XIII

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Assim que o dia seguinte chegou o rei se deu conta de que Miss Karol estava certa. Ele ainda era jovem, inteligente e sua mão firme governou Áquila por muitos anos, portanto, cabia a ele decidir o tempo certo para o rumo de cada coisa que aconteceria dali por diante.

Antes mesmo do sol fraco se firmar no céu, ele já havia escrito uma carta para o pai de Paulina. Como ambos já haviam acertado tudo sobre o casamento de seus filhos há muitos anos, achou que o homem concordaria em mandar a moça para a Inglaterra. Já estava na hora de fazer valer os acordos que fez para os filhos.

Para além disso, Antonella lhe advertiu que era bom mesmo manobrar as coisas para o fim já decretado, afinal de contas não teriam nada a perder.
Por um lado ele sabia que a esposa tinha razão, mas por outro, suspeitava que essa pressa toda fosse receio por causa da recém-chegada.

Ele bem sabia que Ravi estava encantado pela jovem e, sinceramente, acreditava que logo Ruggero estaria da mesma forma.

Por isso, depois de pedir que um dos criados levasse a carta até os correios – com selo de 'urgência' ─ dirigiu-se até o quarto do filho mais novo, a fim de tratar do assunto de uma vez. Sabia que Ravi seria muito mais flexível que Ruggero.

─ Meu pai? Entre, por favor. ─ Ravi escancarou a porta, ligeiramente confuso com aquela visita tão repentina.

─ Eu te acordei?

─ Não, senhor. Eu já estava levantando. Aconteceu alguma coisa?

O rei se curvou na direção do filho e lhe deu um beijo na bochecha, então sorriu.

─ Acalme-se. Vim trazer uma boa noticia.

Ravi, sem imaginar o que poderia ter tirado o pai da cama tão cedo, franziu o cenho sonolento.

─ Pois diga, meu pai. Agora estou curioso.

─ Claro. Ainda pouco mandei uma correspondência para o Duque Wilson, pai de Paulina.

─ Algum problema?

─ De forma alguma. Eu o informei que acredito já estar na hora de adiantar o seu casamento, ademais, imagino que ele pense o mesmo. A senhorita Paulina acabou de comemorar seus dezessete anos, tem muita saúde, é inteligente e muito preparada.

O príncipe limpou a garganta, despertando totalmente.

Ravi esboçou um sorriso frágil que não se sustentou, então caminhou até a cama, apanhando o robe de seda e vestindo-o em seguida e enquanto fazia isso, muitas coisas foram se passando por sua cabeça.

─ Pai...

─ Ravi, o que houve? Não está contente? É o seu sonho assumir o trono e isso finalmente vai acontecer. Assim que se casar, Áquila passará para as suas mãos.

─ Sim, meu pai. Fico feliz que confie em mim a tal ponto e sei que está fazendo isso para o meu bem, mas...

─ Filho, não cabe um 'mas' nesse assunto.

O príncipe amarrou o cordão do robe e pousou as mãos na cintura, encarando o pai.

─ Eu gostaria de ter ficado sabendo da sua decisão, afinal o matrimônio será meu.

─ E mudaria em algo? Você sempre soube que Paulina era a sua prometida e que uma hora ou outra esse casamento aconteceria.

─ Se mudaria algo? Meu pai, o senhor fala como se eu...

─ Ravi, por acaso...

O rapaz bufou, saindo de perto do pai.

─ Eu só estou tentando dizer que não sei se quero isso. Quer dizer, não dessa forma.

A Face do AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora