XXIII

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─ Delfino, vá buscar a Estrela, por favor. ─ Ravi pediu enquanto calçava as luvas.

Ele ainda estava ligeiramente nervoso pela conversa que teve com Ruggero, mas esperava que o irmão o entendesse e o apoiasse, da mesma forma que ele o apoiaria, caso fosse ao contrário.
Ravi queria sair para cavalgar para pensar um pouco, repassar mentalmente a conversa que queria ter com a mãe e o que também queria dizer para Miss Karol.

De toda forma, não dava para fugir.

Sabia que se precipitou ao mandar buscar Paulina, porém foi a decisão mais fácil na ocasião. Estava ciente de que teria que mandar uma carta para o pai dela e explicar toda a situação. Porque esse casamento não poderia acontecer de nenhuma forma.

Acertaria tudo o mais breve.

Se Miss Karol o amava, não havia motivos para esperar.

─ Alteza?

Ele sequer precisava se virar para saber que era ela. E sabendo que era ela, já começou a sorrir.

─ Miss Karol. Que prazer em vê-la.

A moça fez uma reverência, esboçando um lindo sorriso pra ele.

─ O prazer é todo meu. Como vai? Admito que o estava buscando.

─ Precisa de algo? Seja o que for, farei.

─ Ó, não... Eu só queria saber como o senhor estava. Digo, depois da nossa conversa ontem eu não sei se...

─ Meus sentimentos não mudaram. ─ Ravi se adiantou, desejando tocá-la e provar que o que sentia era real, mas havia muitos guardas por ali, além de alguns criados. ─ Nada mudou.

Isso era tudo o que ela precisava ouvir, mas se conteve.

─ Fico contente! O senhor não imagina como fiquei nervosa, nem consegui dormir. Eu só pensava...

─ No que pensava?

─ Em você.

Ravi sentiu o rosto esquentar.

─ Meu único pensamento é a senhorita. Sempre.

Ela sabia disso.

─ As suas palavras são sempre lindas.

─ Igualmente os sentimentos que a senhorita desperta em mim. Mas, não acha que deveria entrar no castelo? Está muito frio, pode se resfriar.

─ Poderia me fazer companhia, então? Estou me sentindo um pouco solitária hoje.

─ Na verdade, eu estava indo cavalgar um pouco, pensar... Imagino que saiba que agora as coisas mudarão. Concorda?

Miss Karol assentiu prontamente.

─ Perfeitamente, Alteza. E estou ansiosa por isso.

─ Eu também. Mas antes disponho de muitas coisas para resolver, colocar em seus devidos lugares. Então preciso pensar.

─ Compreendo. Não quero atrapalhá-lo.

─ A senhorita nunca me atrapalha. ─ Ravi não queria perder a companhia dela. ─ Estou indo cavalgar em um campo aberto que fica por trás do castelo. Gostaria de ir? É muito bonito e apesar da neve, acredito que irá gostar. Mas se não quiser, entenderei.

─ É claro que eu quero. Com certeza. Apenas irei vestir uma capa e calçar as luvas, mas já volto. Pode me esperar?

─ Sem dúvidas. ─ Ele abaixou a cabeça a cumprimentando e a senhorita se foi, satisfeita.

A Face do AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora