◤POR CELESTE◢
- Toma, veste isso! - atirei um dos meus vestidos no colo de Celine que ainda estava sonolenta e amuada. - Se apresse ou não vamos nem tomar café da manhã.
- O que é isso? - ela abriu o tecido e olhou com estranheza.
- Algo melhor que isso que você está cobrindo seu corpo. Minha irmã, você precisa se vestir de maneira mais feminina. Não como um menino.
Ela se arrastou para um banheiro do casebre e quanto voltou parecia desconfortável e inibida.
- Eu não vou sair por aí usando isso Cele. Isso não é roupa de mulher descente. - ela puxava a barra do vestido para baixo.
- Ah não? - olhei para ela enfezando a cara.
Ela sabia que quando eu me invocava não iria deixá-la em paz e falaria até que ela fizesse o que eu estava mandando.
- E pode me dizer como você vai sair? - continuei a falar me dirigindo ao local onde ela tinha deixado as roupas dela.
Enfiei um dedo em uma das costuras malfeitas da blusa e rasguei-a totalmente transformando a peça em dois trapos. E fiz o mesmo com a saia surrada. Ela protestou, mas não tinha jeito. Se eu não começasse a fazê-la se comportar como deveria, não iria conseguir com que ela realizasse o plano que eu havia traçado para que continuasse viva.
- Cele, isso não é justo. Eu gostava daquela blusa. E eu não me sinto bem com essas suas roupas. São muito extravagantes e eu não sou assim...
- Basta Celine Marie! Você vai fazer exatamente o que eu estou mandando. - apoiei-me no encontro de uma cadeira velha do casebre. - Você não acha que conseguirá sobreviver muito tempo apenas usando seus lindos olhos como charme não é? Você não acha, que irá viver no meio de um acampamento militar, e será considerada a irmãzinha deles, acha?
Ela balançou a cabeça em negativa, e eu prossegui.
- Iremos trabalhar lá, e estaremos sujeitas a todo e qualquer tipo de situação que nossa condição nos impõe. Trate de se acostumar com essa ideia. Você precisará ser gentil, educada e atender os pedidos que lhe fizerem sem questionar.
Eu podia ver o medo em seus olhos, mas não podia continuar privando-a da realidade. Não tinha certeza se seriamos tratadas com gentilezas ou austeridades pelos homens sob o comando de Frederich. E a julgar pelo modo arrogante com que ele me recebeu a primeira vez, não acreditava que seus soldados fossem gentis e cavalheiros. Logo, Celine poderia representar um problema e o meu plano de sair de Pandora e ir para a Concórdia poderia falhar. Achei que deixando-a a par do que estava por vir, a ajudaria a compreender o restante.
- Cele, e aquele homem? De onde você o conhece? Porque falou com ele daquele jeito?
- O Capitão Emor, foi a pessoa com quem consegui falar e explicar nossa situação. Informei que por conta da guerra perdemos nosso emprego, e estávamos sem um lugar para dormir. Pedi ajuda e ele me atendeu. Afinal, eles estão aqui em missão de paz, ajudar as pessoas faz parte do serviço deles.
- E o que vamos fazer.
- Ah, Celine! Por favor! Para de fazer perguntas. - respondi revirando os olhos - Minha irmã, por favor. Apenas siga o curso das coisas. Eu prometo que vou tirar a gente dessa. Confie em mim.
Me aproximei dela e toquei o que seria dela sem mim. Talvez não tivesse sobrevivido, sendo tão frágil e despreparada. Cel, era uma moça muito inocente, e parte disso era minha culpa. Pois para protegê-la, acabei não permitindo que ela tivesse algumas experiências que ajudariam em seu amadurecimento. Tomei para mim a responsabilidade de não permitir que nada a afetasse ou atingisse. Eu gostava de vê-la sempre sorridente e sonhadora. Adorava ouvi-la contar seus sonhos e seus planos. Pois parte deles, também eram meus.
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RAINHA CONSORTE
Romance🥈2° Lugar no Concurso "Mystic Queen" do Projeto Místico (Wattpad). "Ela herdará um reino que não era seu. E um amor que lhe será negado." A vida das gêmeas Celine e Celeste está prestes a mudar completamente. Inseparáveis desde a trágica morte de s...