XXXIV

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Ravi adentrou a sala de visitas bufando como um animal raivoso. Já havia perambulado por boa parte do castelo, mas não encontrou Karol. Sequer Nelly sabia de sua senhorita, tendo em vista que disse ao príncipe que também iria procurar e qualquer avisaria.

O problema era que Ravi também não tinha visto Ruggero e isso o deixou mais angustiado.

─ Onde está o meu irmão? Cadê o Ruggero?

─ Você deveria estar mais preocupado com a sua prometida que foi levada para o quarto lá em cima como uma mala velha! Como pôde tratá-la com tanta indiferença? A duquesa foi criada para ser tratada como uma jóia preciosa. Que vergonha, Ravi. Que vergonha! ─ Antonella bebericou o resto de vinho da taça que trouxera da sala de jantar, então se sentou no sofá, cruzando as pernas com elegância.

Bruno esfregou o rosto, estava exasperado.

─ Foi uma cena ridícula. ─ Comentou o rei.

─ Eu não me importo com a duquesa. Aprendi a ser um cavalheiro, mas isso iria além do que posso suportar. ─ Ravi desabafou furioso. ─ Eu sempre dei o meu melhor para agir corretamente com todos, sempre benevolente, mas estou cansando! Quem disse a senhora que podia trazê-la e estragar meu noivado? Foi uma grande brincadeira de mau gosto da sua parte, mamãe!

─ Não fale assim comigo, Ravi! Antes de tudo lembre-se que sou a sua mãe.

─ Então se lembre de porta-se como tal! ─ Rebateu injuriado.

─ Já chega os dois! ─ Bruno guinchou desnorteado. ─ Isso daqui é uma família. Não podem agir como se fôssemos inimigos, pelo amor de Deus!

Ravi deixou escapar uma risada de deboche, então pousou as mãos na cintura.

─ Perdoe-me, mas não estou disposto a ter uma reunião com essa grande corporação que chamam de família. Neste momento só desejo saber onde a minha noiva está, porque a coitadinha ficou magoada com os impropérios da minha mãe.

─ Eu não sabia que os rapteis venenosos como ela, que claramente possuem sangue frio, são capazes de se magoar. ─ Antonella riu da própria piada. ─ Já procurou no quarto de algum subalterno do palácio? Ela pode estar envolta nos lençóis de qualquer um deles.

─ CALE A BOCA, MÃE!

─ EU PROIBO QUE GRITE COMIGO! ─ Berrou a rainha, atirando a taça longe, fazendo-a se estilhaçar; por fim ficou de pé, encarando o filho. ─ Eu sempre te dei tudo o que você quis. Daria a minha vida para te ver feliz, realizado. Então não admito que me trate desta forma por causa de uma rameira ambiciosa!

─ Antonella, já chega! ─ Bruno gritou, pondo-se entre os dois. ─ Vocês estão perdendo a razão. Parem! Acabou essa briga horrorosa. Vocês são mão e filho, por Deus!

Ravi empurrou a mão do pai que estava em seu ombro.

─ Cadê o Ruggero? Eu não o vi em lugar algum. Cadê ele?!

─ Se me permite... ─ Theodoro pigarreou, adentrando a sala. Ele assim como todos os criados havia escutado a discussão. ─ O príncipe estava na cozinha, parecia um pouco confuso, então o levei para o quarto, além do mais, ele tinha um remédio para tomar. Fiz mal?

O cortesão sabia que era mentira. Sabia por que Nelly havia pedido a sua ajuda. Ele tinha perfeita consciência de que Ruggero estava com a noiva do irmão, sozinhos, no jardim. Mas jamais diria.

─ Não está mentindo, não é, Theodoro? ─ Os olhos avermelhados de Ravi fitavam o jovem rapaz com atenção. ─ Você sempre foi expert em cobrir as safadezas do meu irmão.

A Face do AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora