do primeiro paciente era citado. Eu tinha mais o que fazer, do que ficar pajeando feridos.

Conferi meu visual no espelho. Arrumei mais um pouco o decote do meu melhor e mais provocante vestido. Era muito importante que a curvatura dos meus seios estivessem em evidência, afinal era a parte do meu corpo que mais atraia os olhares cobiçosos do Capitão Emor. Eu já havia reparado nisso, e por isso achei melhor lançar mão desse trunfo.

Meu reflexo no espelho era satisfatório. Quem me olhasse jamais imaginaria que aquele mulherão tinha quase dezoito anos e uma história marcada por perdas irreparáveis. Mas ao contrário de Celine, eu não me ressentia do meu destino e dos infortúnios que a vida me deu. Pelo contrário, eu agradecia imensamente, porque foi por causa deles que me tornei como sou e aprendi a ser forte e lutar pelos meus objetivos.

"Eu quero. Eu posso. Eu domino."

Proferi meu mantra, para confirmar a minha vitória daquela noite. Fosse por quantos caminhos fossem, eu chegaria longe. Eu teria e seria tudo o que eu tinha desejado. E não haveria obstáculo me impedisse.

Retoquei o batom e arrumei meus cabelos. Estava mais que perfeita para meu encontro com Frederich. Nada poderia dar errado naquela noite. Eu tinha tudo sob controle, só precisava instigar o desejo do Capitão e ele faria o que eu quisesse.

"Os homens são escravos dos seus desejos. E eu mestra em conquista-los".

E eu já havia testado as minhas habilidades. Sabia que eram eficientes. Então... Frederich Emor já era um jogo vencido.

Como Celine não chegava nunca e eu não podia esperar mais, saí da tenda e fiz o caminho até o local em que havia mencionado no bilhete. Apesar da iluminação fraca, a noite estava linda e era possível ver o céu bastante estrelado. A brisa leve da noite soprou em meu rosto e eu recebi essa carícia como um incentivo a mais para minha missão.

✤ 

- Ora, se não é o Príncipe Consorte de Concórdia, em pessoa! Devo fazer a reverência para Sua Alteza Real, o Príncipe Frederich Carl Jamie Emor? Ou apenas saudá-lo de maneira informal? - inclinei-me perante ele e quando voltei a encará-lo, encontrei sua expressão de deboche acompanhada de um olhar fulminantemente sexy.

- Vejo que a senhorita está bem humorada. Então, devo afastar a possibilidade desse encontro ser entediante e desanimador?

- Absolutamente, Capitão. Nada de tédio ou desânimo. - sorri para ele, simpática.

- Menos mal. - Ele se afastou do tronco de árvore em que estava encostado e aproximou-se de mim.

Parecia recém saído do banho e o cheiro do seu perfume atingiu-me antes mesmo que concluíssemos a aproximação final.

- Posso saber o motivo desse encontro, Celeste?

- Curioso Capitão? Essa característica não combina com vossa alteza. - provoquei.

- Celeste, eu não preciso adverti-la quanto ao uso de ironias comigo. Eu não costumo reagir bem a elas.

- E eu posso saber por que? - perguntei

- Por que ironia é ferramenta de tolo. Eu prefiro que a pessoa me diga suas ideias e pensamentos abertamente. - ele fingiu um sorriso.

- Acontece que não concordo com você. O fato de usar a ironia para responder ou provocar uma pessoa, me parece bastante sagaz e eficiente. Já que muitas vezes conseguimos atingir nosso objetivo. - falei pausadamente e encarando-o.

RAINHA CONSORTEOnde histórias criam vida. Descubra agora