XIX

490 54 1.4K
                                    

A sala principal do palácio estava tomada por buquês de rosas no dia seguinte e, aparentemente, nem a forte nevasca impedia os cavalheiros de Áquila de irem até lá deixar seus mimos para a moça que mais os chamou a atenção.

Era quase uma questão de honra para eles, afinal, todos permaneciam encantados.

Seria a segunda noite do baile e os rapazes desejavam ter uma boa desculpa para chegar até a moça, mesmo que fosse apenas para perguntar sobre as flores.

Com uma expressão de desagrado, Ruggero observava todo aquele amontoado de rosas e refletia o motivo de tanto alvoroço, visto que Miss Karol quase não falou com nenhum deles, ademais, ela nem deveria estar interessada.
O príncipe se sentia agoniado com tantos idiotas perambulando por ali.

Do outro lado da sala, aproximando-se do batente da porta, Ravi viu o irmão e já ia dar meia volta, mas foi chamado por ele que estranhou a atitude do rapaz.

─ Bom dia, irmão.

─ Bom dia, Ruggero.

─ Aconteceu alguma coisa? Sua cara está péssima.

Ravi limpou a garganta enquanto ia adentrando a sala, sem desejar se demorar por ali.

─ Estou com um pouco de pressa. Deseja algo?

─ Não. Na verdade, eu te chamei porque percebi que ia embora sem falar comigo. Tem certeza que está tudo bem?

─ Perfeitamente.

Ruggero franziu a testa, unindo as sobrancelhas ligeiramente.

─ E porque será que eu não acredito nisso?

─ Isso é problema seu. ─ Ravi assentiu friamente. ─ Mais alguma coisa? Eu realmente estou apressado, preciso ir à cidade.

─ Ravi, porque está me tratando desta forma? Eu pensei que tínhamos voltado às boas.

─ Irmão, você não é a única pessoa nesse reino que pode acordar de mau humor ou com dor de cabeça. Hoje não está sendo um dia muito agradável para mim, há muitos compromissos a cumprir.

─ Mas sempre foi assim. ─ Ruggero se aproximou dele, então o outro deu um passo para trás. ─ Diga-me, seja sincero, eu fiz algo que o magoou? Você sabe que é a última pessoa que desejo ferir.

Uma risadinha gélida escapou dos lábios avermelhados do príncipe mais novo.

─ É uma colocação bem importante, irei me lembrar disso, entretanto, não aconteceu nada. Eu só estou com muitas coisas para resolver e usufruo de pouco tempo.

─ E eu posso ajudá-lo?

─ Temo que não, porque alguns detalhes do casamento apenas eu posso resolver.

Ruggero arregalou os olhos, pego de surpresa.

─ Casamento? Como assim?

─ Está espantado? Ambos sabemos de nossas obrigações. Apenas decidi adiantar meu matrimônio com a duquesa Paulina. É o correto.

─ Estás brincando?

─ E porque eu faria isso?

O irmão mais velho negou com a cabeça; estava desnorteado.

─ Ravi, você não quer isso. E-eu sei que... Bom, eu sei que manter os acordos é indispensável para você, mas não precisa fazer isso. Quer que eu fale com o nosso pai? Talvez eu possa...

─ Ruggero, por favor, não se meta nisso. A escolha foi absolutamente minha e o nosso pai vai me ajudar.

─ É claro que ele vai, porque é do interesse dele! – Ruggero retrucou, nervoso. ─ Irmão, você não pode se deixar dominar assim! Vamos, reaja! Não precisa se casar com uma moça que não ama, que sequer conhece!

A Face do AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora