XLV

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Poucos dias depois...

Caro Leitor, ao decorrer de quarenta e tantos capítulos te vi como uma parte minha e das minhas anotações; você conhece Áquila pelos meus olhos e pelas minhas palavras. Que fabuloso! Espero que esteja gostando.

Mas vamos ao que interessa...

Hoje estou especialmente animada para continuar nossa aventura tão... intensa!

Há tanto o que contar dos últimos acontecimentos nesse reino loucamente movimentado. Parece que as pessoas nem param para respirar. E como boa observadora, cá estou eu anuindo mais e mais trechos a esse caderno de confabulações sobre as inúmeras coisas que permeiam os mistérios de Áquila.

Sim, querido Leitor, a famigerada Face do Anjo ainda anda pelas sombras da nossa cidade, aumentando as agonias de quem foi solicitado a surtar por alguma coisa que tal pessoa lhe disse.
Como boa observadora, devo dizer que estão ruindo por muito pouco, afinal a honrosa face angelical nem deu a cartada final.
Temo que essa pessoa aguarde pacientemente o momento certo.

Sinto-me nervosa!

Porém, deixando um pouco de lado meus próprios sentimentos alvoroçados, vamos retornar à cidade, ao movimento absurdo das ruas que estão atropeladas de madames nervosas, justamente porque a nova rainha decidiu fazer um baile de máscaras dali dois dias, afirmando que seria para comemorar o inicio das obras da nova escola para moças de Áquila.

Um baile pomposo que também ajudaria a limpar a péssima imagem do rei.

Por falar no monarca...

Ravi ainda continua muito amado pelo povo, afinal não se destrói um afeto tão forte quanto o que ele plantou a vida inteira, entretanto, as relações andam estremecidas, principalmente porque o rei quase não aparece para o povo; o rapaz anda sempre apressado, vira e mexe cumprimenta um ou outro, mas sempre rapidamente.

Ele ainda precisa da bengala para andar, mas sua cara desfigurada já melhorou o suficiente para que abrisse o outro olho.
Seu rosto está voltando aos eixos.

Mas, permita-me uma fofoca, o que não parece ter voltado aos eixos é a relação dos irmãos que nunca mais se falaram, evitando até de respirar no mesmo ambiente. E admito que isso me deixa mais ansiosa para o baile.

O baile da rainha. Uma rainha que tem subido muito no conceito da maioria da população.

Ao contrário do rei, Sua Majestade e o cunhado, o Príncipe Ruggero, vivem na obra da escola, sempre sorridentes, falando com todos, distribuindo comida em pontos de doação espalhados por alguns lugares da cidade; eles realmente estão sendo vistos como anjos para o povo, especialmente para aqueles que quase não tem o que comer.

Uma nova era começou em Áquila.

Há claro um venenoso burburinho sobre a relação tão próxima da rainha e do cunhado, mas eles estão sempre acompanhados de um casal adorável e muito bem visto por todos: Theodoro e Nelly.
Todavia, é bem estranha a relação da monarca e do esposo.

Amar a rainha não faz de Ravi sua principal preocupação.

Ao que tudo indica - e Deus me perdoe se for um equivoco ─ é que a duquesa da França, Kendra Durand, anda sendo bastante criticada pela ex-rainha, Antonella.
A jovem já havia bebido o suficiente para transbordar o lago que rodeia o Bosque das Sombras; é como se o álcool foi uma boa escapadela para a frieza do noivo que sequer falava sobre o casamento.

A Face do AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora